"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A QUESTÃO DO SOFRIMENTO - Caio Fábio

As pessoas (nós - eu e você) sempre se perguntam onde está Deus quando coisas conformem relatadas aqui acontecem, principalmente quando é conosco ou muito próximo a nós...
Quem disse a você que este mundo é perfeito?
A resposta pode não responder porquê comigo, mas fala muito do mundo em que vivemos e principalmente da Fé que precisamos, pois sem Deus em nossas vidas e do mundo porvir que Ele preparou por meio de Jesus, e se não vivermos nesta perspectiva somos os mais infelizes dos seres...
Não foi assim desde o princípio, disse Jesus em Mateus 19.8.
Não era para ser assim!
Este não é o mundo que Deus nos entregou no inicio, mas Ele faz, e fará mais ainda, novas todas as coisas (Apocalipse 21.5)! e Se crermos veremos a glória de Deus (João 11), não somente lá, mas aqui e agora, você crê?

Que a Graça de Cristo te cubra hoje, amanhã e depois...
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MINHA FILHA FOI SEQUESTRADA E ASSASSINADA… E Deus?...

To: contato@caiofabio.com

Sent: Wednesday, September 30, 2009 12:29 am

Subject: luto e Paz

Anapolis, 29 de setembro de 2009.


Querido pastor Caio Fábio,

Eu sou uma mãe que acaba de perder uma filha linda, maravilhosa de 26 anos, com apenas cinco meses de casada... Hoje faz sete dias que a perdemos...

Ela era poesia, cor, música e sensibilidade...

Nós somos uma família que conheceu Jesus quando as nossas três meninas tinham entre três e oito anos. Passamos por grandes lutas e desafios e congregamos na igreja presbiteriana do setor sul de Anápolis com o PR Ronaldo Cavalcante.

Caio Fabio, seguimos os seus passos todas as vezes que você esteve por aqui.

Quarta feira passada por volta das 13 horas meu marido me falou que tínhamos que ir para Goiânia porque a nossa filha do meio, a Polyanna, tinha desaparecido...a minhas pernas sumiram....mas eu levantei e entrei no carro para ir para Goiânia pois ela morava lá e estava casada e feliz.....

Apenas com 26 anos a publicitária mais conhecida da cidade por causa da sua alegria e capacidade de incentivar empresários a acreditarem em seus próprios negócios.

Os homens da família foram para a delegacia... e nós as mulheres da família ficamos 30 horas orando, clamando a deus e esperando o pedido de resgate, tendo em vista que o caro já havia sido encontrado com seus pertences dentro e o mesmo havia sido queimado para apagar provas e digitais, dificultando o trabalho da policia...

Oramos sem cessar e ouvimos, e lemos a Palavra; e tivemos a certeza de que o resgate seria pedido e esperamos que ela voltaria para nós e com sua tremenda capacidade poética e criativa e como uma menina apaixonada por Jesus ainda escreveria um livro para promover quebrantamento e conversão em muitas vidas....

A única palavra que eu queria ouvir nestas 30 horas de vigília e emoção, aflição e angustia profunda era: "a encontraram"...; ou um toque de telefone com o com o pedido de resgate...

Finalmente alguém entra naquela casa onde estávamos amigos e parentes amontoados na sala escorregando do sofá para o chão, então ouvimos: “achou”, mas foi encontrada morta com dois tiros...

Acabei de ler sobre o amor de pai que agradece a deus por saber que seu filho, para ficar livre desse mundo, tenebroso chamado por Jesus... Não consigo neste momento ter este sentimento de gratidão porque tendo certeza de que não era esse o desejo dela também...

Nós todos estávamos fazendo uma campanha de oração e eu sei quais eram os planos dela para o futuro... Planos de paz, de criação, de crescimento, para que o mundo conhecesse o talento gratuito que deus lhe deu...

Não posso considerar que a minha não aceitação é egoísta... ela queria viver aqui com o seu querido marido a lua de mel que a esperou por 8 anos, ela queria ter filhinhos e levá-los para jogar bola com o avô que não teve meninos, só meninas, ela queria realizar sonhos comunitários.

No ano passado ela criou um site: www.amigoinedito.com.br para movimentar os internautas a fazerem boas ações e registrarem seus depoimentos neste site.

E agora... Eu entendi a resposta que deram para o “mano”, mas voltar a falar com deus esta difícil demais...

Ainda não sabemos quem foi o sujeito que atirou nela, mas eu não posso acreditar que foi vontade de deus... se foi o ódio do inimigo das nossas vidas eu pergunto por que Jesus deixou assassinos interromperem a caminhada de uma mensageira de Deus ???

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Resposta:

Minha irmã amada: Graça e Paz!

Do meu ponto de vista..., Adão não deveria ter pecado; Caim não deveria ter matado Abel; os filhos de Caim não deveriam ter construído Babel; Cão não deveria ter “abusado” na nudez do pai, Noé; Abraão não deveria ter gerado filho de sua serva, Hagar; Jacó não deveria ter enganado Esaú e nem Esaú deveria ter trocado a “bênção” por um prato de lentilhas; os filhos de Jacó não deveriam ter traído José; Moisés deveria ter entrado na Terra de Canaã; a filha de Jefté não deveria ter sido morta pelo voto do pai; Sansão não deveria ter morrido daquele jeito; Davi não deveria ter surtado nunca; e, por isto, não deveria ter perdido nenhum filho; Isaías não deveria ter sido serrado pelo meio; a mulher de Ezequiel não deveria ter sido morta como parábola para ensinar os incrédulos; Oséias não deveria ter sido tão infeliz no casamento; os inocentes deveriam ter sido poupados em todas as chacinas; nenhuma criança deveria ter morrido pela ambição dos adultos; nenhuma mãe jamais deveria ter comido seus filhos no auge da fome; João Batista deveria ter vivido vida longa e honrada, ao invés de acabar sem cabeça em razão de uma bunda bonitinha; Jesus, O Verbo, A Palavra, não deveria ter sido morto; a Ressurreição não deveria ter sido tão discreta...; os apóstolos, como Tiago irmão de João, não deveriam ter sido mortos por nenhum capricho [e todos foram...]; Paulo não deveria ter sido morto justamente quando os cristãos mais precisavam dele; milhares de testemunhas também nunca deveriam ter morrido uma morte sem sentido, banal; enquanto os maus prosperam; enquanto a injustiça foge do juízo; enquanto a verdade é pisoteada; enquanto a maldade se torna poder; enquanto gente boa some... sem explicação...

Sim, entregue a minha visão menor do que a de uma ameba e mais egoísta do que eu mesmo consigo discernir a profundidade do egoísmo, eu poderia consertar o mundo; impedir todas as injustiças; ajudar Deus a ser Deus; determinar o melhor pro mundo, pros meus filhos, pra minha vida; enfim, eu, entregue a mim mesmo, seria tão cheio de boas idéias..., que ninguém que eu amasse morreria; sim, ninguém...; e se morresse seria com meu consentimento, entendimento, compreensão e apoio a Deus na Sua soberania!...

Ah, se eu fosse o Deus do mundo ninguém morreria; ou, então, ninguém que eu gostasse; e, da minha casa, certamente ninguém morreria; não enquanto eu estivesse vivo...

Eu, todavia, há muito aceitei e vi que de fato não vejo; percebi que de fato não discirno; entendi minha limitação de entendimento; constatei que meu melhor amor é ainda por mim mesmo e por meus sonhos; aprendi que meus amores são “meus” e por “minha causa”; pois, morre o vizinho, e não sinto; morre o jovem da esquina, e logo esqueço; milhares são vitimados, e eu apenas lamento; o mundo acaba em vários lugares da terra, e eu agradeço que não seja AQUI...; e, aqui, é onde moro, vivo; e AQUI não posso conceber que aconteça o que no mundo inteiro acontece...

O que não dá é para sofrer em nome de sua filha os sofrimentos que ela não está sofrendo...

Sim, pois você queria ver a sua filha casada e feliz no casamento; tendo filhos; se realizando profissionalmente; etc... Esses são os seus sonhos e um dia foram os dela... Mas saiba: AGORA já não são [...] mais sonhos dela, mas apenas seus [...] por e para ela...

Hoje, para ela, o melhor marido é nevoa perto da Glória; a melhor lua de mel é amarga se comparada à alegria dela; os filhos mais lindos são miragens quando comparados aos encontros de amor que ela está tendo; as realizações profissionais que lhe orgulhariam, hoje, agora, para ela, são as canseiras e os enfados que cessaram...

O problema é que você não teve tempo para se realizar nela!...

É claro que a dor é indescritível... E ninguém pode dizer que não conheço tal dor... Mais de uma vez...

Todavia, é como pai que perdeu filho; como filho que perdeu pai; como irmão que perdeu irmão; como amigo que já perdeu milhares de amigos, que lhe digo que meus sentimentos seriam todos como os seus, não fosse o fato de que discerni faz tempo, que a maior dor dos enlutados é ainda egoísmo pelo outro [...] cuja alegria está plena, mas não a nós...; e, também, vi que tais sentimentos são todos o resultado de minha vontade de me ter nos meus filhos, de me reproduzir neles e assistir tal fato; ou seja: descobri com toda honestidade que minha frustração era não poder gozar a vida neles [...], nos que foram...

Entretanto, hoje, o que lhe digo parece sem coração e fácil de dizer...

Mas não é...

O que é então que me faz dizer o que digo?...

Ora, é a simples coerência com a fé que professo; é a simples coerência com Jesus; é a simples coerência com a existência que mata os homens dos quais o mundo não é digno; é coerência com João Batista, que não era inferior ao meu filho Lukas, e, mesmo assim, morreu por um capricho...

O que posso lhe dizer é que somente a transcendência da fé que se projeta para a Vida que é, sim, somente tal poder pode nos fazer vencer tal dor; a qual, por mais legitima que seja, sempre mistura amor e egoísmo; sempre mistura fé com privilegio; sempre crê que a vida eterna é uma belezinha apenas para quando a gente estiver caquético...

Leia os evangelhos e veja se é justo você pensar que a vida dos discípulos de Jesus esteja para além da calamidade!...

Sei que no momento minha resposta chega a você como vinagre na ferida... Infelizmente, no entanto, não tenho consolações vazias; e nem digo a ninguém o que Jesus jamais disse... Jesus nunca consolou ninguém dizendo “Que Pena! Tão Novinho!”...

Na realidade, ao olhar o mundo, mais creio e internalizo como verdade a declaração que diz que é preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus santos!...

O que eu digo [...] você não entende agora, mas compreenderá depois!...

É justo e sadio chorar os nossos amados...

O que não é certo é perguntar por que em mundo que mata tanto todos os dias, gente que amemos também possa e venha a morrer?...

Além disso, o fato de ter sido um seqüestro seguido de assassinato, do ponto de vista de Jesus, não muda nada; posto que Lhe tenham falado das desgraças e maldades praticadas por Pilatos, ou do acidente idiota na Torre de Siloé, e, a tais narrativas, Ele não acrescentou nada em especial; visto que Dele não se tenha havido um “Oh!”; ou um “Ô”; ou um “Que coisa!”...

Não! Ele apenas disse: “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis!”...

O fato é que Jesus não tem misericórdia e pena por ninguém que esteja partindo desse mundo para a morada do Pai!

Você teria?...

Sinto saudades... Choro... Abraço as memórias... Beijo meu filho no meu coração todos os dias... Mas não o traria de volta se pudesse... Sim, jamais desejaria a ele tal maldade de tê-lo de volta a esse mundo, uma vez que dele meu filho esteja livre para sempre...

Você acha mesmo que o sucesso Publicitário é para comparar com o nome dela publicado no Livro da Vida?...

Seu olhar está enterrado neste mundo, e, por isto, fica impossível hoje para você o alegrar-se na Glória de Deus!

Entretanto, eu lhe digo:...

Se tais “perdas” não nos projetarem para Deus pelo menos pelo afeto eternizado por filhos que já se foram para a Casa Eterna, pergunto: quando então se amará a eternidade ainda vivendo neste mundo?...

Será que um crente só deseja e celebra a eternidade quando o câncer já comeu tanto os órgãos, que a dor é tão desesperadora que a pessoa quer ir para Deus não por Deus, mas apenas para ficar livre da dor?...

É mesmo assim?...

Deus é apenas uma alternativa ao desespero da dor sem cura neste mundo?...

Ora, se é assim Deus ainda não é amado por nós!...

Chore! Chore! Chore! Pois dói demais!...

Mas chore enquanto vê sua filha em Glória; e, portanto, ao chorar, chore por você e não por ela; posto que se ela visse você lamentando a gloria dela, ela lhe diria:

“Mãe! Você não viveu para a minha felicidade?... Então, por que se entristece com minha plenitude em Deus?”

Além do que já disse, não tenho nada para dizer a ninguém e nem a você, minha amada irmã no Evangelho e no luto!...

Entretanto, sei que somente o Espírito Santo pode tornar alguém apto para discernir [...] e se consolar com tais realidades invisíveis...

Oro por você e pela sua casa... Oro pelo seu genro... Oro para que vocês se gloriem na esperança da glória de Deus, conforme se mande que seja para quem de fato crê em tudo o que confessa como fé em tempos de bonança...

Receba meu amor e minha solidariedade!

Nele, que ama nossos filhos mais do que em nosso egoísmo a gente consegue conceber o que seja amor,

Caio

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE segundo A DIDAQUÊ

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra". 2 Tm 3.16,17
Este texto no original grego tem uma peculiariedade muito interessante, ele pode ter duas traduções aceitáveis: "toda escritura é inspirada por Deus e útil..." ou "toda escritura inspirida por Deus é útil..."
A maioria das traduções bíblicas ficaram com a primeira e com certeza nos traz menos problemas, mas pelo menos uma ficou com a segunda opção: "Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça..." 2 Tm 3.16 Almeida Revista e Corrigida.

Que diferença isso faz? Bom para mim nenhuma, mas para os defensores dos livros apócrifos e pseudo-epígrafos pode fazer alguma (mais em
http://www.caminhocristao.com/?p=65 ). Mas o que creio, sem sombra de dúvida alguma, é que a Bíblia que temos em nossa mão não é uma imposição de uma "igreja" que não queria perder o poder, mas de um Deus todo-poderoso que preservou a Sua Palavra para edificar a sua Igreja. Quem estuda um pouquinho, com o mínimo de honestidade, a história da igreja e não consegue ver isso, está cego.

Este livro a DIDAQUÊ, na verdade coloco aqui a sua primeira parte, ficou por muito pouco, humanamente falando, fora do Cãnon bíblico definitivo. Ainda no primeiro século ele era usado para ensino dos novos convertidos, e antes que qualquer um fosse batizado precisava conhecê-lo e dar provas da sua fé em Cristo.

O seu ensino mostra uma fé viva, que se torna evidente no dia-a-dia, e não um conhecimento vazio que não transforma nada, nem ninguém. Os dois caminhos são tanto distintos
entre si como o dia e a noite, e eles podem nos servir como reflexão para onde estamos caminhando... "Mas o caminho dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito". Pv 4.18
BM
...
Instrução do Senhor para as nações segundo os Doze Apóstolos, O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE:

Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois.

Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.
Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, ore por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.
Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento, pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.
Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.

O segundo mandamento da instrução é:
Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não se prostitua, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.
Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.
Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.
A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, ore por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.

Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.
Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.
Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.
Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.
Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.
Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.
Seja manso pois os mansos herdarão a terra.
Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranqüilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.
Não louve a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.
Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.

Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada.
Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.
Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.
Não hesite sobre o que vai acontecer.
Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.
Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.
Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa.
Não rejeite o necessitado. Compartilhe tudo com seu irmão e não diga que as coisas são apenas suas. Se vocês estão unidos nas coisas imortais, tanto mais estarão nas coisas perecíveis.
Não se descuide de seu filho ou filha. Muito pelo contrário, desde a infância instrua-os a temer a Deus.
Não dê ordens com rudeza ao seu escravo ou escrava pois eles também esperam no mesmo Deus que você; assim, não perderão o temor de Deus, que está acima de todos. Certamente Ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas somente aqueles que foram preparados pelo Espírito.
Quanto a vocês, escravos, obedeçam aos seus senhores, com todo o respeito e reverência, como à própria imagem de Deus.
Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.
Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.
Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência.
Este é o caminho da vida!

Este é o caminho da morte:
Primeiro, é mau e cheio de maldições - homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.
Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados.
Filho, afaste-se disso tudo!
Mais sobre A DIDAQUÊ em http://www.mackenzie.com.br/7114.html

sexta-feira, 14 de maio de 2010

DEUS É QUASE TOTALMENTE AMOR? - Caio Fábio

"Nós amamos porque ele nos amou primeiro", e é disso que o Caio vai falar, este é para mim um dos seus melhores textos, por que é o nosso calcanhar de Aquiles. Nós não nos aceitamos como somos e nos achamos indignos do Amor. Alguém me ama do jeito que sou? Alguém realmente se preocupa comigo? Como, depois de tudo que fiz, pode alguém me amar? Estas perguntas precisam ser respondidas por nós mesmos.

No fim, uma mensagem em MP3 para ser baixada, onde o pregador nos faz refletir sobre o maior dos mandamentos...

BM

...

DEUS É QUASE TOTALMENTE AMOR?

Deus é amor, mas nós não cremos nisto de verdade!

Nada poderia nos ser mais favorável. Todavia, parece que para muitos de nós não é.

Deus ser amor!... assim... sem acréscimos... parece algo perigoso... e que é contra nós. Pelo menos contra os que controlam a cabeça dos outros, construindo uma “Idéia de Deus” para os que não “pensam e não entendem”, segundo eles próprios.

Na realidade quase sempre quando ouço algum Teólogo ou Pregador confessar que Deus é amor, tal declaração se faz acompanhar de um “mas”.

Sim, sempre há um “mas”, como se Deus ficasse incompleto sendo amor. Seria como se Deus fosse “somente apenas amor”. Por isso, em geral, quando se diz que Deus é amor, se acrescenta com um “mas também é”, que Deus é sempre relacionado a “justiça e santidade”... visto que os demais “atributos”, como eles designam—todo poder, todo saber, e todo ser-estar—, já parecem estar convenientemente bem definidos. Afinal, sem eles, não haveria “um Deus”.

A impressão que me dá é sempre a de que se está tentando fazer Deus mais forte, mais parecido com a gente, que somos juizes e santarados, e somos aqueles sem os quais “Deus nada pode fazer na Terra”.

Diz o Homem a Deus: Sem mim nada podes fazer! Eu sou a Videira, Tu és o Ramo!

Ora, de repente apenas crer que “Deus é amor” deixa tudo livre, fora do nosso controle, sem a nossa ajuda ou necessidade, sem que tenhamos que nos preocupar com nada...

E nem nos deixa ao menos o imperativo da vingança, da luta, da guerra, da defesa, da honra, da desonra, do juízo, da verdade comprovada, do saber vaidoso, da conquista gloriosa. Afinal, no amor, conforme ele mesmo, “sem amor... nada aproveita”.

Mas “Deus é amor” soa fraco, romântico, desautorizador de despotismo, demolidor de juízos fixos, e parece elevar demais o padrão dos “fiéis”, tirando-os do espírito de juízo e religiosidade, para o nível do entendimento misericordioso, o que, para a maioria, é a tarefa mais desagradável possível.

“Deus é amor, mas é também justiça e santidade”, dizem a fim de não deixar as coisas fáceis; ou pelo menos para não serem infiéis na descrição de uma Formula de Deus ou um Retrato Teológico de Deus.

Pregadores e Teólogos são os que mais sofrem dessa necessidade de acrescentar um “mas” ao simples “Deus é amor” de João.

Os teólogos, que são os alquimistas que estudam a formula da natureza da divindade, querem enuncia-la com clareza química aos alunos.

Já os pregadores, que são os pintores do Retrato Popular de Deus, desejam apresenta-Lo de uma maneira a faze-Lo parecer semelhante a eles mesmos. Por essa razão Deus tem que ser injusto, exigente, impiedoso, e interessado em dinheiro.

Ora, isto tem que ser assim porque simplesmente viver na graça do amor é um “caminho estreito” demais para as naturezas auto-justificadas, e, sobretudo, para aqueles que de fato nunca conheceram a Deus, que é amor. Isto apesar de pregarem em casamentos e dias mais poéticos acerca do “caminho sobremodo excelente”.

Dessa forma, tanto o enunciado da “Formula Deus” quanto também o “Retrato de Deus” precisam se parecer com nossas formulas e nossos próprios retratos humanos: santidade de aparência e justiça perversa.

Nós achamos que damos conta do recado da justiça e da santidade, e fugimos do amor. Para nós amor só serve para cantada, mas não é bom pra viver e conhecer.

Todos temem o encontro arrebatador com o amor!

Por isso, sempre há o tal do “mas”.

Deus é amor. E Ponto Eterno! Jamais Parágrafo!

Ele é amor, pois somente o amor é justo, posto que somente Aquele que é amor a tudo discerne, e, portanto, é também Ele mesmo Aquele que realiza a justiça como Justificação, visto que aquilo que já está Entendido, também já está Justificado no próprio amor que o discerniu. Só não justifica quem não viu com amor total, pois quem o fez, esse sempre encobre multidão de pecados.

Deus é amor, pois somente o amor julga sem passionalidade, e a falta de passionalidade, sempre realiza, no mínimo, uma justiça elevadora, pois no amor de Deus a justiça faz melhor até o justiçado. E o amor regozija-se com a verdade.

Ele é amor, pois somente o amor passa por todos os caminhos sem se poluir com nada, e sem deixar que seu curso seja desviado por qualquer que seja a tentativa, sendo, portanto, impoluível, e, indesviável; e, desse modo, Santo, Santo, Santo.

O amor de Deus não se alegra com a injustiça, por isto jamais pune para sempre, pois, punir para sempre não é da natureza de Deus, posto que não é amor, visto que seria uma justiça sádica e uma alegria injusta praticar tal justiça, a menos que haja no tempo algum mal maior que o bem da eternidade.

No amor não existe medo porque o amor triunfa sobre qualquer juízo.

O amor tudo sofre, tudo crê e tudo suporta porque o amor já sabe o fim. O amor vence!

Deus é amor! Ponto Eterno!

Bem-aventurado quem nada tiver a acrescentar!

Caio Fabio - http://www.caiofabio.net/

...

Para ouvir:

Cláudio Manhães - O maior dos mandamentos não é um dos mandamentos?

(baixe e ouça em MP3)

http://www.ibab.com.br/mensagens/20100214_cm.mp3

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A ESTRADA MENOS PERCORRIDA por Gerson Borges


Sou um jornalista. Não, não um profissional da imprensa escrita, televisiva ou do rádio. Sou jornalista no senso da palavra inglesa para o registro diário (ou quase) da vida, "journal writing". Mantenho um diário (ou semanário, vá lá) aonde anoto minha jornada existencial. Comecei simplesmente registrando leituras bíblicas e seus significados, hábito da adolescência. O que Deus me falava ao coração ficava gravado nos meus cadernos. Logo percebi que era bom e espiritualmente animador tomar nota de frases significativas das minhas leituras.

Se era uma idéia boa, um insight inusitado, algo criativo ou perturbador da consciência, caderno nele. Desenvolvi o hábito da leitura sublinhada e anotada. Até a coisa virar terapia. No começo da vida adulta, fui percebendo que, ao escrever sobre acontecimentos diários, coisas pequenas, efemeridades e crises terríveis, desesperos, a alma respirava aliviada. O coração (re) animava-se. A vida voltava aos trilhos do comum e do extraordinário. E tudo isso debaixo do olhar afetuoso de Deus, a cada passado da jornada.

Jornada.

Esse é mesmo um nome adequado para a Vida Espiritual. Um passo por dia, um dia por passo e a vamos caminhando. Escrever sobre o itinerário, as estradas, os caminhos e descaminhos da jornada é quase a jornada em si. Christina Baldwin, em seu livro "Life’s companion", concebe a prática de manter um Diário Espiritual como "uma busca espiritual". Penso que Anne Frank, ao registrar seus pensamentos e sentimentos, suas angústias e pavores do horror nazista no seu Kitty, nome que dava ao seu diário, de modo algum imaginava que, por ter sido preservado por Miep Gies, ao ser publicado em 1947 chegaria aonde chegou, traduzido em 68 línguas e um dos livros mais lidos do mundo. O que ela queria, nas palavras de outro sobrevivente da barbárie de Hitler, Victor Frankl, era "um desejo e uma vontade de sentido".

Sentido.

Escrevo Diários não porque a minha vida faz sentido, mas para dar sentido à minha vida. Religião pode ser muito irrelevante e sem significado, denuncia a obra-prima de Thomas Merton, "A montanha dos sete patamares". Nesse livro, extremamente íntimo e pessoal, o escritor e monge trapista narra o vazio da sua infância e adolescência como protestante nominal. Aliás, Merton é um dos meus jornalistas preferidos. Seus Diários são uma vigorosa e apaixonada mistura de poesia e oração. O sinal de Jonas é um exemplo: "Nada deve atrapalhar um monge de orar, nem mesmo escrever um livro", ele diz com gostosa ironia. As duas coisas se confundem e se misturam o tempo todo quando quando se mantém um Diário Espiritual, a narrativa pessoal e a oração.

Oração.

Quando escrevemos nossa oração, a exemplo dos salmistas, orar é diferente. As frases feitas, as expressões religiosas vagas, vazias e vãs podem, afinal, ser percebidas. Pensamos no que escrevemos ainda que nem sempre escrevamos o que pensamos, já que, como diz Henri Nouwen, outro ardoroso escritor de maravilhosos Diários, "escrever assim é um ato de confiança”. Não sabemos aonde a caneta vai nos levar. Mas nos submetemos aos fluxos da alma, às correntezas do coração e da mente, ao fruir da vida interior. Os Diários de Nouwen, como "The Genesee Diary", em que ele relata de modo imensamente inspirativo sua experiência sabática num Mosteiro Trapista (sim, Nouwen foi influenciado diretamente pela literatura e espiritualidade, arte e devoção de Merton), ou "O caminho do amanhecer", sua narrativa da renúncia do cargo de professor titular em Harvard para cuidar de deficientes na Arca, no Canadá.

Luz e sombra. Fé e dúvida. Paz interior e angústia espiritual. Isso tudo nos é comum. O que não é comum é desfrutar dos benefícios que brotam no hábito de mapear esses sentimentos e experiência numa narrativa.

Narrativa.

Lucy Shaw, escritora anglicana que admiro, professora do Regent College e amiga próxima de Eugene Peterson, uma vez proferiu uma conferência intitulada "A Palavra Narrada: As Implicações Teológicas da Estória" ("A Narratable Word: The Theological Implications of Story") e, nessa criativa palestra, Shaw ensina:

"Narrativa é uma palavra originalmente derivada da expressão latina noscer - conhecer – e um outra com a qual se relaciona, gnarus, conhecer, saber algo. Talvez seja, portanto, outra forma de dizer que estórias, narrativas, é o modo por meio do qual tomamos conhecimento do mundo".

Sim, é isso mesmo. Ao narrarmos nossa vida, tomamos conhecimento dela, entramos em contato com nossa realidade e notamos como estamos inseridos numa narrativa maior, humana e divina. A Bíblia é narrativa e poesia. Muito pouco na Bíblia é discussão, defesa argumentativa, etc. Talvez as Cartas de Paulo. Mesmo assim, sua criatividade e inteligência, inspiradas pelo Espírito Santo, fazem da conversa teológica um coisa muito, muito bela – e pessoal. Paulo faz uma teologia na primeira pessoa visando a Comunidade. Paulo, ao contrário de muitos filósofos e teólogos, não é uma abstração, é uma pessoa.

Pessoa.

Somos tão complexos, não é mesmo? Podemos ter tanto know how profissional, tantos saberes e competências técnicas, mas e quanto à nossa alma, o que sabemos? Num tempo quando o neo-ateísmo de Dawkins, Hichtens e Harris, entre outros, zombam da idéia da espiritualidade cristã ao afirmarem que a alma é a mente e a mente é química e eletricidade facilmente mapeada pelo computador medicinal, pergunto: o Homo Sapiens, o " Home-que-sabe", nós, da sociedade da informação, sabemos quem somos? Basta ler o jornal (no outro sentido) e responder que... não.

Buscamos a resposta fora de nós. Quem nos define, por exemplo, é o consumismo. O homem de hoje é aquilo que ele consome. Basta olhar ao redor e ver outdoors ambulantes a serviço das grandes corporações. Outro dia dei risada ver uma foto do presidente Lula ao lado de Fidel Castro, que usava um casaco da ...Nike. Sabe o que é o homem, eu e você? Contradição.

Contradição.

Ser inimigo do que se diz. Contrariar o que se afirma. Dizemos que amamos. E matamos uns aos outros sem parar. Dizemos que cremos em Deus. E vivemos como se Ele não existisse. Dizemos que a natureza é boa e bela. E a destruímos pouco a pouco – ou muito a muito – como, no século passado e nas últimas décadas.

Só me dou conta da imensa contradição que eu sou quando olho para dentro de mim. Isso se dá de modo único quando escrevo meu dia-a-dia, minha noite-a-noite, quando descrevo e narro minha jornada. Narrar, nas orações simples do meu diário espiritual, tristezas, frustrações, conquistas, alegrias, chegadas, partidas, vitórias e vergonhas – eis o que mais me aproxima de Deus, de mim mesmo e dos outros.

O ato de auto-narrar a minha vida pode ser dito de outro modo pelas pavras de M. Scott Peck, psicanalista cristão: "a estrada menos percorrida". Temos medo do que se revela nas páginas de um caderno sincero. Temos medo do que se esconde nos nosso pesadelos ou mesmo nos sonhos bons. Mas, por exemplo, escrever os sonhos assim que se acorda é uma grande ferramente de auto-conhecimento, como me ensinou meu querido Osmar Ludovico.

Tenho dado um passo para frente e dois para trás nessa história. Tem épocas que nem sem onde foi parar o tal caderno. Outros momentos, eu encho páginas e páginas, num frenesi catársico que só Deus e eu testemunhamos. Mas eu não vivo mais sem meus diários. Meus diários mudaram a minha vida. (D)Escrevo meus problemas neles e deixo descansando. Sem narrar o que a vida me dá e me toma, o que eu gozo ou perco, o que eu experimento da Graça dentro da graça dentro da graça, como viver? A Salvação é uma jornada que começa agora.

Gerson Borges, pastor da Comunidade de Jesus em São Bernardo, é poeta e músico. Foi de umas de suas músicas que tomei emprestado o sub-título deste blog... "Jesus Nazareno é tudo que eu tenho pra te dar".
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