"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

sábado, 26 de março de 2011

O UNO, EU e O DEUS TRIÚNO


Esta semana foi atípica, nada rotineira, comecei o domingo passado comemorando, celebrando a vida de meu filho Matheus (18) e de minha filha Bruna (12), um entrando na fase adulta e a outra na adolescência. Após dois domingos ouvindo o nosso Pr. Alexandre falar sobre consagração, Deus colocou no meu coração o propósito de não assistir nenhum filme nem série (House, The Good Wife, In Treatment) durante os dias de feira, com a graça dEle percebi que precisava me dedicar muito mais a Sua Palavra e a solitude. Deu certo, fui agraciado e consegui finalizar a semana assim.


Porém ontem, por volta das 15:oo hrs, aconteceu algo fora do planejado, a foto acima é fruto disso. Estava eu na entrada da avenida Recife e final da BR-101, quando por uns poucos segundos fiquei meio absorto, pensando em não sei o quê, e quando olhei para frente vi carros parados na faixa de velocidade maior, sem nehum motivo aparente, só deu tempo de frear, só que frear não foi o bastante... Em um segundo eu estava na traseira de outro veículo.


Bom, graças a Deus os prejuízos foram só financeiros. No momento a preocupação foi voltar a realidade (parece que ela era virtual) e ver como a motorista da frente estava, pois o impacto deve ter sido por volta dos 4o km/h. A moça estava bem, mas só fazia chorar. Na hora tomei atitudes práticas e não pude perceber a situação como um todo. Precisava correr para chegar ao banco e terminar de resolver os negócios pendentes, e ás 16:30 tinha um encontro com a turma do Novo Jeito (http://www.novojeito.com/), aliás Deus nos surpreendeu e se fez presente ali.


A noite a ficha começou a cair e a adrenalina subiu um pouco. Não sei da onde veio a lembrança, quer dizer eu sei sim. Fui lembrado de um Uno (Uno 1.5 R da minha mãe), de um ano (1990), e de uma avenida (Av. Recife). Me lembrei que a exatamente 21 anos atrás eu vinha 'pilotando' este Uninho, saindo da casa da minha futura esposa e indo para casa, e um pneu dianteiro estorou no mesmíssimo local da batida, só que eu estava testando quanto aquela máquina dava. Eu estava a uns 160 km/h.


Naquele dia nada de mal me aconteceu, o carro não perdeu o controle não sei como (quer dizer eu sei sim), eu parei não sei como (eu sei sim), troquei o pneu num lugar deserto e perigoso, e fui para casa. Você pode achar que é só coincidência, eu acho que não. Eu fui lembrado e exortado por Deus que Ele sempre cuidou de mim, apesar de mim mesmo e nada, nada escapa ao seu cuidado e provisão.


Hoje mais uma vez me lembro daquela frase, "EU NÃO SEI O QUE O AMANHÃ ME TRARÁ, MAS EU SEI QUEM TRAZ O AMANHÃ", numa paráfrase eu diria - EU NÃO SEI QUE AVENTURAS COM O UNO ENFRENTAREI, MAS EU SEI QUEM DIRIGE A MINHA VIDA, OS UNOS E O TODAS AS COISAS- "Sabemos que todas coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo 0 seu propósito" (Romanos 8.28).


Alguns causos de Uno e myself:

O Uno e eu - o carro dos dois relatos acima. E também o primeiro carro que bati no trânsito (1989), duas vezes no mesmo dia (uma no Barão de Souza Leão e outra no portão de casa) por causa da pressa em encontrar com a namorada, Ana Paula (futura Macedo). O segundo era igual a foto acima.


O Uno e eu - o carro que atolei num canteiro fresquinho do Shopping Center Recife, no dia da inauguração da terceira etapa (1989) e que só saiu do 'atoleiro' após um caminhão do corpo de bombeiros (presente no local por causa da inauguração) rebocá-lo.


O Uno e eu - o carro okm que vendi em 1992 para fazer às pressas o enxoval de casamento (uma dica: quando se casar não chame somente padrinhos muito jovens ou meio lisos, seja mais sabido e menos sábio).


O Uno e eu - o carro (Uno CSL 4p) que ganhei de meu pai como presente de casamento, após ver meu 'sacrifício' e ficar a pé.


O Uno e eu - ele estava com saudades de mim e me encontrou ontem para darmos uma voltinha. Quero agradecer ao meu sobrinho Arthur Filipe Leite de Macedo por emprestá-lo e deixá-lo fazer parte da minha vida novamente. Valeu Arthur (a conta depois a gente acerta)!

segunda-feira, 21 de março de 2011

RENOVANDO TODAS AS COISAS por Henri Nouwen

EXTRATOS DE RENOVANDO TODAS AS COISAS

1. Trabalho árduo

A vida espiritual é um dom. É o dom do Espírito Santo que nos eleva para o Reino do amor de Deus, mas dizer que ser elevado para o Reino do amor é um dom divino não significa que vamos esperar passivamente até que o presente seja concedido a nós.

Jesus diz que nosso coração tem de estar no Reino. Pôr o coração em alguma coisa presume não só uma aspiração séria, mas também uma forte determinação. A vida espiritual requer esforço humano. As forças que nos desviam para uma vida cheia preocupações não são fáceis de superar.

Jesus exclamou: "como é difícil aos ricos entrar no reino de Deus!" (Mc 10.23). Para convecer-nos da necessidade do trabalho árduo, Ele diz: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16.24).


2. A voz mansa e suave

Uma vida espiritual sem disciplina é impossível. Disciplina é o outro lado do discipulado. A prática da disciplina espiritual nos torna mais sensíveis à voz mansa e suave de Deus. O profeta Elias não encontrou Deus no vendaval, nem no terremoto, nem no fogo e sim no murmúrio de uma brisa (I Rs 19.9-13).

Através da prática da disciplina espiritual nos tornamos atentos para a essa voz suave e dispostos a responder quando a ouvimos.

3. De uma vida absurda para a vida obediente

De tudo o que já foi dito sobre a nossa vida cheia de preocupações, fica claro que sempre estamos rodeados por tanto barulho externo que é quase impossível ouvir o nosso Deus quando Ele está falando conosco. Muitas vezes tornamos-nos surdos, incapazes de saber quando Deus nos chama e de entender o que Ele fala. Assim, nossas vidas se tornaram absurdas.

Na palavra absurdo encontramos a palavra latina surdus que significa surdo. A vida espiritual requer disciplina porque precisamos aprender com Deus, que fala constantemente, mas a quem raramente ouvimos. Quando, porém, aprendemos a ouvir, nos tornamos obedientes.

A palavra obediência vem do latim audire, palavra que significa ouvir. A disciplina espiritual é necessária para a lenta jornada de uma vida absurda para uma vida obediente, de uma vida cheia de ruídos e preocupações para uma vida em que haja algum espaço livre interior, onde podemos ouvir o nosso Deus e seguir sua orientação.

A vida de Jesus foi uma vida de obediência. Ele estava sempre escutando o Pai, sempre atento à sua voz, sempre alerta à sua direção. Jesus era um "ouvinte pleno". Esta é a verdadeira oração: ouvir a Deus plenamente. O centro de toda oração é, de fato, ouvir, permanecer em atitude de obediência na presença de Deus.

4. O esforço concentrado

A disciplina espiritual, portanto, é o esforço concentrado para criar um espaço interior e exterior em nossa vida, onde esta obediência possa ser praticada. Por meio da disciplina espiritual impedimos o mundo de preencher nossas vida de tal forma que não há lugar para ouvir. A disciplina liberta-nos para orar, ou melhor dizendo, permite que o Espírito de Deus ore em nós.

5. Tempo e Lugar

Sem a solitude é praticamente impossível viver uma vida espiritual. A solitude começa com um tempo e um lugar para Deus, e só para Ele (Leia Mateus 6). Se crermos que Deus não apenas existe, mas também está ativamente presente em nossa vida - curando, ensinando e guiando -, precisamos separar um tempo e um lugar para Lhe dedicar nossa atenção total. Jesus diz: "Vá para seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que está em secreto" (Mt 6.6).

6. Caos interior

Buscar solitude em nossa vida é um dos aspectos mais necessários da disciplina e também a mais difícil das disciplinas. Embora desejamos a verdadeira solitude, também passamos por certa apreensão a medida que nos aproximamos do seu lugar e do seu momento. Assim que nós estamos sozinhos, sem pessoas para conversar, livros para ler, TV para assistir ou tefefone para falar, um caos interior começa.

O caos pode ser tão perturbador que não vemos a hora de voltar a atividade. Portanto entrar no quarto e fechar a porta não significa que eliminamos imediatamente do nosso interior todas as dúvidas, ansiedades, medos, más lembranças, conflitos não resolvidos, sentimentos de ira e desejos impulsivos. Pelo contrário, depois de nos afastar de todas as outras distrações, logo descobrimos que nossas próprias distrações se manifestam com força total.

Em geral utilizamos as distrações exteriores como proteção contra os ruídos interiores. Por isso não é de surpreender que tenhamos dificuldades em ficar sós. O confronto com nossos próprios conflitos pode ser muito doloroso de suportar.


Isto é o que faz com que a solitude seja muito importante. A Solitude não é uma resposta espontânea de uma vida ocupada e preocupada. Existem muitas razões para não estar sozinho. Portanto, devemos começar a planejar cuidadosamente nosso tempo de solitude.

7. Escreva claramente (Agende seu compromisso com Deus)

Cinco ou dez minutos por dia pode ser tudo o que podemos tolerar para começar nesta disciplina . A quantidade de tempo irá variar para cada pessoa de acordo com o temperamento, idade, profissão, estilo de vida e maturidade. Se não reservarmos algum tempo para estar a sós com Deus e escutá-Lo é porque não levamos a vida espiritual a sério. Talvez seja preciso anotar na agenda para que ninguém, nem nada, nos tire este tempo, assim poderemos dizer aos amigos, vizinhos, alunos, clientes ou pacientes: "Sinto muito já tenho um compromisso nesse horário".

8. Bombardeado por milhares de pensamentos

Uma vez que nós nos comprometemos a passar um tempo na solitude, desenvolvemos uma atenção à voz de Deus em nós. No início nos primeiros dias, semanas ou mesmo meses, possamos ter a sensação de que estamos apenas perdendo nosso tempo. O tempo em solitude no inicio pode parecer pouco maior que o tempo em que somos bombardeados por milhares de pensamentos e sentimentos que emergem das áreas ocultas da nossa mente.

Um antigo escritor cristão descreveu o primeiro estágio da oração em solitude com a experiência de alguém que, depois de anos vivendo com as portas abertas, resolveu fechá-las. Os visitantes acostumados de entrar na casa começaram a bater à porta, querendo saber porque não podiam entrar. Só de perceberem que não são ben-vindos pararam de vir.

Esta é a experiência de quem decide entrar na solitude depois de uma vida sem alguma disciplina espiritual. No começo surgem muitas distrações. Mais tarde, quando elas recebem menos atenção, elas lentamente se retiram.

9.Tentação de fugir

É claro que o que importa é a fidelidade à disciplina. No inicio a solitude parece tão contrária aos nossos desejos que ficamos constantemente tentados a fugir dela. O meio de escapar é através dos devaneios ou simplesmente cair no sono. Contudo, quando somos fiéis à nossa disciplina, na convicção de que Deus está conosco, mesmo quando não conseguimos ouvi-lo, aos poucos descobrimos que não queremos perder nosso tempo a sós com Deus. Embora não tenhamos grande satisfação com a solitude, descobrimos que um dia sem solitude é menos espiritual que quando a temos.

10. O primeiro sinal de Oração

Sabemos por intuição que é importante dedicar tempo a solitude. Até começamos a aguardar este momento de inutilidade. O desejo de estar em solitude geralmente é o primeiro sinal de oração, a primeira indicação de que a presença do Espírito de Deus não passa mais despercebida.

À medida que nos esvaziamos das nossas muitas preocupações, passamos a perceber não só com a nossa mente, mas também com o nosso coração, que nunca estivemos realmente sós, que o Espírito de Deus esteve conosco o tempo todo. Por isso começamos a entender as palavras de Paulo: "Sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo que Ele nos deu" (Rm 5.3-6).

11. O Caminho da Esperança

Por meio da solitude conhecemos o Espírito que já foi concedido a nós. Por isso, as dores e as lutas que encontramos em nossa solitude tornam-se o caminho da esperança, porque nossa esperança não se baseia em algo que vai acontecer depois de vencermos nossos sofrimentos, mas na presença real do Espírito restaurador de Deus em meio a esses sofrimentos e lutas.

A disciplina da solitude permite-nos entrar em contato com a presença esperançosa de Deus em nossa vida e nos permite também experimentar, mesmo agora, hoje, o início da alegria e da paz que pertencem (em plenitude) ao novo céu e a nova terra.

A disciplina da solitude, como a descrevo aqui, é uma disciplina eficaz para o desenvolvimento de uma vida de oração. É uma maneira simples, mas não fácil, de nos livrarmos da escravidão de nossas ocupações e preocupações e começar a ouvir a voz que renova todas as coisas.


Henri J. M. Nouwen - Extratos do Livro RENOVANDO TODAS AS COISAS, publicado em CLÁSSICOS DEVOCIONAIS de Richard Foster e James Bryan Smith Págs. 116-124, com algumas traduções próprias diretamente do inglês .

domingo, 20 de março de 2011

CORAÇÃO COMPUNGIDO E CONTRITO por Ricardo Barbosa

"Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás"
(Salmos 51.17)
Uma das marcas do nosso tempo é o abandono do temor a Deus. Temor é uma palavra que a cultura contemporânea excluiu do dicionário. No lugar dela, cresce a busca pela autoconfiança. Uma vez que não temos nenhum referencial fora de nós, assumimos que somos nosso próprio deus. Num mundo assim, não existem limites ou fronteiras. Tudo é possível, permitido e aceitável. Surge então um desequilíbrio perigoso.

A oração do rei Davi no
Salmo 51 é uma das pérolas da Bíblia. Não posso imaginar a vida sem essa oração, que nos conduz às profundezas da alma humana. Encontramos nela o espelho dos movimentos mais profundos de nossas emoções. Ela descreve a anatomia da alma humana e demonstra um equilíbrio maduro entre o temor a Deus e uma autoestima saudável.

O contexto é bem conhecido. Trata-se do terrível adultério do rei Davi com Bate-Seba, seguido da trama para matar seu marido, Urias. O plano perverso de Davi acontece. Depois da morte de Urias, ele se casa com Bate-Seba e o filho nasce. Porém, Davi não consegue conviver em paz com seu pecado. Graças a Deus por isso. Ele tentou esquecer, remendar, mas nada adiantou. Seu corpo começou a sentir o peso do pecado. Por mais que a cultura moderna nos tente convencer que o pecado não existe, seus sinais estão por toda parte.

Não havia sacrifício para o pecado de Davi, já que o crime que cometeu fora premeditado. É por isso que ele diz: “Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos”. Davi então entende que o sacrifício com o qual Deus se agrada é um espírito quebrantado e um coração compungido e contrito. Pouca coisa descreve melhor a necessidade humana do que essa declaração. Algumas razões:

Um espírito quebrantado e um coração contrito nos conduzem à realidade sobre quem somos. Observe os pronomes usados por ele: “minhas transgressões; minha iniquidade; meu pecado; eu pequei contra ti; eu fiz o que é mau, eu nasci na iniquidade”. Davi tem consciência de quem ele é. Isso nos ajuda a parar de jogar e brincar com a vida - a nossa e a dos outros. Por causa desse coração e espírito, ele assume seu erro e pecado. Não busca justificar seu erro com o erro dos outros, com aquelas desculpas conhecidas: “todo mundo faz o mesmo”, “não tive escolha”, “fui pressionado”. Ele não diz que foi “consensual”. Adultério é adultério, mesmo sendo consensual. Ele sabe que sua ofensa atinge primeiramente a Deus: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos; esconde o rosto dos meus pecados; não me repulses da tua presença, nem me retires teu Santo Espírito”.
É a Deus que ele ofendeu, antes de Bate-Seba e Urias. É isso que o temor a Deus produz.Essa oração nos conduz também a uma compreensão real sobre Deus. Veja a forma como ele se refere a Deus: compaixão, benignidade, misericórdia, amor, justiça, santidade. Ao pedir para ver a glória de Deus, Moisés ouviu a seguinte resposta: “Farei passar toda a minha bondade diante de ti... terei misericórdia e compaixão”. Davi volta-se para essa revelação, para o amor eterno, amor da aliança. É nesse amor que ele se apega. É nessa compaixão que ele deposita sua confiança.

É uma oração que nos conduz a um milagre. Encontramos nela afirmações enfáticas: “Purifica-me, lava-me, faze-me ouvir júbilo e alegria, cria em mim um coração puro, renova dentro em mim um espírito inabalável, apaga as minhas transgressões, restitui-me a alegria da salvação, sustenta-me com um espírito voluntário, livra-me dos crimes, abre meus lábios”.
Ao suplicar pelo milagre de um coração puro, Davi usa a mesma palavra de Gênesis 1: Deus criando a partir do nada. Somente ele pode criar uma nova realidade, uma nova criação. É exatamente o que Jesus veio fazer: “Eis que faço novas todas as coisas”.


Deus não despreza um espírito quebrantado e um coração contrito. É somente com um temor sincero para com ele que podemos desenvolver uma compreensão clara sobre nós. É essa atitude que torna possível ao ser humano construir uma autoconfiança saudável.

Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.
http://www.ultimato.com.br/?pg=show_artigos&secMestre=2641&sec=2664&num_edicao=324

sábado, 5 de março de 2011

A SIMPLICIDADE INTERIOR E A VIDA INTEGRADA por Richard J. Foster

Nossa falta de integração

A simplicidade interior é o que pode produzir uma "pessoa integrada". Mas o que é uma pessoa integrada? É o contrário de uma pessoa desintegrada. Isto parece um trocadilho, mas é comparando os opostos que se tornam claros esses conceitos.

A pessoa desintegrada é aquela que perdeu a identidade como um bloco único. Parece que ela é um amontoado de pedaços: mãe, filha, estudante, trabalhadora, participante de um grupo etc. Isso tudo é uma realidade na nossa vida e não sei se há como fugir dela. O problema, no entanto, reside no fato de que a pessoa passa a viver uma vida em pedaços, não sabendo mais quem ela é. É como se ela fosse uma máquina realizando várias funções. Como o que sustenta essa máquina é a urgência dos compromissos, ela acaba realizando de modo automático várias coisas e não se apercebe mais daquilo que realmente lhe interessa, do porquê fazer aquelas coisas, enfim... É como se seguisse um fluxo sem saber por que o está seguindo. Passa a viver uma vida internamente dispersa, sem consciência, sem reflexão, sem integração.

Disparamos aqui e ali tentando desesperadamente cumprir as muitas obrigações que pesam sobre nós. Aos trancos, alternamo-nos entre os compromissos do trabalho e as responsabilidades da família. Enquanto estamos ocupados atendendo às necessidades de um filho ou cônjuge, sentimo-nos culpados por negligenciar as exigências do trabalho. Quando atendemos às pressões do trabalho, tememos estar falhando com a família. Naquelas raras ocasiões em que conseguimos equilibrar as duas com sucesso, as questões mais amplas da nação e do mundo sussurram chamados irritantes de serviço. Se alguém precisa de simplificação da vida, somos nós.

Dentro de todos nós existe um conglomerado de "eus". Há o eu tímido, o eu corajoso, o eu dos negócios, o eu que é pai ou mãe, o eu religioso, o eu literário, o eu enérgico. E todos estes eus são individualistas rudes. Nada de barganha ou transigência para eles. Cada um berra a fim de proteger seus interesses assegurados. Se é tomada uma decisão de passar uma noite tranqüila ouvindo Chopin, o eu dos negócios e o eu cívico se erguem em protesto ante a perda de tempo precioso. O eu enérgico anda de um lado para outro, impaciente e frustrado, e o eu religioso nos relembra das oportunidades perdidas de estudo ou contato evangelístico. Se a decisão é a de aceitar uma nomeação para o conselho de serviços humanos, o eu cívico sorri de satisfação, mas todos os eus excluídos fazem obstrução. Não admira que nos sintamos perturbados e divididos.

Na verdade, isso não é nenhum pouco estranho para nós. Quanto não conversamos entre nós sobre a organização do tempo e, por tabela, sobre esses muitos eus? Fazemos isso muitas vezes e a conclusão a que chegamos é que é necessário EQUILIBRAR as coisas. Ficamos como um mosaico todo feito de partes.

Achando o Centro

Senti isso durante longos anos, mas um fato mudou minha vida. Ainda me lembro da manhã chuvosa de fevereiro dentro de um aeroporto de Washington, D.C., muitos anos atrás. Exausto, afundei numa poltrona para esperar o meu vôo. Como sempre, eu havia levado material para ler a fim de aproveitar bem os momentos livres. Pela primeira vez na vida, abri o "Testamento de Devoção", de Thomas Kelly.

De pronto, ele me prendeu a atenção ao descrever perfeitamente a minha condição e a condição de tantos que eu conhecia: "Sentimos honestamente a tensão de muitas obrigações e tentamos cumpri-las todas. E ficamos infelizes, inquietos, tensos, oprimidos e temerosos de sermos superficiais."

Sim, eu tinha de confessar que me encontrava nestas palavras. Para todos os que me viam, eu estava confiante e no comando, mas por dentro estava cansado e disperso. Então meus olhos deram com palavras de esperança e promessa: "Temos pistas da existência de uma forma de vida imensamente mais rica e profunda do que toda esta existência frenética, uma vida de serenidade e paz e poder tranqüilos. Se tão somente pudéssemos adentrar suavemente esse Centro!"

Instintivamente, eu soube que ele falava de uma realidade além da que eu já conhecera. Por favor, entenda-me, eu não era ímpio ou irreverente, justamente o oposto. Meu problema era eu ser tão sério, tão preocupado em fazer o que era certo que me sentia compelido a atender a todo chamado para servir. E, afinal, eram oportunidades maravilhosas de ministrar em nome de Cristo.

Então me veio a sentença que daria início a uma revolução interior: "Temos visto e conhecido algumas pessoas que parecem ter encontrado este Centro profundo de vida, onde os chamados mal-humorados da vida estão integrados, onde o Não, bem como o Sim, podem ser ditos com confiança."

Esta capacidade de dizer Sim e Não a partir do Centro Divino me era estranha. Eu sempre orava a respeito das decisões, e, contudo, por vezes em demasia, respondia sobre se a ação me colocaria ou não numa luz favorável. Dizer "Sim" a apelos de ajuda ou oportunidades de servir geralmente trazia consigo uma aura de espiritualidade e sacrifício. Eu podia dizer "Sim" facilmente, mas não tinha a capacidade de dizer "Não". O que as pessoas pensariam de mim se eu recusasse?

Sozinho, permaneci sentado no aeroporto vendo a chuva bater contra a janela. Lágrimas caíram sobre meu casaco. Era um lugar santo, um altar, a poltrona onde eu me encontrava sentado. Eu jamais seria o mesmo. Silenciosamente pedi a Deus que me desse a capacidade de dizer "Não" quando isso fosse certo e bom.

O Teste

De volta à casa, fui de novo apanhado num turbilhão de atividades. Mas eu tomara uma decisão – as noites de sexta-feira seriam reservadas para a família. Foi uma decisão pequena na época. Ninguém além de mim realmente sabia a este respeito. Contei à família de uma maneira casual, indiferente. Eles não sabiam que era um compromisso com valor de pacto, uma decisão crucial. Para falar a verdade, nem eu sabia. Apenas parecia a coisa certa a fazer, dificilmente o que se poderia chamar de uma diretriz dada por Deus.

Mas então veio o telefonema. Era um executivo denominacional. Será que eu estaria disposto a falar ao seu grupo na sexta-feira à noite? Ali estava outra oportunidade maravilhosa.

Minha reação foi casual, quase inconsciente: "Oh, não, não posso."

A resposta também foi casual: "Oh, você já tem compromisso?" Senti que estava num beco sem saída.

Naqueles dias, eu não sabia que podia mui legitimamente dizer que de fato tinha um compromisso muito importante. Cautelosamente, mas com determinação, respondi simplesmente: "Não", sem tentar justificar ou explicar minha decisão.

Seguiu-se longo período de silêncio que pareceu durar uma eternidade. Eu quase podia sentir as palavras: "Onde está a sua dedicação?" vindas pelos fios telefônicos. Eu sabia que tinha tomado uma decisão que me fazia parecer menos espiritual a alguém com quem eu genuinamente me importava.

Após um momento, compartilhamos algumas amabilidades e ele desligou; mas quando o fone tocou o gancho, gritei intimamente: "Aleluia". Eu havia me rendido ao Centro. Havia tocado a margem da simplicidade, e o efeito era eletrizante.

Deus em Nós ou Nós em Deus?

É interessante como essa experiência me auxiliou a viver uma vida integrada. Eu não deixei de me dedicar ao trabalho de Deus, mas o que aconteceu foi que as demais coisas que fazia ganharam um novo status, um novo valor. Na verdade, comecei a reconhecer a Deus em todo o meu viver. Eu era profundamente comprometido, mas não estava integrado ou unificado. Achava que servir a Deus era outra obrigação a ser acrescentada a um horário já bem ocupado. Mas aos poucos passei a ver que Deus desejava estar, não nas bordas, mas no centro da minha experiência. A jardinagem já não era uma experiência fora do meu relacionamento com Deus – descobri a Deus na jardinagem. Nadar já não era apenas um bom exercício – tornou-se uma oportunidade para comunhão com Deus. Deus em Cristo se tornara o Centro.

Na verdade, o que precisamos não é trazer Deus para nossa vida, mas mergulharmos na vida de Deus. Falei antes de Deus estar na periferia da minha vida. Na realidade, seria mais correto dizer que eu estava na periferia da Vida de Deus. Era eu quem precisava entrar no Centro, no Cerne. Uma coisa é Deus entrar em nós (e uma coisa muito necessária), mas é bem outra nós entrarmos em Deus. No primeiro caso, ainda somos o centro da atenção; no segundo, Deus é o ponto focal.

Quando Deus entra em nós, ainda temos certa autonomia; quando entramos em Deus, estamos DENTRO. Ele está em tudo, e através de tudo, e acima de tudo. Isto não é um panteísmo infantil, como se Deus pudesse ser capturado sem sua criação; é um monoteísmo maravilhoso, majestoso – um Deus a partir de quem toda vida é sustentada. É vida a partir do Centro Divino.

O oposto de nos atirarmos em Deus e viver a partir deste centro me traz novamente à lembrança a canseira causada pela tentativa de equilibrar tantos "eus". Ter a Deus como Centro é entrar em um grande rio e deixar-se levar pela corredeira, não precisando remar, mas deixando-se levar. É um corpo que cedeu aos movimentos do rio, o rio de Deus.

Tenho notado que me desgasto interiormente muito antes de fazê-lo exteriormente. Portanto, preciso tomar cuidado para não me tornar um monte frenético de energia oca, ativo entre pessoas, mas destituído de vida. Preciso aprender quando me retirar, como Jesus, e experimentar o poder restaurador de Deus. Lemos que Pedro se demorou em Jope por muitos dias com um certo Simão, um curtidor (Atos 9.43). Ao longo de nossa jornada, precisamos descobrir numerosos "lugares de permanência", onde possamos receber o maná celestial.

Extraído e adaptado de "Celebração da Simplicidade", Richard Foster; direitos autorais pertencentes à Editora Hagnos, edição atualmente esgotada. Richard Foster, autor e conferencista, tem raízes entre os quacres (Quakers), com os quais mantém ligações até o presente. É fundador de "Renovare", uma organização dirigida ao desenvolvimento e crescimento da vida espiritual entre os cristãos de todas as igrejas (www.renovare.org).

terça-feira, 1 de março de 2011

NITRO-GLICERINA por Ed René kivitz

O título deste post era SEXO, só isso. Porém o Blogger não permite essa palavra, isto é que é censura. Mas sexo é assim mesmo, naó é? é a primeira coisa que queremos saber sobre os nossos filhos (qual o sexo da criança? menina ou menino?) e a última sobre os nossos pais (eles fazem é? ou pior, eles ainda fazem isso?). Com ele, ou nele, podemos ter uma sensação de estarmos tocando o céu, e outras vezes nos sentimos como bichos, puro instinto.

Se este assunto lhe interessa e se você pretende crescer em graça, e tê-lo com qualidade e felicidade não deixe de ouvir, foi uma das melhores palavras que eu já ouvi sobre o assunto. E mais, Deus não é contra o sexo, foi Ele quem o criou, o sexo está no contexto da criação, a mesma que quando finalizada Ele diz:"E viu Deus tudo o que havia feito e tudo havia ficado muito bom", tudo foi feito para o nosso prazer e benção.

Por isso é bom ouvir de uma pessoa de Deus, o que Deus espera de nós neste campo minado. O homem caído tentou transformar o sexo em um deus, desprezando o criador, mas o toque de Midas ao contrário, deturpa e estraga o que é bom e faz doença aquilo que era saúde.

Sem mais delongas, aproveite para tirar suas próprias conclusões.


Ed René Kivtz em:
NITRO-GLICERINA Manuseie com cuidado SEXO. 


(Click no link, salve e escute: Mensagem em MP3): 
http://ibab.com.br/mensagens/download/sexo/audio

Depois você me diga se lhe fez bem,uma outra forma de perguntar: Foi bom para você?