"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)
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sábado, 10 de agosto de 2013

OS CURA D'ALMAS por Ed René Kivitz


Lou Marinof escreveu dois livros interessantíssimos: Mais Platão, Menos Prozac, e Pergunte a Platão, ambos publicados pela Editora Record. Seu objetivo é questionar a banalização dos processos de saúde da mente: a busca frenética de psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras, bem como a falsa crença de que existe um comprimido adequado para cada angústia da alma. Diz ele que “se você está chateado porque tem uma pedra no seu sapato, você não precisa de aconselhamento – precisa tirar a pedra do sapato. Falar sobre a pedra não fará seu pé parar de doer, por mais enfático que seja aquele que o escuta e qualquer que seja a escola terapêutica a que ele ou ela pertença. As pessoas que têm um problema físico devem buscar a ajuda de um clínico ou um psiquiatra. Algumas pessoas talvez não obtenham ajuda de Platão, assim como outras não obtém ajuda do Prozac. Algumas podem precisar antes de Prozac, depois de Platão, ou de Prozac e Platão juntos”.

Em outras palavras, tem gente que precisa de remédio, tem gente que precisa de conversa e terapia, e tem gente que precisa das duas coisas. Os remédios da vovó são excelentes, mas não curam tudo (na verdade, quase nada, mas pelo menos a gente sofre menos). Da mesma maneira, as conversas com os amigos são imprescindíveis, mas nem sempre suficientes. As enfermidades da mente exigem cuidado profissional, a atuação dos psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras. Mas tem muita gente confundindo angústia, tristeza e melancolia com depressão. Também é verdade que tem muita gente marcando consulta por razões banais, que poderiam ser bem resolvidas pela vovó ou um bom papo com um amigo. Certamente, os consultórios estão cheios de gente fazendo terapia e tomando remédio em detrimento de relações de afeto que seriam tão terapêuticas quanto o divã ou o Prozac.

Dito isto, que ninguém me acuse de ser contra fazer terapia, procurar um analista ou tomar um remédio contra a depressão ou qualquer outra síndrome que extrapola nossa competência leiga. Chego ao ponto: o aspecto espiritual. Eis algumas questões: qual o lugar da leitura disciplinada da Bíblia? em que momento se deve optar pelo quarto onde as portas se fecham para a oração em vez do consultório médico? qual a importância das amizades espirituais? em que medida deve-se buscar o Espírito Santo e seu fruto no espírito humano no lugar de um psicólogo ou um psicoterapeuta? o que querem dizer expressões como domínio próprio, perseverança, paciência na tribulação, fé e confiança na bondade e amor de Deus? quão verdadeiras (e em quais dimensões) são as promessas de Jesus a respeito de alegria completa e paz que excede o entendimento? enfim, será mesmo que devemos lidar com as sombras da alma, as feridas emocionais, os traumas psíquicos, e as enfermidades do espírito, como se não soubessemos o significado de “o Senhor é o meu Pastor e nada me faltará”?

O psiquiatra, o psicoterapeuta, o filósofo, os amigos, e o colo da vovó são todos, cada um a seu tempo e do seu modo, igualmente imprescindíveis à saúde psico-emocional-espiritual. Uma boa conversa com um pastor ou um padre pode fazer toda a diferença. Mas nenhum deles substitui a experiência profunda com o amor de Deus, o Pai, a graça maravilhosa de Deus, o Filho, e a comunhão e consolação de Deus, o Espírito.

© Ed René Kivitz

sexta-feira, 13 de julho de 2012

AMOR À PALAVRA | Edvar Gimenes

A palavra é essencial à vida. No sentido de informação, ela é a materia prima da existência. Porém, quando se fala em "Amor à Palavra", tema da oração proposta no livro "100 dias que impactarão o Brasil", ela ganha sentido técnico. Portanto, não se refere a qualquer palavra, mas à Bíblia, sinônimo de Palavra de Deus na tradição cristã.

Todos sabemos que a palavra de Deus não se resume à Bíblia. A própria Bíblia nos informa que Deus falou a Abraão, 430 anos antes de Moisés (Gal. 3:17), quando não havia um único texto das Escrituras Hebraicas. Fala também de outras formas de comunicação usadas por Deus, quando declara: "Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nesses últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo." (Heb. 1:1-2)

Deus não se calou. Ele continua falando e usa as maneiras que julga necessárias. Deus é soberano.

Porém, não somente porque Paulo afirma que as Escrituras foram inspiradas (ao escrever a Timóteo por volta de 65-67 depois de Cristo, portanto em torno de 25 anos antes do fechamento oficial do canon do, por nós chamado, "Velho Testamento"), mas também porque a história tem comprovado o impacto positivo dos textos bíblicos, tanto em indivíduos, quanto em coletividades e até mesmo na cultura humana, acreditamos que a Bíblia é uma coleção de textos inspirados por Deus.

Contra fatos, argumentos contrários se enfraquecem.

Os cristão podem se dividir quanto a forma de interpretar a Bíblia, mas há quase unanimidade em sua inspiração e autoridade.

Não sou bibliólatra, mas pertenço ao grupo que crê na inspiração e reconhece a autoridade da Bíblia.
Independente de questões teológicas, não poderia deixar de declarar meu amor às Escrituras. Elas trouxeram até mim a vida e os ensinos de Jesus. O meu caráter foi todo moldado a partir da vida deste homem. Ele foi a referência usada por meus pais para me ensinarem os melhores caminhos da vida. Poderia até negar a Jesus, mas, mesmo que eu quisesse, jamais poderia deixar de reconhecer o impacto dele na construção da minha personalidade.

Até aqui não o neguei e me empenho em ser cristão, não no sentido político-doutrinário da palavra, mas na busca por identificar-me com a vida e ensino de Jesus, disponíveis nos evangelhos.

Não consigo ser pastor sem a Bíblia. Os membros das igrejas por onde passei podem testificar que ela sempre foi o livro texto de minhas mensagens e estudos.

Também não consigo viver sem estudá-la. Ela é o ponto de partida em minhas buscas por respostas a questões existenciais presentes em minha alma.

Por isso, sem fazer coro ao discurso e à política fundamentalista em torno da Bíblia, seria desonesto comigo mesmo se não declarasse a relação amorosa que mantenho com ela, desde que ouvi as primeiras referencias a ela pelos lábios de meus pais.

Reconheço que amadureci, palavras ganharam significados alternativos e construi novos referenciais de interpretação. Mas ela continua sendo o centro de minhas reflexões teológicas e o ponto de partida para as escolhas que tenho feito na vida.

Sobretudo, amo a "Palavra" por ser o único documento existente que revela a vida e ensinos de Jesus.

Amo a "Palavra", porque amo a Jesus. Porque ele é a palavra que se fez carne e habitou entre nós. Ele é a chave que uso para abrir abrir fendas que me ajudam a enxergar, quando me deparo com pontos escuros, cheios de mofo até, deste livro. Embora seja o mais criticado, mais combatido em toda a história da humanidade e até abusado por ignorância ou falta de escrúpulo, é o mais lido e que maior impacto tem causada à vida humana.

Por isso amo a Palavra.
Abraços do seu pastor,
Edvar Gimenes

Amor à Palavra - 13.07.12 -82/100 dias de oração pelo Brasil
http://www.blogdoedvar.blogspot.com.br/2012/07/amor-palavra-130712-82100-dias-de.html

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

TALMIDIM: DESERTO e SOPRO | Ed René Kivitz

"Que eu jamais duvide que no deserto o Espírito Santo de Deus está comigo!"


Ser guiado, dirigido, pelo Espírito Santo de Deus é o destino final de todo discípulo de Jesus. Quem quer?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

PEIXES GRANDES E PEQUENOS | Ed René Kivitz

"Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR".
Shemá Israel Dt 6.4
Na esteira do pensamento paralelo de Dostoiévski, que afirma que, se Deus não existe, tudo é permitido, podemos dizer também que a pluralidade de deuses conspira contra a unidade do ser. A ausência de Deus tira do universo e da humanidade seu fundamento moral. Caso tudo quanto exista seja apenas e tão somente a matéria, a substância originária e permanente de toda a realidade, podemos viver como os peixes grandes que devoram os peixes pequenos. Quem deseja tomar a natureza como padrão para a organização social não tem razões para dar de comer a quem tem fome. O popular já expressou sua sabedoria egoísta: quanto menos somos, melhor passamos. Deixem morrer os pobres, que desapareçam as populações da periferia do mundo, assim teremos mais água, mais petróleo, mais condições de sustentabilidade para o mundo, diminuído o número de seu maior predador, a saber, o bicho homem.

Apenas a nocão de Deus como ser moral oferece à humanidade o fundamento da solidariedade indiscriminada. Essa é uma das grandezas do relato bíblico da criação: em Adão, todos os seres humanos são um, pois sobre todos repousa a dignidade divina. Jesus ensinou que assim como todas as moedas são identificadas pela imagem de César, também todos os seres humanos são identificados pela imago Dei. 

O fundamento ético do universo e da humanidade repousa no amor, expressão do ser divino que a tudo dá origem. Isso implica necessariamente a compreensão de que a correlação que liga o homem a seu semelhante se realiza na compreensão de uma correlação superior, a que liga o homem a Deus e Deus ao homem, cuja síntese se revela no Cristo, Deus feito homem, único mediador entre Deus e os homens.

Essas são algumas razões porque, assim como a negação de Deus, a pluralidade de deuses inviabiliza a unidade do ser. Sendo verdadeiro que a relação do homem com Deus se manifesta na relação do homem com seu próximo, é imprescindível a pergunta a respeito do caráter desse Deus, que normatiza a relação entre os homens. Muitos deuses, muitas éticas. Muitas éticas equivale a éticas em conflito em busca de hegemonia. Como os deuses não brigam entre si, brigam seus representantes (ou se preferir, os deuses brigam entre si através de seus pretensos representantes). O monoteísmo cristão, que afirma a unidade de três pessoas numa única divindade, diz que Deus é amor, a comunhão harmônica e perfeita do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

Qualquer Deus vestido com roupas diversas do amor é um ídolo, um falso Deus, um demônio. A dedução óbvia é que muitos deuses são artifícios para o surgimento de um único e outro deus que pretende rivalizar com o Deus vivo e verdadeiro. Esse outro deus atende pelo nome de ego humano, que, no caminho inverso do amor, mergulha para dentro de si na pretensão estúpida de afirmar a si mesmo como fundamento do universo e centro do mundo. A idolatria e a descrença, isto é, a afirmação de muitos deuses e a afirmação de Deus nenhum, são duas faces de uma mesma moeda: a absolutização do ego humano. 

Uma vez que somente na relação com seu semelhante – com quem é um – o ser humano se realiza, e que somente Deus oferece o fundamento para a unidade da humanidade, toda negação do amor, que equivale ao afastamento do outro, equivale também à desintegração do ser. Em termos concretos, Deus nenhum e muitos deuses são uma e a mesma coisa.
Ed René Kivitz

sábado, 18 de junho de 2011

DESEJANDO A VONTADE DE DEUS | A. W. Tozer

O mal profundo do coração humano é um desejo que se soltou de seu centro, como um planeta que abandonou o sol e começou a girar em torno de algum corpo estranho vindo do espaço externo que pode ter-se aproximado o suficiente para afastá-lo. Quando Satanás disse: "Eu subirei" (Isaías 14.13), ele rompeu com seu centro normal. O mal com o qual ele infectou a raça humana foi a desobediência e a revolta. Qualquer método adequado de redenção deve levar em consideração esta revolta e encarregar-se de restituir novamente a vontade humana ao seu lugar apropriado na vontade de Deus. De acordo com esta necessidade essencial de livrar-se do desejo, o Espírito Santo, quando efetua Sua graciosa invasão no coração que tem fé, deve conquistar esse coração pela obediência aprazível e voluntária à total vontade de Deus. A cura deve acontecer no íntimo; não haverá nenhuma conformidade externa. Até que o desejo seja santificado, o homem continuará a ser um rebelde assim como um criminoso ainda o é no coração mesmo que esteja prestando relutantemente obediência ao policial que o está levando para a prisão.


O Espírito Santo realiza esta cura interior combinando a vontade do homem remido com Sua própria vontade. Este processo não se dá de uma só vez. E necessário, é verdade, que haja algum tipo de entrega total da vontade a Cristo antes que qualquer obra de graça possa ser realizada, mas é provável que a combinação completa de todas as partes da vida com a vida de Deus no Espírito seja um processo mais longo do que nós, em nossa impaciência como criaturas, gostaríamos que fosse. A alma mais desenvolvida talvez fique abalada e aflita por descobrir alguma área particular de sua vida onde vinha agindo, sem o seu conhecimento, como senhora e dona daquilo que pensou ter entregado a Deus. É a obra do Espírito que habita nela que aponta estas discrepâncias morais e as corrige. Ele não, como às vezes se diz, "viola" a vontade humana, mas a invade e a leva docilmente a uma união harmônica com a vontade de Deus.


Desejar a vontade de Deus é ir além de não protestar o Seu consentimento; é, em vez disso, optar pela vontade de Deus com uma determinação positiva. A medida que a obra de Deus se desenvolve, o cristão se vê livre para escolher o que bem entender, e escolhe com prazer a vontade de Deus como seu maior bem concebível. Esse homem alcançou a maior meta da vida. Ele está acima dos pequenos contratempos que assolam o restante dos homens. Tudo o que lhe acontece é a vontade de Deus para sua vida, e isto é o que ele deseja com mais ardor. No entanto, é justo afirmar que esta condição não é alcançada por muitos cristãos ativos de nossa época cheia de atividades. Entretanto, enquanto ela não for alcançada, a paz do cristão não poderá ser completa. É provável que haja certa controvérsia interior, uma sensação de inquietação espiritual que corrompa nossa alegria e reduza consideravelmente nossa força.


Outra qualidade do Fogo que habita em nós é a emoção. Este estado de ânimo deve ser compreendido à luz do que foi dito anteriormente sobre a inescrutabilidade divina. O que Deus é em Sua essência singular não pode ser descoberto pela mente nem pronunciado pelos lábios, mas aquelas qualidades em Deus que podem ser consideradas racionais, e, portanto, recebidas pelo intelecto, foram livremente apresentadas nas Sagradas Escrituras. Elas não nos dizem o que é Deus, mas como Ele é, e a soma dessas qualidades constitui uma descrição mental do Ser Divino como se estivesse a distância e fosse visto por um vidro no escuro.


A W Tozer

domingo, 29 de agosto de 2010

NASCIDO DEPOIS DA MEIA-NOITE - Agosto mês de Tozer

"...Pode-se dizer sem reserva que todo homem é tão santo e tão cheio de Espírito como o deseja. Ele não pode estar tão cheio como gostaria, mas com toda a certeza está tão cheio como deseja estar... O problema não consiste em persuadir Deus a que nos encha do Espírito, mas em desejar a Deus o suficiente para permitir-Lhe que o faça. O cristão comum é tão frio e se mostra tão contente com a sua pobre condição, que não há nele nenhum vácuo de desejo no qual o bendito Espírito possa derramar-se em satisfatória plenitude".

Entre cristãos afeitos a avivamentos tenho ouvido este ditado: "Os avivamentos nascem depois da meia-noite". É um provérbio que, embora não inteiramente verdadeiro, se tomado ao pé da letra, aponta para algo bem verdadeiro.

Se entendemos que esse ditado significa que Deus não ouve a nossa oração por avivamento, se for feita durante o dia, evidentemente não é verdadeiro. Se entendemos que significa que a oração que fazemos quando estamos cansados e exaustos tem maior poder do que a que fazemos quando estamos descansados e com vigor renovado, outra vez não é verdadeiro. Certamente Deus teria de ser muito austero para exigir que transformemos a nossa oração em penitência, ou para gostar de nos ver impondo-nos punição a nós mesmos pela intercessão. Traços destas noções ascéticas ainda se encontram entre alguns cristãos evangélicos, e, conquanto esses irmãos sejam recomendados por seu zelo, não devem ser desculpados por atribuir inconscientemente a Deus algum vestígio de sadismo indigno até dos seres humanos decaídos.

Contudo, há considerável verdade na idéia de que os avivamentos nascem depois da meia-noite, pois os avivamentos (ou quaisquer outros dons e graças espirituais) só vêm para os que os desejam com angustiosa intensidade. Pode-se dizer sem reserva que todo homem é tão santo e tão cheio de Espírito como o deseja. Ele não pode estar tão cheio como gostaria, mas com toda a certeza está tão cheio como deseja estar.

Nosso Senhor colocou isto fora de discussão quando disse: "Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos". Fome e sede são sensações físicas que, em seus estágios agudos, podem tornar-se verdadeira dor. A experiência de incontáveis pessoas que procuravam a Deus é que, quando os seus desejos se tornaram dolorosos, foram satisfeitos repentina e maravilhosamente. O problema não consiste em persuadir Deus a que nos encha do Espírito, mas em desejar a Deus o suficiente para permitir-Lhe que o faça. O cristão comum é tão frio e se mostra tão contente com a sua pobre condição, que não há nele nenhum vácuo de desejo no qual o bendito Espírito possa derramar-se em satisfatória plenitude.

Ocasionalmente aparece no cenário religioso alguém cujos anelos espirituais insatisfeitos vão ganhando tanto volume e importância em sua vida, que expulsam todos os outros interesses. Tal pessoa se recusa a contentar-se com as orações seguras e convencionais dos enregelados irmãos que "dirigem em oração" semana após semana e ano após ano nas assembléias locais. Suas aspirações a levam longe e muitas vezes o tornam incômodo. Seus irmãos em Cristo, perplexos, sacodem a cabeça e olham uns para os outros com ar de entendidos, mas, como o cego que clamou por sua vista e foi repreendido pelos discípulos, " ...ele, porém, cada vez gritava mais".

E se não tiver ainda satisfeito as condições, ou se houver alguma coisa impedindo a resposta à sua oração, poderá prosseguir orando até as horas tardias da noite. Não a hora da noite, mas o estado do seu coração é que decide o tempo da sua visitação. Para este irmão bem pode acontecer que o avivamento venha depois da meia-noite.

Todavia, é muito importante que nós compreendamos que as longas vigílias em oração, ou mesmo o forte clamor e as lágrimas, não são em si mesmos atos meritórios. Toda bênção flui da bondade de Deus como de uma fonte. Ainda aquelas recompensas das boas obras sobre as quais certos mestres falam tão servilmente, sempre em contraste agudo com os benefícios recebidos somente pela graça, no fundo são tão certamente de graça como o próprio perdão do pecado. O mais santo apóstolo não pode ter a pretensão de ser mais que um servo inútil. Os próprios anjos subsistem graças à pura bondade de Deus. Nenhuma criatura pode "ganhar" nada, no sentido comum da palavra (de trabalhar para ganhar ou de receber por merecimento ou de adquirir pagando). Todas as coisas pertencem à bondade soberana de Deus e por ela nos são dadas.

A senhora Juliana resumiu lindamente isso quando escreveu: "Honra mais a Deus, e O agrada muito mais, que oremos fielmente a Ele por Sua bondade e nos apeguemos a Ele por Sua graça, e com verdadeiro entendimento, permanecendo firmes por amor, do que se empregássemos todos os recursos que o coração possa imaginar. Pois se usássemos todos os recursos, seria muito pouco, e não honraria plenamente a Deus. Mas em Sua bondade, a ação é mais que completa, faltando exatamente nada... Pois a bondade de Deus é a oração mais elevada, e desce às partes mais fundas da nossa necessidade".

Apesar de toda a boa vontade de Deus para conosco, Ele não pode atender aos desejos do nosso coração enquanto os nossos desejos não forem reduzidos a um só. Quando tivermos dominado as nossas ambições; quando tivermos esmagado o leão e a víbora da carne, e calcado o dragão do amor próprio sob os nossos pés, e nos considerarmos verdadeiramente mortos para o pecado, então, e só então, Deus poderá elevar-nos à novidade de vida e encher-nos do Seu bendito Espírito Santo.

Ê fácil aprender a doutrina do avivamento pessoal e da vida vitoriosa; é coisa completamente diversa tomar a nossa cruz e afadigar-nos na escalada do sombrio e áspero morro da renúncia. Aqui muitos são chamados, poucos escolhidos. Para cada um que de fato passa para a Terra Prometida, muitos ficam por um tempo, olhando ansiosamente através do rio e depois retornam tristemente à segurança relativa das vastidões arenosas da vida antiga.

Não, não há mérito nas orações feitas a desoras, mas requer disposição mental séria e coração determinado deixar o comum pelo incomum no modo de orar. A maioria dos cristãos nunca o faz. E é mais que possível que as poucas almas que se empenham na busca da experiência incomum cheguem lá depois da meia-noite.
A W Tozer - do Livro, O MELHOR DE A. W. TOZER, altamente rccomendado.