"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)
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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

OFICINA DE VIDAS - Uma reflexão sobre discipulado por Carlos Moreira

"Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os ema nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos". Mateus 28.16-20

Excelente reflexão sobre (para mim) a principal omissão e pecado da Igreja de Cristo, O DISCIPULADO.

Aproveitando e a reflexão, eu gostaria de obter algumas respostas acerca deste tema, é uma especie de pesquisa que me serviria para corroborar uma futura reflexão minha:

1- Você já foi discipulado por alguém, isto é acompanhado dia-a-dia por um mentor espiritual, em algum período da sua vida? (alguém que não somente lhe "evangelizou", mas levou com você a sua carga, lhe mostrou com sua vida, a Vida de Jesus).

2- Se foi, "quanto" da sua "herança espirtual" você credita a este relacionamento? Se não, você acha que isto lhe faz falta?

Eu, por exemplo, me lembro que aos meus treze anos de idade fui discipulado (somente por uma semana) no acampamento Palavra da Vida, pelo "conselheiro" Maninho. Vejo hoje, mais do que nunca, quanto aqueles dias foram importantes para minha formação espiritual.

Aos 14 e 15 anos de idade tive um professor de adolescentes na igreja que participava chamado Paulo "broa" (por causa de suas faces, um pouco redondas) que foi referência para mim, mas não foi um discipulador mas sim professor.

Aos 28, tive no meu dirigente de Decúria do Cursilho uma espécie de discipulador, mas muito mais pela sua boa vontade e dedicação. Éramos muito mais irmãos que compartilhavam, do que mentor e mentoreado.

Hoje, sabendo a importância deste tipo de relacionamento, procuro desenvolver amizades onde o discipulado ocorra; ora recebendo, ora sendo canal da Graça.

Infelizmente o discipulado é uma temática que não é levada a sério, penso ser esta a maior realização que uma pessoa pode fazer; primeiro ser discípulo de Cristo, depois, formar discípulos dEle.
BM
...
Oficina de Vidas - Uma Reflexão sobre Discipulado

INTRODUÇÃO
Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de carro. Oficina, então, nem se fala! Vá entender... Gosto de quase tudo que tem quatro rodas, mas o Jipe sempre foi o meu "xodó". Quando comprei o primeiro, passava horas com ele no mecânico. A coisa chegou a um estado tal, que Fabiana uma vez me disse que eu estava ficando mais tempo na oficina do que com ela em casa.

Sempre gostei de cuidar de carros e acabei desenvolvendo outra paixão na vida: cuidar de gente, mas é fato que se trata de coisas totalmente antagônicas. Carro se machuca, arranha, amassa, quebra uma peça, mas sempre tem jeito! Com grana e uma boa oficina pode-se até, num curto espaço de tempo, transformar uma velharia num hot rodes. Mas com gente é diferente. Gente quando "arranha", "amassa", ou "quebra" dá um trabalho enorme para "recuperar" e, não raras vezes, o problema é tão grave que a "perda é total".

Você já pensou numa oficina que cuidasse de vidas? Imagine o cliente chegando e sendo recebido pelo "mecânico" da alma que diria: "é patrão, vamos ter de arriar todo esse egoísmo, que já rodou bastante, e colocar no lugar dele dois litros de generosidade. Também vou ter de substituir essa mentira aqui, que como se pode ver já está bastante gasta, por aquela verdade ali, novinha em folha".

Que bom seria se fosse assim! Mas não é. Gente dá trabalho. Gente tem insegurança, insensatez, implicância, intemperança, intolerância, indolência, e tanta coisa ruim que agente só acredita que gente tem jeito porque agente é gente. E dá trabalho cuidar de gente; e como dá... Mas não há, nessa terra, tarefa que seja mais inspiradora e, no meu entender, que seja tão prioritária.

UMA "PAIXÃO" DENTRO DA PAIXÃO

Quando olho para Jesus, vejo essa verdade expressa em cada gesto e em cada palavra, pois, de fato, o Mestre gostava de gente. Gente doída, gente perdida, gente caída, gente excluída, gente que não se achava gente, gente que perdeu a referência do que era ser gente, gente que ignorava outra gente, gente de todo tipo e gente de toda gente.

Jesus vivia rodeado de pessoas. Com elas celebrou a vida e, por causa delas, a própria vida doou. Mas também experimentou nas suas relações a tristeza, a decepção e a dor. Para mim, a encarnação nada mais é do que Deus se deixando traduzir. Deus, agora, não é mais somente Deus, mas também é homem, bem próximo a nós. Podemos vê-Lo na esquina, entre uns e outros. Ele vai à casa do publicano e senta-se na roda dos pecadores. Conversa com a prostituta e come na mesa do coletor de impostos. Num momento está numa festa e, no outro, partilhando da dor solitária de um aleijado esquecido. Alegra-se no casamento, e chora no enterro do amigo, acolhe carinhosamente as crianças e expulsa o demônio que atormenta o endemoninhado. Verdadeiramente, a paixão daquele Galileu, era gente...

A vida de Jesus foi "gasta" com pessoas, sobretudo, os três últimos anos. Ele investiu todo o tempo de que dispunha na tarefa de fazer discípulos e, mesmo não tendo inventado o discipulado, discerniu-O como algo eficaz e aplicou-O como estratégia no ministério. No fundo, Ele criou uma oficina de vidas, pois, no que diz respeito à "consertar" gente, nunca houve ou haverá alguém melhor do que Jesus.

QUEBRANDO PARADIGMAS

Mais o que é mesmo discipulado? Ora, para tentar refletir um pouco sobre o tema, vou primeiro lhe dizer, o que eu acho que não é.

- Discipulado não é uma reunião de pessoas, mas a união de pessoas que se reúnem;
- Discipulado não é apenas abrir a casa para uma reunião, mas abrir a vida para a comunhão;
- Discipulado não é algo que acontece num dia da semana, mas, numa semana, todos os dias;
- Discipulado não termina quando a reunião acaba, pelo contrário, começa;
- Discipular não é passar a vida ensinando a bíblia, mas, no ensino da bíblia, passar a vida;
- Discipular não é apenas ensinar o que se aprende, mas viver o que se ensina;
- Discípulo não é alguém que quer apenas fazer discípulos, mas, antes de tudo, ser discípulo;
- Discípulo não é alguém que freqüenta a sua casa, mas aquele que partilha com você a sua vida;
- Discipulador não é aquele que apenas aceita o chamado do pastor, mas que compreende a comissão do Senhor;
- Discipulador não é um cargo que se assume na Igreja, mas um encargo que se assume na vida.

Tenho trabalhado com discipulado há mais de 20 anos. Neste período, no nosso país, observei, pelo menos, 4 "tipos" dele sendo implementados nas Igrejas.

1- DISCIPULADO COMO UM SISTEMA DE MANIPULAÇÃO
É um tipo de discipulado onde o discipulador exerce forte influência na vida de "seus" discípulos sendo que, em muitos casos, a relação torna-se, perigosamente, passional. O que à primeira vista poderia ser um fator positivo acaba tornando-se, num curto espaço de tempo, em algo extremamente nocivo. É que a dita "influência" vai muito além do que deveria ir, revelando-se, assim, uma invasão de privacidade. As pessoas têm de fazer a vontade do líder, sempre sob o suposto respaldo das Escrituras que, não raras vezes, são utilizadas totalmente fora de contexto.

Outra característica deste tipo de discipulado é ser um "sistema" fechado em si mesmo, com regras e rigores a respeito da vida e da conduta. O produto gerado a partir deste "caldo existencial" são vidas que existem sob o signo do medo, uma vez que, num ambiente como esse, torna-se quase impossível desenvolver de forma sadia a consciência na graça.

Conteúdos e verdades podem e devem ser repassados, primordialmente, através da vida, com respeito e amor, sempre olhando de forma reverente os "espaços" do outro, nunca perdendo a referência de que cada pessoa fará o seu próprio caminho na terra com Deus, pois será a partir dele que colherá a paz e o bem de cada dia.

2- DISCIPULADO COMO UMA ESTRATÉGIA DE MASSIFICAÇÃO
Muito do que acontece hoje, no mundo corporativo, achará guarida, em alguns anos, no mundo eclesiástico. Foi isto o que aconteceu na última década, com vários conceitos e processos empresariais sendo adicionados ao dia a dia das Igrejas.

Dentro desta perspectiva, os métodos voltados para o crescimento da membresia, mais especificamente através da estratégia de pequenos grupos, são os mais utilizados. A "visão" inicial, que chegou ao Brasil em meados dos anos 90, tinha como modelo a Igreja em Células da Colômbia que, num curto espaço de tempo, experimentou, através do discipulado, um crescimento numérico de milhares de pessoas.

Na versão tupiniquim, entretanto, o método sofreu o aditamento de programas e estratégias de planejamento e marketing com vistas a gerar melhores "resultados". O saldo, todavia, na maioria dos casos, tem sido desastroso, e não há como ser diferente, pois algo tão frio e impessoal, que visa apenas metas quantitativas, só pode gerar um adoecimento emocional e espiritual nas pessoas. Muitos são os casos dos que se queixam de estarem sendo submetidos a forte pressão para que metas de "multiplicação de membros" sejam alcançadas, como se a Igreja agora fosse uma empresa.

Jesus não nos mandou oprimir as pessoas, mas instou-nos a servi-las e amá-las. Nossa tarefa é encher o céu, e não a Igreja. Encher Igreja, sobretudo com gente vazia, é algo fácil. Com meia dúzia de "teologias da terra" o objetivo será alcançado. Mas, povoar o céu, com gente transformada, que compreende a graça e que viva de forma pacificada com Deus e com seus semelhantes, é tarefa apenas para quem quer ver o Reino de Deus crescer, e não o seu reino pessoal.


3- DISCIPULADO COMO UM PROGRAMA DE MANUTENÇÃO

Toda rotina gera fadiga, até mesmo nas coisas boas. Tenho observado que muitas comunidades se encantam com a possibilidade de começar um "programa" de discipulado. Analisam livros, escolhem métodos, criam uma "estrutura" e comissionam pessoas para a "execução da tarefa". Todavia, cedo-cedo, e, inevitavelmente, acabam se deparando com questões prementes tais como: o que é ser discípulo? O que se deve ensinar a eles? De que forma eles serão influenciados? Qual o objetivo deles estarem nas reuniões? A maneira de lidar com estas e outras questões, ao longo do tempo, definirá se a "coisa", como um todo, irá ou não rumar na direção de um "programa de manutenção".

O que é isto? É quando o discipulado, após alguns anos de funcionamento, torna-se apenas mais um "programa" da Igreja e, por isto, tem de ser mantido em funcionamento. Chega-se facilmente a esta situação quando a rotina se estabelece e o método se torna mais importante que a vida. Mesmo algo bom, como uma reunião caseira, com cânticos, orações, estudo e compartilhar, pode tornar-se algo extremamente "viciante", sem desdobramentos maiores, sem que as pessoas sejam de fato transformadas nos valores, conteúdos e caráter. Numa perspectiva mais ampla, o "programa" ou tenderá a se acabar, ou virará algo sem conseqüências práticas para a vida. Existirá sim, porém, cada vez mais, menos pessoas se interessarão por ele.

Jesus fez justamente o contrário, ou seja, transformou o método em algo prático e aplicável à vida. Jesus não chamou os discípulos para uma reunião na sua casa, nem para participarem de um estudo bíblico na sinagoga, nem mesmo para um grupo de comunhão aos sábados, dia reservado ao "sagrado". O convite foi para que pudessem experimentar o hoje, com todas as cores e intensidade de cada momento, na singularidade incomparável que há em cada dia. O chamado dizia respeito a se "provar" as dinâmicas da existência e, a partir delas, experimentar a verdadeira vida que deve ser sempre vivida em abundância.

4- DISCIPULADO COMO UM TEMA PARA MEDITAÇÃO
Quem já passou por um curso de pós-graduação sabe que um dos itens mais importantes para a formulação de uma tese é o arcabouço teórico, ou seja, o acréscimo ao texto principal do pensamento de diversos autores. Mas, uma boa tese, dificilmente se sustentará sem um "trabalho de campo", ou seja, sem as observações práticas que respaldem a teoria proposta. Pois bem, a mesma coisa pode ocorrer com o discipulado quando ele se transforma num tema para meditação, quase sempre contido nos objetivos de ensino da Igreja.

Com data de início e fim já demarcados - em alguns casos estabelece-se o tempo de três anos - o grupo passa a reunir-se com o objetivo de estudar um vasto cabedal de temas bíblicos e de autores diversos. Assim, o que deveria ser um estilo de vida a ser adotado, com pressupostos mais excelentes, acaba se transformando, apenas, num conjunto de conteúdos a ser "dissecado". Ao final do período proposto, cumpridas as "exigências", o membro do grupo torna-se um "discípulo graduado", ou seja, alguém que cumpriu uma espécie de jornada acadêmica, mas que, talvez, não tenha incorporado nenhuma prática à vida. Tiago nos adverte sobre o risco que há nesse proceder, quando nos diz: "tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos".Tg. 1:22.

Jesus não iniciou com seus discípulos um programa acadêmico fechado, mas, pelo contrário, criou uma grande escola da vida, aberta às pessoas, com sala de aula móvel, variando entre um lugar e outro, com conteúdos ensinados a partir das manifestações próprias da existência humana, sempre buscando harmonizar as pessoas ao mundo que as cercava e a Deus o Pai e Criador.

Mais afinal, então, o que é discipulado?

DISCIPULADO É A ESSÊNCIA DA MISSÃO.

Não há como entender algo sobre discipulado cristão se não olharmos para Jesus. Ele é a chave hermenêutica para todas as coisas e, a partir dEle, tudo pode ser discernido, até o próprio coração do Pai. É certo que as Escrituras Sagradas nos revelam alguns modelos de discipulado - Moisés e Josué, Elias e Eliseu, Paulo e Timóteo - mas a referência maior está no discipulado de Cristo.

Discipulado não é apenas um programa, apesar de ter etapas, nem um método, apesar de ter estratégias, nem mesmo um sistema, apesar de ter processos, mas é, antes de tudo, um estilo de viver para ser incorporado à vida. O ponto focal de tudo está no relacionamento. Jesus não chamou pessoas para manipular, nem criou estratégias para alcançar as massas e multiplicar "o bolo". Ele não estabeleceu uma rotina reciclável de entretenimento e nem fundou uma classe de estudos sistematizados. Tudo que aconteceu, aconteceu a partir da vida, nas relações travadas no dia a dia e nas oportunidades que foram surgindo a partir dos encontros humanos. Foi algo simples, mas extremamente poderoso.

Os vínculos e laços gerados, durante aqueles três anos de convivência com Cristo, foram tão profundos e marcantes que a vida daqueles que com Ele estavam nunca mais foi a mesma. Jesus ressuscitou, subiu aos céus, mas antes de sentar-se, definitivamente, à direita do Pai, esteve com Seus discípulos uma última vez, às margens do mar da Galileia. Na derradeira palavra do Senhor aos seus amigos, disse: "ide e fazei discípulos". E, de fato, eles foram...

Quando penso em tudo isto e olho para a grande comissão meu coração se enche de esperança e alegria. Sim, porque mesmo sem cursos, apostilas ou livros, mesmo sem recursos de fita K7, CD ou DVD, sem elaboração de estratégias, programas ou campanhas, os discípulos saíram pelo mundo anunciando as boas novas da salvação. De nada se fizeram acompanhar que não fosse vida. Sim, tudo se resumiu apenas a vida vivida com o Galileu, naqueles dias empoeirados na Palestina, onde a luz resplandeceu nas trevas de seus corações.


CONCLUSÃO

Discipulado é uma oficina de vidas! É uma tarefa árdua e que exige persistência. Muitas pessoas estão à nossa volta, todos os dias, precisando ser discipuladas. Algumas estão em nossa casa, outras no trabalho, ou na faculdade, e outras estão dentro da Igreja. Muitas delas acham que não precisam se submeter a isso, e outras, até que precisam, mas poucas serão as que tomarão uma decisão de ir além. Existe uma grande diferença entre precisar e querer e, isto, você verá por si mesmo...


O discipulador é um escultor do caráter de Cristo no caráter das pessoas. Ele é
alguém que entendeu que precisa ser uma referência na vida de outros a partir da vida que pulsa na sua própria vida. E isto leva tempo... E dá trabalho... Por isso, não espere moleza se quiser ser e fazer discípulos.

Jesus discipulou, de forma mais próxima, 12 pessoas. A Bíblia também fala dos 70, dos 120 e Paulo menciona os 500. Não sei quantos dá para formar numa vida, mas tenho a impressão de que, talvez, não sejam muitos. Se, todavia, nos empenharmos nesta tarefa, poderemos ver, ainda nessa geração, uma Igreja formada, em sua maioria, por discípulos do Senhor. Isso, posso lhe garantir, fará muita diferença...

Sola Gratia!

Carlos Moreira - www.carlosmoreira.com

terça-feira, 30 de abril de 2013

PINTE O QUADRO COM PAIXÃO por Bill Hybels

Em 1774 um líder chamado John Adams declarou corajosamente: "Vejo, um dia, a união de treze estados, uma nova nação, independente do parlamento e do rei da Inglaterra". Ele foi o primeiro a expressar essa ideia publicamente. Poucos anos depois, contra todas as expectativas, os Estados Unidos da América nasceram.


Quinze anos mais tarde, um inglês chamado William Wilberforce colocou- se diante do parlamento britânico e discursou pedindo pelo dia em que os escravos não mais seriam comprados e vendidos como animais de fazenda. Várias décadas se passaram até que isso acontecesse, mas por fim o tráfico de escravos foi abolido oficialmente em todo o Reino Unido.



No final do século XIX os irmãos Wright imaginaram um dia quando as pessoas voariam pelo céu a bordo de uma cápsula de metal com asas. Dez anos depois, em 17 de dezembro de 1903, o avião dos Wright fez sua primeira aterrissagem na areia de uma praia na Carolina do Norte.

Na década de 1940, Billy Graham e alguns colegas de faculdade reuniram- se e sonharam encher estádios por todo o mundo apresentando o evangelho as pessoas que estavam longe de Deus. Partindo desse sonho e do esforço que empreenderam, 215 milhões de pessoas ouviram a mensagem do evangelho e bem mais de um bilhão a ouviu via rádio e televisão.

De uma forma mais pessoal, em 1973, o Dr. Gilbert Bilezikian postou- se atrás de um púlpito em uma sala de aula de uma faculdade e compartilhou seu sonho de construir uma igreja comum — uma comunidade de fé funcionando biblicamente nos moldes de Atos 2 e que fosse relevante para o seu tempo. Falou de uma igreja que alcançaria os perdidos com o evangelho e assimilaria essas pessoas no corpo de Cristo, as capacitaria e as revestiria de poder para servir. Ele sonhou com uma igreja que ajudaria a cuidar dos pobres, convidando-os a ter comunhão uns com os outros e a glorificar a Deus em tudo.

Algo em comum em todos esses lideres é o seguinte: todos tinham visão.

No cerne da liderança está o poder da visão que, em minha opinião, é a arma ofensiva mais potente no arsenal do líder. Ela tem sido definida por dezenas de modos, mas, para mim, a articulação mais simples de visão é que ela é um "retrato do futuro que produz paixão nas pessoas".

Um país novo em folha, jovem e livre, com as algemas da escravidão quebradas de uma vez por todas. Pessoas cruzando um céu claro e azul. Milhares de mulheres, homens e crianças erguendo-se e inundando o altar nos primeiros acordes de "Eu venho como estou". As igrejas de Atos 2 invadindo o mundo moderno. Qualquer que seja a visão, se ela produzir quantidade poderosa de paixão naqueles que a ouvirem, já estará em vias de ser conquistada.

Para você talvez seja a imagem de uma criança faminta sendo alimentada e tendo sua vida salva. Talvez seja uma imagem de uma pessoa desabrigada encontrando um abrigo. Talvez seja a visão de uma igreja agonizante sendo revitalizada ou de uma pessoa perdida encontrando a fé ou de um voluntário achando um ministério que use com perfeição seus dons dados por Deus. Talvez seja uma pessoa solitária encontrando uma comunidade ou um artista finalmente usando seus dons criativos para servir a Deus. Há tantas imagens visionárias do futuro, quanto há líderes entre nós. E, quando Deus finalmente trouxer clareza e firmeza de visão a vida de um líder, tudo mudará para melhor.

Quando ouvi o Dr. B pela primeira vez no Trinity College compartilhando sua visão da vida em uma comunidade cristã que funciona biblicamente, experimentei emoções que nunca havia sentido. Às vezes, enquanto ele falava sobre o potencial de uma igreja local, eu sentia paixão tão intensamente que mal podia segurar minhas lagrimas. Outras vezes eu queria pular e gritar: "Pessoal, é isso! Vocês não enxergam? Não sentem? A igreja local é a esperança do mundo! É a agência redentora criada por Deus da qual depende todo o futuro do mundo inteiro. Cancelem seus planos de carreira! Façam algo importante com sua vida, que é única! Deem-na pela causa da igreja local!".

Isso foi há mais de trinta anos, e eu ainda me lembro daqueles sentimentos tão vividamente como se fosse hoje. Na verdade, se você colocasse um monitor cardíaco em meu peito hoje enquanto alguém falasse sobre a beleza, o encanto ou o potencial da igreja local, meu coração teria um colapso e você leria na tela: "Perigo, perigo, perigo!".

A igreja local ainda desperta em mim os mais profundos sentimentos. Nada mais produz isso em meu coração. Tenho tido algumas experiências estimulantes em minha vida, mas elas são pálidos vislumbres se comparadas a como meu coração se agita em se tratando de dar a minha vida para ajudar a renovar a igreja local. Visão e paixão estão intimamente ligadas na vida de um líder. Deus fez com que fosse assim. Quando tiver olhos para enxergar a visão que Deus lhe deu, você saberá por que o seu coração sentirá isso tão profundamente que, com o tempo, qualquer incerteza recorrente desaparecerá.

Líderes não se desculpem pela força do sentimento que vocês tem pela visão que Deus colocou na sua vida. Não escondam seus sentimentos em relação a ela. Deus os fez para que a sentissem com mais profundidade do que sentem qualquer outra coisa. E é isso mesmo o que eu disse! Qualquer outra coisa. Apresente sua visão dada por Deus à família, aos amigos, aos colegas e a estranhos, se eles escutarem. Apresente-a o mais colorida e apaixonadamente que puder! Apresente-a para que o coração das pessoas seja tocado o suficiente para gritar: "Conte comigo!".


Bill Hybes do Livro AXIOMAS (Máximas da LIDERANÇA corajosa). Pags 38-41- Editora Vida.