"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ÚLTIMAS PALAVRAS | BM

"Pouca fé é necessária para nos levar ao céu, mas muita fé é necessária para trazer o céu à terra".
Frase creditada a Martinho Lutero

Será possível avaliar a vida de alguém por suas últimas palavras? Por que nos interessamos tanto pelo que as pessoas dizem antes do último suspiro? Meu amigo Antônio Leite imita muito bem um personagem de uma novela dos anos 70 na qual a trama é de um moribundo tentando contar a sua família um segredo, Albertinho é seu neto e sem essa revelação Albertinho não irá participar de sua herança, o segredo é revelado como o último suspiro.

JESUS VEM, PREPARA-TE! A foto acima foi tirada no pé da ponte do Pina, na entrada de Boa viagem. É um verdadeiro Outdoor evangélico e tem muito haver com uma forte teologia dos nossos irmãos assembleianos. Esta frase não está na bíblia mas diz muito. Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu após a Sua ressurreição e antes de sua ascenção que voltaria.

O DIA DO SENHOR é o nome dado na Bíblia quando isto acontecer, neste dia os mortos ressuscitarão e todos verão com seus próprios olhos, a glória e a majestade de Jesus. Neste dia todos os salvos serão transformados, serão como Jesus é, e irão encontrar com Ele nas nuvens. Estes não provarão do juízo de Deus que certamente virá. E os que não reconheceram Jesus como o Cristo de Deus, para onde vão? Bom, segundo a bíblia irão ser julgados e condenados e irão para o lago de fogo e enxofre, PREPARADO (projetado) para o diabo e seus anjos.

Eu pessoalmente creio que isto é uma realidade, nosso Senhor começou seu ministério com o mote do Seu predecessor João Batista, "...O tempo é chegado, o Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas" (Mc 1.15). Ali Jesus deflagra o Reino eterno de nosso Deus, as portas do Reino de Deus estão abertas, a humanidade é convidada as bodas do Cordeiro, mas é só para escapar do Juízo vindouro que nos submetemos ao senhorio de Deus e Seu Cristo? É o medo que nos aproxima do Deus vivo, ou de fato ele nos afasta? O outro João, aquele conhecido como apóstolo do amor, disse: "No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor" (I Jo 4.18).


O Evangelho de Jesus Cristo é muito mais que um passaporte para o céu, com bilhete de ida garantido. Jesus é muito mais que este pensamento; "Não viva sem Cristo, mas principalmente não morra sem Ele". "Jesus é o Verbo de Deus... Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e sem Ele nada do foi feito se fez... A Luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade... E a todos que o receberam, deu-lhes o poder de serem filhos de Deus: aos que creêm no seu nome" (Jo 1.1-18). Não existe vida fora de Jesus! morrer sem Ele é uma triste consequência de quem desperdiçou sua única existência.

Jesus vai voltar em breve, hoje está mais perto do que ontem, Ele realmente falou e profetizou sobre sua segunda vinda, justamente quando estava prestes a realizar o sacrifício que nos redimiu, foram assim por dizer as suas últimas palavras. Ele queria nos avisar dos difíceis dias que viriam e da necessidade de permanecer firme.

Mas após ressurreto Jesus enviou seus discípulos a proclamarem o Reino de Deus, por onde quer que eles fossem, dando a eles poder e capacitando-os a viver como Ele viveu. O mesmo Espírito que esteve sobre Jesus agora estava disponível para que aqueles que oram "Seja feita a Tua vontade na minha vida como é feita em Jesus", para todos que se deixam governar por Ele. "Quem está em Cristo nova criatura é, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo", disse o apóstolo Paulo, um ex-perseguidor de Cristo e de sua Igreja. Em Cristo temos perdão, nova vida, propósito e esperança.

O que você gostaria que fosse dito a respeito de você no dia do seu enterro? Esta foi uma pergunta feita no Seminário Vivendo Com Propósito pelo Pr. Ed René para todos os participantes. Se você pudesse pensar sobre suas últimas palavras, ou o que seria escrito no seu epitáfio, o que você diria? A pergunta choca porque a morte é sempre um agente estranho, mas é algo que vamos ter passar se Cristo não voltar antes, esta é uma pergunta válida porque ela me faz pensar que tipo de vida estou levando e qual legado deixarei. Eu penso que uma reflexão mais importante ainda seria o que Deus pensa sobre mim, o que Deus diz hoje a meu respeito?

Paulo sabendo que seus dias estavam chegando ao fim, disse: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda" (2 Tm 4.6-8). Quando chegar a minha hora gostaria de ter algo parecido para dizer, mas por causa das últimas e mais perfeitas palavras que já houveram: "ESTÁ CONSUMADO" (melhor é o fim das coisas, do que o seu início). Eu sei que se palavras me faltarem minha alma já me contou o que dirá: "Pai em tuas mãos entrego o meu espírito".
BM

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

HÁBITOS QUE TRANSFORMAM por Ricardo Barbosa

"Assim como é necessário revigorarmos o corpo com alimentação freqüente, assim também temos de restaurar a alma por nos alimentarmos do Livro de Deus, por ouvirmos a Palavra pregada e por nutrirmos nossa alma na mesa da adoração e do louvor".
C H Spurgeon

Em 1989, o reverendo John Stott veio ao Brasil para falar num dos congressos da VINDE -- Visão Nacional de Evangelização. Depois de uma de suas palestras, nos reunimos para conversar com ele. Era um grupo pequeno de jovens pastores, sentados em torno de um dos maiores expositores bíblicos da nossa geração, perto de completar 70 anos. A conversa seguiu animada. Ele nos deu liberdade para perguntas pessoais e, entre outras, não faltaram aquelas sobre o porquê de não se casar.


Porém, de todas, guardei apenas a resposta que ele deu quando lhe perguntaram sobre a razão do seu longo ministério tão frutífero. Ele respondeu: “Leio a Bíblia e oro todos os dias, vou à igreja todos os domingos e nunca falto à celebração da Eucaristia”. A resposta foi surpreendente por sua simplicidade.

Sabemos que ler a Bíblia e orar todos os dias, ir aos cultos e participar da Ceia nunca foram, por si só, sinais confiáveis de espiritualidade, muito menos um caminho seguro para a maturidade. Muitas pessoas fazem isso por puro legalismo. Por outro lado, sabemos também que não fazer nada disso é um caminho seguro e certo para o fracasso espiritual.

O doutor James Houston, criticando o abandono da leitura devocional em nossos dias por uma literatura funcional e pragmática, afirma: “Os hábitos de leitura do chiqueiro não podem satisfazer a um filho e aos porcos ao mesmo tempo”. Ao usar a imagem da Parábola do Filho Pródigo, ele nos chama a atenção para o risco de nos acostumarmos com a vida do chiqueiro. Para Houston, as práticas devocionais nos ajudam a perceber que existe algo maior e mais excelente na vida de comunhão com o Pai.

O reverendo A. W. Tozer (1897-1963) escreveu um artigo afirmando que “Deus fala com o homem que mostra interesse”, e que “Deus nada tem a dizer ao indivíduo frívolo”. Mais do que cultivar o hábito de ler a Bíblia, orar e participar do culto, o que na verdade fazemos quando cultivamos estas práticas devocionais é demonstrar o interesse vivo que temos por Deus e por sua Palavra.

Da mesma forma como a vida necessita do básico (ter o suficiente para comer e vestir, onde descansar), a natureza da vida espiritual repousa sobre o que é essencial (Bíblia, oração, comunhão, adoração e missão). São esses hábitos básicos que nos colocam no lugar onde podemos experimentar a graça de Deus e crescer.

Há hoje muita oferta para a vida e para a espiritualidade. A sedução do supérfluo despreza o essencial. Vivemos o grande perigo de negar o básico, achando que podemos experimentar a graça de Deus e provar sua bondade e amor sem nos aquietar e deixar que sua Palavra molde nosso caráter, que a oração fortaleça nosso espírito e que a comunhão nos sustente em nossa identidade como povo de Deus.

As disciplinas espirituais básicas cultivadas pelo reverendo Stott ao longo de sua vida formaram seu caráter como cristão. Nada pode substituir a prática diária da oração nem a leitura devocional das Escrituras. Nada substitui o valor do culto comunitário nem o mistério da Eucaristia. O cultivo destas disciplinas requer de nós não apenas tempo e perseverança, mas também humildade e coragem para sermos transformados pelo poder de Deus.

Deus não nos chamou para a realização pessoal, mas para a comunhão pessoal e íntima com ele e o próximo. Deus não nos chamou para sermos operários agitados do seu reino, mas para amá-lo e amar ao próximo de todo o coração. Os hábitos devocionais libertam-nos da “normalidade” do chiqueiro e nos transportam para uma existência de comunhão com Deus que enobrece a vida. São estes hábitos que preservam nossos olhos voltados para o alto, para que, aqui na terra, nossa existência ganhe a grandeza dos ideais divinos.

As práticas devocionais fazem parte do processo formativo da alma diante de Deus. Precisamos cultivá-las a fim de permanecermos em sintonia com o reino de Deus, que molda o nosso caráter em Cristo. É a palavra de Deus que devolve a vida aos “ossos secos” da agitação moderna.

Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O PAI PRÓDIGO por Hudson Roza

O que é ser pródigo? É ser esbanjador, gastar sem limites o que se tem. Nesse sentido, o pródigo da estória é o Pai, que não limitou a sua capacidade de amar no acolhimento surpreendente ao filho rebelde. A tristeza (de ver o filho partir e a herança pedir), a saudade ( na esperança de esperá-lo diariamente na varanda) e a alegria do Pai ( de ter o filho de volta) são perceptíveis nesse itinerário.

Parábola que busca mostrar a grandeza inesgotável do amor de Deus por cada um de nós que tantas vezes nos afastamos dele, tal e qual os filhos representados na parábola. Seja o filho mais novo que foge, pede a herança (e então a morte do pai), seja o mais velho que sente inveja do irmão e sente-se “esquecido” pelo pai.

É bom sentir-se acolhido, na surpresa do amor. É como aquele filhinho que apronta algo de errado e teme que a mãe (ou pai) descubra. Mas quando percebe que a mãe não o culpa, mas o abraça, brota o arrependimento e um novo desejo de viver sob o impulso vital daquele abraço, daquele amor.

Esta figura acima, o quadro "A volta do Filho Pródigo" de Rembrandt, mostra o pai que acolhe o filho. Teriam muitos detalhes para se comentar, mas um em especial destaco: o detalhe das mãos do pai. Elas tem um aspecto masculino (mão esquerda ) e também feminino (mão direita), para dizer que Deus tem a ternura de uma mãe e não só a severidade de um pai, ou melhor, a severidade paterna é demonstrada através de uma ternura materna em Deus. Deus foge da lógica humana, Ele sempre vai além com aquilo que ele é e tem: AMOR.

Deixemo-nos amar por Deus, deixemo-nos abraçar por Ele, sem pressa, sem raciocinar muito, apenas sentir no coração esse amor. Se quisermos falar alguma coisa pra Ele, que seja através das nossas lágrimas, elas que são a linguagem do coração. Nelas, um coração arrependido e, sobretudo, agradecido por tão grande amor Humano e Divino.

Quando somos amados por Deus aurimos dEle uma capacidade para amá-Lo no afã de também querer amar os que fazem parte da nossa vida e os que ainda precisam fazer, precisam ser acolhidos por nós e também precisamos deixarmo-nos acolher.

Enfim, sabe retornar e voltar aquele que não partiu de vez, aquele que conscientemente lembrou-se do lugar seguro, da "casa do amor". E como rezam os judeus: "a lembrança é o orgão da fé e do amor". Lembrar de Deus e da segurança cordial que Ele proporciona já é uma maneira de retornar e querer ficar.

O amor... a força que dinamiza a vida.



PAI PRÓDIGO

Muito mais pródigo que o filho foi o pai

Porque agiu de forma inesperada.

Agiu de forma errada, nem o próprio filho esperava.


Aquele filho queria ser apenas servo

Porque teve consciência do erro cometido,

Mas logo que à casa retornou

Percebeu que o pai errou porque o acolheu como filho.


-“Esse pai é pródigo, como pode me aceitar?!...

Eu que desejei sua morte pedindo já a herança...

Abraça-me, acolhe-me e não faz nenhuma cobrança”.


Esse pai é pródigo...

Porque não limita o seu amar.

Esse “erro” concertou o erro do filho.

Ele tinha fome e na casa do pai viu uma solução para fome acabar.

Mas quando pelo pai deixou-se abraçar,

Não foi mais a barriga, mas foi o coração a gritar.


Nesse grito um coração arrependido

Surpreendido pelo amor desmedido

do Pai pródigo por amor.

Coração que devolveu o que tinha se perdido

A dignidade de filho, que O encontrou e se reencontrou.


Escrito por Hudson Roza
http://hudsonroza.zip.net/arch2010-03-01_2010-03-31.html

...
No mesmo tom:
http://edrenekivitz.com/blog/2011/01/entre-liberdade-amor/


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A VELHA E A NOVA CRUZ por A W Tozer

Sem fazer-se anunciar e quase despercebida uma nova cruz introduziu-se nos círculos evangélicos dos tempos modernos. Ela se parece com a velha cruz, mas é diferente; as semelhanças são superficiais; as diferenças, fundamentais.

Uma nova filosofia brotou desta nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica — um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Este novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior.

A velha cruz não fazia aliança com o mundo. Para a carne orgulhosa de Adão ela significava o fim da jornada, executando a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; pelo contrário, é sua amiga íntima e, se compreendemos bem considera-a uma fonte de divertimento e gozo inocente. Ela deixa Adão viver sem qualquer interferência. Sua motivação na vida não se modifica; ele continua vivendo para seu próprio prazer, só que agora se deleita em entoar coros e a assistir filmes religiosos em lugar de cantar canções obscenas e tomar bebidas fortes. A ênfase continua sendo o prazer, embora a diversão se situe agora num plano moral mais elevado, caso não o seja intelectualmente.

A nova cruz encoraja uma abordagem evangelística nova e por completo diferente. O evangelista não exige a renúncia da velha vida antes que a nova possa ser recebida. Ele não prega contrastes mas semelhanças. Busca a chave para o interesse do público, mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; mas, pelo contrário, oferece a mesma coisa que o mundo, somente num plano superior. O que quer que o mundo pecador esteja idolizando no momento e mostrado como sendo exatamente aquilo que o evangelho oferece, sendo que o produto religioso é melhor.

A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. Ela o faz engrenar num modo de vida mais limpo e agradável, resguardando o seu respeito próprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se arrogante a favor de Cristo"; e declara ao egoísta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que busca emoções, chama: "Venha e goze da emoção da fraternidade cristã". A mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda corrente a fim de torná-la aceitável ao público.

A filosofia por trás disto pode ser sincera, mas sua sinceridade não impede que seja falsa. É falsa por ser cega, interpretando erradamente todo o significado da cruz.

A velha cruz é um símbolo da morte. Ela representa o fim repentino e violento de um ser humano. O homem, na época romana, que tomou a sua cruz e seguiu pela estrada já se despedira de seus amigos. Ele não mais voltaria. Estava indo para o seu fim. A cruz não fazia acordos, não modificava nem poupava nada; ela acabava completamente com o homem, de uma vez por todas. Não tentava manter bons termos com sua vítima. Golpeava-a cruel e duramente e quando terminava seu trabalho o homem já não existia.

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não existe comutação de pena nem fuga. Deus não pode aprovar qualquer dos frutos do pecado, por mais inocentes ou belos que pareçam aos olhos humanos. Deus resgata o indivíduo, liquidando-o e depois ressuscitando-o em novidade de vida.

O evangelismo que traça paralelos amigáveis entre os caminhos de Deus e os do homem é falso em relação à Bíblia e cruel para a alma de seus ouvintes. A fé manifestada por Cristo não tem paralelo humano, ela divide o mundo. Ao nos aproximarmos de Cristo não elevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a deixamos na cruz. A semente de trigo deve cair no solo e morrer.

Nós, os que pregamos o evangelho, não devemos julgar-nos agentes ou relações públicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. Não devemos imaginar que fomos comissionados para tornar Cristo aceitável aos homens de negócios, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna.
Não somos diplomatas mas profetas, e nossa mensagem não é um acordo mas um ultimato.

Deus oferece vida, embora não se trate de um aperfeiçoamento da velha vida. A vida por Ele oferecida é um resultado da morte. Ela permanece sempre do outro lado da cruz. Quem quiser possuí-la deve passar pelo castigo. É preciso que repudie a si mesmo e concorde com a justa sentença de Deus contra ele.

O que isto significa para o indivíduo, o homem condenado que quer encontrar vida em Cristo Jesus? Como esta teologia pode ser traduzida em termos de vida?
É muito simples, ele deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e depois esquecer-se de si mesmo. Ele não deve encobrir nada, defender nada, nem perdoar nada. Não deve procurar fazer acordos com Deus, mas inclinar a cabeça diante do golpe do desagrado severo de Deus e reconhecer que merece a morte.

Feito isto, ele deve contemplar com sincera confiança o Salvador ressurreto e receber dEle vida, novo nascimento, purificação e poder.
A cruz que terminou a vida terrena de Jesus põe agora um fim no pecador; e o poder que levantou Cristo dentre os mortos agora o levanta para uma nova vida com Cristo.

Para quem quer que deseje fazer objeções a este conceito ou considerá-lo apenas como um aspecto estreito e particular da verdade, quero afirmar que Deus colocou o seu selo de aprovação sobre esta mensagem desde os dias de Paulo até hoje.
Quer declarado ou não nessas exatas palavras, este foi o conteúdo de toda a pregação que trouxe vida e poder ao mundo através dos séculos, os místicos, os reformadores, os revivalistas, colocaram aqui a sua ênfase, e sinais, prodígios e poderosas operações do Espírito Santo deram testemunho da aprovação divina.

Ousaremos nós, os herdeiros de tal legado de poder, manipular a verdade? Ousaremos nós com nossos lápis grossos apagar as linhas do desenho ou alterar o padrão que nos foi mostrado no Monte? Que Deus não permita!
Vamos pregar a velha cruz e conhecermos o velho poder.

A.W. Tozer

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

OS ADULTOS E AS CRIANÇAS NA FÉ por Osmar Ludovico

Vivemos um momento de grande expansão da Igreja 'Evangélica' no Brasil. Um crescimento sem precedentes alcançando todo o Brasil. Caminhamos pelas principais avenidas das grandes cidades e nos deparamos com muitas igrejas, novas e antigas denominações. Nas pequenas cidades também, no campo, na praia, em todo lugar encontramos crentes. Ligamos o rádio e a TV, e são incontáveis os programas que anunciam o Evangelho. Há convertidos desde as camadas mais humildes da população até as mais abastadas. O movimento evangélico é visto como um segmento que movimenta milhões de reais no mercado editorial, fonográfico e de outros bens e serviços religiosos.

Urge, no entanto, um alerta quanto à qualidade, profundidade e alcance social deste movimento. Um deles diz respeito à leitura da Bíblia. Sabemos que crescemos no amor e no conhecimento de Deus através do estudo e aplicação das Sagradas Escrituras. O que vemos é uma oferta extraordinária de cultos, reuniões, seminários, conferências e encontros, em todo lugar, todos os dias da semana. Isto não significa que o povo está sendo instruído adequadamente nas Escrituras. Senão vejamos: a maior parte dos crentes depende de líderes e pastores que lhe expliquem a Palavra. Esta é uma necessidade premente para novos convertidos, mas o que dizer dos crentes com cinco, dez ou mesmo vinte anos de vida cristã?

Existe a idéia de que Deus fala primeiro e através de homens e mulheres que estudaram num Seminário Teológico e receberam alguma ordenação formal. Estes líderes treinados nas línguas originais, na exegese, na hermenêutica e homilética se tornam intérpretes da Palavra de Deus para a maior parte dos crentes. E passam a impressionar muito mais pela sua oratória, retórica e erudição do que pelo conteúdo e pela vida.

De um lado, vemos crentes que se acomodam sem desenvolver uma prática pessoal de estudo bíblico para que Deus fale com eles diretamente. Tornam-se dependentes de líderes para lerem suas Bíblias, só ouvem a voz de Deus de segunda mão, e não mais cultivam uma relação pessoal com Aquele que pode falar diretamente com eles através de sua Palavra. Do outro lado, vemos pastores e líderes que pregam e ensinam seis, sete vezes por semana e se tornam profissionais da Palavra. Depois de dez, vinte anos fazendo isso, já não lêem mais a Bíblia para si mesmos e não precisam sequer orar para preparar um sermão.

Então retornamos àquilo que a Reforma pretendeu reformar, o clericalismo. Apesar de nos acharmos diferentes da Igreja Católica, não somente temos nossos sacerdotes cuja oração e revelação são praticamente inatingíveis para a maior parte dos crentes, como também temos nossa hierarquia com bispos e apóstolos. O mesmo fenômeno ocorre no louvor, onde a figura do dirigente ocupa este lugar de intermediação entre Deus e os homens.

Acontece, então, como nos ensina a Bíblia, que crentes há um certo tempo, que poderiam se nutrir de alimento sólido, permanecem tomando leite. O alimento sólido é para o adulto, que sai de casa, vai para a feira, escolhe os ingredientes, volta, prepara, cozinha e leva a refeição à mesa, considerando uma dieta balanceada de proteínas, carboidratos, sais minerais e vitaminas. O leite, não, é uma mamadeira dada por alguém, fácil de digerir, alimento para crianças. Quando não temos uma vida devocional pessoal, de oração e estudo das Escrituras, transferimos para os líderes a função de nos nutrir.
E assim continuamos tomando mamadeira.

É tempo de a Igreja ensinar que não precisamos de intermediários para ouvir a voz de Deus. Reconhecemos nossos pastores e líderes como aqueles que Deus levanta para orientar e guiar, e cuja função principal é a de amadurecer os crentes, tornando-os adultos na fé. Que não sejamos mais infantis, dependendo da instrução e dos limites de líderes, mas cresçamos como adultos, andando com nossas próprias pernas na fé, na esperança e no amor.

Osmar Ludovico, extraído do livro “MEDITATIO”, de São Paulo, Mundo Cristão – 2007 , Páginas 146-148.