"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

sábado, 29 de janeiro de 2011

A FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS por René Padilla - Parte 2

O mandato de Jesus Cristo é claro: "Fazei discípulos... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mt 28.19,20). Sabemos que o conteúdo do ensino sobre a formação de discípulos não é apenas teórico. Sem negar a importância da da doutrina ou da teologia, a ênfase recai na prática do ensinamento de Jesus Cristo - a prática da verdade. Com o batismo inicia-se um processo de transformação que abarca a totalidade da vida; um processo de aprendizagem do que significa a obediência ao ensinamento de Jesus Cristo, isto é, à vontade de Deus. Sem obediência à vontade de Deus não há discipulado genuíno. sob a perspectiva bíblica, a ortopraxia, a obediência a tudo o que Jesus ordenou as seus discípulos, é no mínimo tão importante quanto a ortodoxia - se não for mais, já que sua meta é que os discípulos vivam em função do amor e assim sejam filhos do Pai que está nos céus, perfeitos, assim como Ele é perfeito (Mt 5.45,48).

Os discípulos de Jesus não se distiguem por serem meros adeptos de uma religião (um culto a Jesus), mas sim por terem um estilo de vida que o reflete o amor e a justiça do reino de Deus. Portanto, a igreja não pode limitar-se a proclamar uma mensagem de 'salvação da alma': sua missão é fazer discípulos que aprendam a obedecer ao Senhor em todas as circunstâncias da vida diária, tanto no privado (em casa) como no público (e na rua), tanto no pessoal como no social, tanto no espiritual quanto no material. O chamado do Evangelho é um chamado a uma transformação integral que reflita o propósito de Deus de redimir a vida humana em todas as suas dimensões. Uma transformação... centrada em Jesus Cristo e orientada para o cumprimento do desejo de Jesus de que seus discípulos sejam "sal da terra" e "luz do mundo".

Assim entendido, o discipulado tem um custo inevitável. E um aspecto deste custo é a renúncia a tudo que interfere na lealdade absoulta a Jesus Cristo como (o) Senhor, Ele mesmo definiu as condições do discipulado...

A formação de discípulos à imagem de Cristo acontece no contexto da comunidade de fé, não fora dela. Jesus diz: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13.35). É claro que para Jesus, a marca do discípulo é o amor. No entanto, ninguém pode aprender a amar estando isolado dos demais. Efetivamente, a experiência do amor de Cristo, que segundo Paulo, Excede todo entendimento" só é possivél com "todos os santos" (Ef 3.18-19). Só é possivél na igreja , ' a família de Deus', onde os discípulos aprendem a amar, mas também a servir, a orar, a resistir o mal, a cultivar o bem. Na igreja, o C0rpo de Cristo, onde os discípulos descobrem e exercem seus dons e crescem para chegar "à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.13).

Para iniciar o caminho do discipulado é preciso arrependimento, ou seja, uma decisão pessoal que envolve a renúncia irrevogável a uma vida dirigida por Deus e a disposição de identificar-se com Jesus em seus sofrimentos. Aqueles que começam a seguir Jesus só podem avançar em sua peregrinação conforme experimentam a graça de Deus na igreja e por meio dela.

C. René Padilla Traduzido por Wagner Guimarães
Revista Ultimato 328

Continuação do Post:
http://ancoradalma.blogspot.com/2011/01/formacao-de-discipulos-por-rene-padilla.html

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Igreja, por que se importar?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS por René Padilla - Parte 1

Na essência da missão está a tarefa da evangelização. No entanto, não podemos considerar que todos os cristãos concordam com o significado de tal afirmação. Minha intenção é mostrar que a evangelização genuína está a serviço exclusivo do evangelho por meio do que é, do que faz e do que diz. Consequentemente, não visa apenas ganhar convertidos para aumentar o número de membros da igreja, mas também formar “discípulos que aprendam a obedecer a tudo o que Jesus Cristo ordenou a seus seguidores” (Mt 28.20). Neste artigo, e nos três subsequentes, proponho-me a desenvolver essa afirmação em quatro princípios.

O primeiro é que a compreensão adequada do evangelho é um requisito básico para compreender a evangelização. Evangelizar é comunicar as boas novas, e as boas novas que como cristãos somos chamados a comunicar estão centradas em Jesus Cristo, incluindo sua encarnação, sua vida, sua morte, sua ressurreição, sua exaltação e sua segunda vinda. O evangelho completo inclui todos estes “eventos salvíficos”, como são chamados, e nenhum deles pode ser esquecido sem que nossa compreensão do evangelho seja afetada.

Cresci num lar evangélico e dou graças a Deus por minha herança evangélica. Entretanto, com o passar do tempo, reconheci que minha compreensão do evangelho era inadequada: havia aprendido que a salvação é pela graça, por meio da fé, “é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9), mas não havia aprendido que “somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (v. 10). Em outras palavras, havia recebido um evangelho que enfatizava os benefícios da salvação, mas deixava de lado o propósito que Deus quer realizar por meio de seu povo, no qual eu me incluo. Na prática, havia recebido um evangelho incompleto.

Posteriormente, percebi que minha falta de uma compreensão adequada do evangelho resultava do tipo de evangelização mais ou menos comum nos círculos evangélicos do meu país: uma evangelização que se especializa na “salvação individual”, entendida frequentemente como uma experiência subjetiva de perdão de pecados, mas que tem pouco ou nada a dizer sobre “a vontade de Deus de conduzir a humanidade à comunhão com ele, reconciliar os membros da raça humana entre si e restaurar toda sua criação, conforme seu propósito original”.

Quando entendi minha própria salvação à luz do propósito eterno de Deus, ficou claro que não fui salvo para ser feliz, ou para ter sucesso material, ou para livrar-me do sofrimento, mas com o fim de cooperar com Deus, ainda que modestamente, no cumprimento de seu propósito na história. E percebi a importância de me ver como membro do Corpo de Cristo e, como tal, uma pessoa chamada a participar na missão de transformar o mundo de modo que reflita a glória de Deus, a justiça e a paz do reino que se fez uma realidade presente na pessoa e obra de Cristo Jesus. A evangelização integral só é possível sobre a base do evangelho integral.

Traduzido por Wagner Guimarães

• C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral?.

http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/327/a-formacao-de-discipulos-parte-1

domingo, 16 de janeiro de 2011

VIVENDO SEM MÁSCARAS por Ed René Kivitz

Entre os anos de 1819 e 1880 viveu em San Francisco, um homem que se autodenominava Norton I, Imperador dos Estados Unidos. Vivia e agia como tal e era acatado pela sociedade com todas as honras. Sua companhia era aceitável, sua presença em festas e eventos era disputada e seu apoio sempre desejado para toda e qualquer causa. Imprimia seu próprio dinheiro, que nenhum dono de restaurante ousava rejeitar. Uma legítima nota de cinqüenta centavos de dólar do Norton I hoje é comercializada por mais de 500 dólares. Mais de 10 mil pessoas compareceram ao seu funeral, revelando o quanto valorizavam sua excentricidade.

Desde que a ouvi num documentário do GNT achei a história maravilhosa. Já dediquei horas em devaneios a respeito de Norton I e seu império particular. De vez em quando suscito uma discussão com amigos para saber o que eles aprendem com esta história. O que mais me chamou à atenção foi o fato de que você pode construir uma identidade falsa a seu respeito, e não faltarão pessoas para acreditar, alimentar e até mesmo tirar proveito da sua mentira.

Na verdade, acho que todo mundo cresce construindo uma identidade falsa a respeito de si mesmo. Desde a infância, quando sofremos as projeções dos pais e da família, passando pela adolescência, período quando precisamos encontrar um jeito de sermos aceitos e admirados pela turma, chegando à fase de definição de carreira e casamento, até este mundo fake, cuja moeda mais valorizada é a imagem e onde ninguém vale mais do que seu lay-out. Aos poucos vai deixando de ser importante o que de fato somos, para que entre em cena algo que nos tornamos, ou por escolha própria, ou por pressão de outros. A menina que disputava o amor do pai e o menino que disputava o amor da musa da escola crescem e se tornam a executiva que disputa a admiração do seu homem e o empresário que quer provar pra todo mundo que é melhor do que o irmão dele sim.

A maioria das pessoas funciona como matéria de retro-alimentação dessa loucura coletiva de identidades de mentirinha e infelicidades crônicas. Ninguém se atreve a tirar as máscaras, e muito menos denunciar as máscaras dos outros. Sobrevivemos de tapinhas nas costas e elogios evanescentes. Mal de época. Tempos em que ser celebridade é mais importante do que ser gente. Dias em que para ser celebridade vale tudo, até prostituir a identidade. Mundo de caras e bocas, onde os seduzidos pelos flashes e spots não buscam outra coisa senão a notoriedade, a admiração, o comentário invejoso dos demais boçais. Pessoas esculpidas, gente de plástico, corpos e caras de mentirinha, admirados e exibidos como verdadeiros – bolhas de sabão: perfeitos apenas de relance. Simulacro: sanduíches bonitos apenas na fotografia.

Alguém disse que a máscara, se lhe dermos tempo, torna-se o próprio rosto. Aí acontece o que Orlando Tejo, poeta de cordel, cantou

Eu briguei com um cabra-macho
mas não sei o que se deu
eu entrei pru dentro dele
ele entrou pru dentro deu
e num zuadão daquele
não sei se eu era ele
nem sei se ele era eu.

Isto é, a gente já não sabe quem é quem dentro da gente, desconhece quem mora na nossa cara, quem domina o pedaço que acreditávamos nosso corpo.

Mas tem sempre o dia em que a casa cai. Graças a Deus. O Lulu Santos tem razão, pois tem mesmo

dias que a gente olha pra si
e se pergunta se é mesmo isso ali
que a gente achou que ia ser
quando a gente crescer
e a nossa história de repente ficou
alguma coisa que alguém inventou
e a gente não se reconhece ali
no oposto de um dejavú.

Por estas e outras é que acredito que a maturidade implica necessariamente na descoberta do si mesmo. A questão primária para todo ser humano é responder a pergunta que Adão ouviu de Deus logo após o seu pecado, “Onde estás?”, que não visa a descoberta de uma localização geográfica, mas sim existencial. O significado desta experiência paradigmática para a raça humana é a afirmação de que o ser humano que está alienado de deus está também alienado de si mesmo, e nesse caso, o reencontro com Deus é necessariamente um reencontro com o si mesmo. É mais ou menos com o se Deus estivesse se dirigindo a cada pessoa e perguntando “Onde estás?”, ou em outras palavras, “onde está seu eu verdadeiro, quem é você por trás dessa máscara?”. Nesse sentido, “onde estás?” é uma pergunta muito próxima de “quem é você?” Algo do tipo “Que você não é Norton I, imperador dos Estados Unidos, eu sei. Então, quem é você?”

Meu amigo Alisson, cuja memória honro com saudade, captou isso perfeitamente:

Quando olha bem no íntimo
através do teu sorriso
o que será que Deus vê?
bem além da tua lógica
bem atrás de toda estética
o que será que Deus vê?
um coração aflito, um espírito ferido
e uma alma já cansada de representar
alguém desconfiado, sem um verdadeiro amigo
a quem possa se abrir sem se envergonhar
Quando Deus te investiga
bem no âmago da vida
lá no teu eu verdadeiro
é que ele quer por inteiro
transformar a tua essência
num batismo de alegria
verdadeiramente livre te fazer.

Os verdadeiros amigos não são aqueles que nos dão tapinhas nas costas e vivem alimentando nossos egos falsos. Amigo é aquele que nos ajuda a enxergar a verdade a respeito de nós mesmos. Amigo é quem nos coloca de frente pro espelho. Isso exige honestidade, coragem, aceitação, perdão, encorajamento na direção da transformação, disposição de permanecer ao lado, caminhando junto, depois que cai o pano.

Não sabemos quem se escondia por trás de Norton I. Não sabemos também do que ele se escondia, ou de quem fugia, porque precisou se proteger daquela maneira. Ninguém conseguiu fazer com que ele despisse sua fantasia. Sequer sabemos se houve quem tentasse. Norton I é uma vida desperdiçada no esforço de conseguir as melhores mesas nos restaurantes, viajar sempre de primeira classe, se hospedar nos melhores hotéis, receber convites para eventos badalados, passar dias em ilhas e castelos, assistir os espetáculos nos camarotes vips e acumular mimos de marcas famosas.

O mais triste dessa história é que Norton não é uma personagem, ou um indivíduo desequilibrado. Norton é o nome científico de um tipo de gente. Aquele foi Norton I, depois dele vieram muitos outros. Gente que não entendeu ainda o que ensinou o rei Salomão, esse sim uma celebridade de seu tempo: “maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade”. As ruas estão cheias de Nortons I. A maioria deles não está nem mesmo preocupada em conquistar a cidade. Basta-lhes aparecer numa festa, numa capa de revista, ou numa retina qualquer de outro Norton se consumindo de inveja.


Ed René Kivitz
http://www.edrenekivitz.com/
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Um possível diagnóstico, para quem não tem medo de espelhos:
A LISTA - Oswaldo Montenegro -
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Para quem deseja se livrar das máscaras, em todo um processo há sempre o primeiro passo:
Uma singela oração que nos ajuda a começar viver sem máscaras...
"Tu és o Deus das alvoradas, o Deus das vigílias noturnas, o Deus dos picos das montanhas e o Deus das profundezas dos mares; mas, Deus meu, minha alma tem horizontes mais vastos do que as alvoradas, as trevas mais densas do que as noites da terra, picos mais altos que qualquer montanha, profundezas maiores que qualquer mar. Tu, que és o Deus de tudo isso, sê o meu Deus. Não posso atingir as alturas nem as profundidades; há motivações que não consigo desvendar, sonhos que não posso alcançar — meu Deus, sonda-me".
Oswald Chambers -Salmo 139

Walter McAlister - Máscara

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

SALMOS por Osmar Ludovico


Já faz muito tempo que Santo Agostinho escreveu: “Tu nos fizeste para Ti mesmo, ó Senhor, e o nosso coração é inquieto até que encontre em Ti o repouso”. Viemos de Deus e retornamos a Deus, este é o destino humano.

Lá no fundo do nosso coração existe uma sede que só Deus pode verdadeiramente saciar. São muitos os atalhos que nos anestesiam, como, por exemplo, o ativismo e o consumismo. Mas existe no coração humano a saudade de um amor verdadeiro, uma busca por transcendência e eternidade, e o desejo de um mundo justo e pacífico. É um vazio que só Deus pode preencher.

Vivemos um período de crise, um mundo sem valores, invadido pelo materialismo e de incertezas quanto ao futuro. Muitos se voltam para a religião, buscam alguma forma de espiritualidade. São homens e mulheres tateando em busca de Deus, lotando igrejas, consumindo livros religiosos e também buscando respostas em novas e antigas religiões. Surgiu um mercado religioso envolvendo milhões de fiéis, movimentando muito dinheiro.As conseqüências se fazem sentir na igreja evangélica histórica, herdeira da Reforma. Já não sabemos orar como convém. Só sabemos pedir; nossas orações se resumem a petições sem fim. Não nos lembramos de agradecer, muito menos de confessar nossos pecados.
Começamos perguntando qual o sentido da oração. Para muitos, é um ato religioso praticado comunitariamente. Para outros, um meio de fazer Deus promover nosso conforto. Para outros, ainda, uma catarse emocional. Para nós, cristãos, a oração é uma elevação de nossa alma em direção a Deus.


“O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, diz o primeiro artigo do Catecismo Reformado. Madame Guyon, mística francesa, escreve que a experiência da oração possibilita estar com Deus para sempre em divina união. Tereza D’Ávila ora: “Que nada te perturbe, que nada te apavore, tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem Deus, nada lhe falta, só Deus basta”.


Sim, é verdade. Quanto mais amamos a Deus, menos necessidades urgentes e circunstanciais teremos.

O que significa para nós buscar a Deus na oração? Um Deus vivo e pessoal, que se relaciona, mas que ao mesmo tempo é infinito e eterno? Como superar essa distância entre o Criador e o ser criado, entre o eterno e o temporal, entre o infinito e o finito? Como entrar em contato com Ele, que não é um igual, mas o Deus vivo, Criador dos céus e da terra? Aquele que não pode ser aprisionado por uma definição racional, Aquele que as palavras todas não conseguiriam descrever. Como orar para aquele que sabe tudo de nós? “Adonai, tu me sondas e me penetras. Penetras meu repouso, meu despertar e discernes de longe meu desígnio. Avalias meu caminho e meu emparelhamento, freqüentas todas as minhas estradas. Não, a palavra não está na minha língua e tu já penetras toda, Adonai” Sl 139.1-4 (tradução de André Chouraqui em Louvores II, Imago Editora).


Aprendemos a orar com Salmos. Nesse livro, Davi, Core, Moisés, nos conduzem ao centro da oração: o temor, o desejo, os afetos, a realidade humana.

Temor
não é medo que afasta, mas uma profunda reverência e respeito diante dAquele que não compreendemos completamente, dAquele que se revela, mas que continua envolto no mistério, pois não suportaríamos sua presença plena. É o inefável, o inominável, o inescrutável.

O desejo porque fazemos contato com aquela saudade infinita escondida no nosso coração e lançamos sobre Deus toda a nossa busca existencial e espiritual como o náufrago se agarra à bóia.

O afeto porque Deus é amor, é Trindade Santa – Pai, Filho e Espírito Santo intimamente ligados e interpenetrados. Deus que subsiste em si mesmo amando entre os três, e desejando que o amemos e que vivamos amorosamente entre nós.

E finalmente porque tudo isso se situa além do racional e do cognitivo. A oração é poesia, é cântico. É feita de metáforas como alguém que, tendo visitado um país estranho e desconhecido, só pode contar aquilo que viu através de comparações.



Assim, somos convidados por Deus a orar e, assim fazendo, nos unir a Ele. Um convite para nos acercar dEle com temor, com desejo, com afeto, com poesia, com a realidade de nossa vida. Sem esperar nada em troca, apenas para celebrar a Sua existência e o privilégio de sermos amados apesar de nossas iniqüidades.

Osmar Ludovico
http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=78&materia=968
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"Guarda-me, ó Deus, pois em ti me refugio. Ao Senhor declaro: Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti...”
Grande será o sofrimento dos que correm atrás de outros deuses. Não participarei dos seus sacrifícios de sangue, e os meus lábios nem mencionarão os seus nomes...
Senhor, tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes o meu futuro. Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!
Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranqüilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro nem permitirás que o teu santo veja corrupção.
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita".
Salmo 16

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A ORAÇÃO SIMPLES por Ed René Kivitz

Não existe oração errada. Aliás, a oração errada é aquela que não é feita. A Bíblia Sagrada ensina que se deve orar a respeito de tudo. Orar por qualquer motivo, qualquer hora, qualquer lugar, sempre que o coração não estiver em paz. Tão logo o coração experimente apreensão, preocupação, medo, angústia, enfim, seja perturbado por alguma coisa, a ação imediata de quem confia em Deus é a oração.

O apóstolo Paulo diz que não precisamos andar ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, com ação de graças, devemos apresentar nossos pedidos a Deus, tendo nas mãos a promessa de que a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará nossos sentimentos e pensamentos em Cristo Jesus (Filipenses 4.6,7). A expressão “coisa alguma” inclui desde uma vaga no estacionamento do shopping center até o fechamento de um negócio, o desejo de que não chova no dia da festa até a enfermidade de uma pessoa querida.

Esta experiência de oração é chamada de oração simples: orar sem censura filosófica ou teológica, orar sem se perguntar “é legítimo pedir isso a Deus?” ou “será que Deus se envolve nesse tipo de coisa?” Simplesmente orar.

A garantia que temos quando oramos assim é a paz de Deus em nossos corações e mentes. A Bíblia não garante que Deus atenderá nossos pedidos exatamente como foram feitos: pode ser que a vaga no estacionamento não seja encontrada e que chova no dia da festa. A oração não se presta a fazer Deus trabalhar para nós, atendendo nossos caprichos e provendo o nosso conforto. Já que a causa da oração simples é a ansiedade, a resposta de Deus é a paz.

O resultado da oração não é necessariamente a mudança da realidade a respeito da qual se ora, mas a mudança da pessoa que ora.
A mudança da situação a respeito da qual se ora é uma possibilidade, a mudança do coração e da mente da pessoa que ora é uma realidade. Deus não prometeu dizer sim a todos os nossos pedidos, mas nos garantiu dar paz e nos conduzir à serenidade. Não prometeu nos livrar do vale da sombra da morte, mas nos garantiu que estaria lá conosco e nos conduziria em segurança através dele.

O maior fruto da oração não é o atendimento do pedido ou da súplica, mas a maturidade crescente da pessoa que ora. Na verdade, a estatura espiritual de uma pessoa pode ser medida pelo conteúdo de suas orações. Assim como sabemos se nossos filhos estão crescendo observando o que nos pedem e o que esperam de nós, podemos avaliar nosso próprio crescimento espiritual através de nossos pedidos e súplicas a Deus. As orações revelam o que realmente ocupa nossos corações, o que realmente é objeto dos nossos desejos, o que nos amedronta, nos desestabiliza e nos rouba a paz.

O apóstolo Paulo diz que quando era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Mas quando se tornou homem, deixou para trás as coisas de menino (1Coríntios 13.11). Não existe oração certa e errada. Mas existe oração de menino e oração de homem. Oração de menina e oração de mulher. A diferença está no coração: coração de menino e de menina, ora como menino e menina. A nossa certeza é que Deus também gosta de crianças.

Ed René Kivitz
http://www.edrenekivitz.com/
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sábado, 1 de janeiro de 2011

FELIZ ANO NOVO!

O Ano aceitável do Senhor

"O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do Senhor..."
(Isaías 61.1-2)

Feliz ano novo! Um próspero ano novo! Cumprimentos, cartões com felicitações. Este é o nosso desejo: sermos felizes e prósperos. Trezentos e sessenta e cinco dias felizes, bem-sucedidos, tranquilos, com saúde, sem problemas financeiros, familiares ou profissionais. Nada de errado com esses desejos! Nós temos sede de felicidade. Uma vontade de ser feliz implantada pelo próprio Deus.

Mas, será que a expressão feliz ano novo não revela um pouco de inquietação? Inquietação que vem de outros anos que não foram tão felizes, nos quais enfrentamos problemas e mais problemas? E, por outro lado, não sabemos como será o amanhã, o que nos aguarda nos próximos dias.

Talvez o feliz ano novo não passe de um sonho. Sabemos que a realidade é diferente. Há a possibilidade de crises, de guerras, de mortes, de pessoas se acusando, de problemas financeiros, de problemas familiares, etc. Tudo isso é bem real e acontece ao nosso redor.

Entretanto, quando recebemos Cristo em nossa vida, quando confiamos em Deus, as Escrituras nos dizem que nos assentamos com Ele nas regiões celestiais (Efésios 1.3).
Mesmo assim nossa vida aqui na terra nem sempre é um "mar de rosas". Muitas vezes passamos por dificuldade e muitas lutas.

Mas, que tal pensarmos, então, em um ano aceitável do Senhor? Sim, Talvez não seja um ano próspero e tão tranquilo quanto esperávamos.
Mas que seja um ano que possamos aceitar das mãos do Senhor.

Que você possa chegar ao final deste ano e dizer, como disse Samuel: "Ebenézer: até aqui nos ajudou o Senhor", I Samuel 7.12.

Um ano em que aceitemos a Deus, sua vontade e o que ele nos manda. Um ano aceitável do Senhor!

Não há sucesso maior do que estar na vontade de Deus!

Fonte: Devocional 13 Pão Diário, dia 01 de Janeiro.
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"I don't know what tomorrow brings, but I know Who brings tomorrow".
"Eu não sei o que o amanhã trará, mas eu sei Quem traz o amanhã!"
(Frase adesivo que coleciono desde 1991)

(confiança)
Amor
Esperança
Gratidão

Com esses fundamentos 2011 será um ano feliz para você e para todos que participarem da sua vida. Feliz porque a Presença amorosa, bondosa e graciosa de nosso Pai será real em toda e qualquer situação.


FELIZ 2011, um ano aceitável do SENHOR!


Em Cristo Jesus,
BM

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Conselhos para 2011, 2012, 2013...


Uma ótima reflexão, neste mesmo tom.

CONSELHOS PARA A VIRADA por Ed René Kivitz.

Para ouvir click em cima do link, salve e escute:

http://www.ibab.com.br/mensagens/20101226_erk.mp3