"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

terça-feira, 27 de julho de 2010

O QUE SIGNIFICA ACEITAR A CRISTO - Tozer e Chambers

Eu não sei quem me despertou do sono, e me alertou do grande perigo, eu não consigo me lembrar onde ouvi o galo cantar ou qual cantou primeiro, o que eu sei é que este assunto é pouco discutido hoje em dia. Quando ouço algum pregador fazendo um "apelo" nesses termos (aceite a Jesus, Ele quer morar no seu coração - Jesus morreu por você e Ele só quer o seu coração - não viva sem Cristo, mas principalmente não morra sem Ele), me preocupo bastante sobre que tipo de Evangelho é este que está sendo anunciado, me dá até um arrepio.

Para alguns pode ser somente questão de terminologia, mas para mim é, como diz os autores, "aceitar a Cristo" é algo que não faz parte do 'espírito evangélico' contido nas Escrituras. Nem Cristo nem os Apóstolos falaram nestes termos, isso parece uma 'açucarização' do Evangelho, algo bastante perigoso. Você já ouviu falar de remédio eficiente sem ser amargo?

Os apelos neotestamentarios eram do tipo:
"arrenpendei-vos pois é chegado o Reino dos céus." (Mt 3.2);

"...Mas se não se arrenpenderem, todos vocês pereceram." (Lc 13.5);

"Depois Jesus foi pelas cidades e povoados e ensinava, prosseguindo em direção a Jerusalém. Alguém lhe perguntou: Senhor, serão poucos os salvos? Ele lhes disse: Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, responderá:‘Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Então vocês dirão: Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas ruas. Mas ele responderá: Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal!" (Lc 13.22-27);

"Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo". (Lc 14.26,27);

"Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o Espírito Santo". (At 2.38)

É disso que os dois, Tozer e Chambers, vão falar. Para mim é mais uma questão de vida ou morte. Um remédio pode ser inócuo ou se tornar um veneno dependendo da dose, no caso do Evangelho de Jesus Cristo não existe perigo de superdosagem...

BM

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O Ministério dos Despercebidos por Oswald Chambers
"Bem-aventurados os humildes de espírito." - Mateus 5.3

O Novo Testamento destaca virtudes que, pelos nossos padrões, não são lá muito importantes. "Bem-aventurados os humildes de espírito", literalmente - "bem-aventurados os indigentes" - algo excessivamente comum para ser levado em conta! As pregações que se ouvem hoje procuram enfatizar a força de vontade, a beleza do caráter da pessoa - coisas que são facilmente notadas por todos. A frase que tantas vezes ouvimos - "Aceitar a Jesus" - dá ênfase a uma postura que o Senhor nunca propôs e na qual nunca confiaria. Ele nunca nos pede para aceitá-lo, mas para nos rendermos a Ele - o que é muito diferente. O reino de Jesus Cristo tem como base a beleza natural daquelas coisas simples. Sou bem-aventurado é na minha pobreza. Se sei que não tenho força de vontade, nem nobreza de disposição, então Jesus diz: "Bem-aventurado és tu", porque é através dessa pobreza que entro no Reino dEle. Não posso entrar nele como pessoa boa, só posso entrar como um indigente.

A verdadeira natureza da beleza interior que testifica de Deus é aquela que se torna sempre um fator inconsciente. Uma influência consciente é pedante e anticristã. Se eu disser: "Será que sirvo para alguma coisa", perco imediatamente toda a beleza que vem do toque proveniente do Senhor. "Quem crer em mim... do seu interior fluirão rios de água viva", João 7:38. Se eu fico a analisar esses rios são, perco o toque do Senhor.

Quais são as pessoas que mais nos têm influenciado? Não são as que pensavam fazê-lo, mas as que não tinham a mínima noção de que estavam nos influenciando. Na vida cristã, a realidade implícita nunca é consciente; se é consciente, deixa de ter aquela beleza simples que é característica do toque de Jesus. Sabemos quando é Jesus que está operando, porque Ele produz nas coisas comuns algo que é inspirador.

Oswald Chambers (do devocional TUDO PARA ELE dia 21 de agosto).
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O Que Significa Aceitar Cristo por A W Tozer

Poucas coisas, felizmente poucas, são assuntos de vida e morte, tal como uma bússola para uma viagem marítima ou um guia para uma viagem através do deserto. Ignorar coisas assim vitais não é só lançar sortes ou correr um risco, mas puro suicídio; ou seja, estar certo ou morto.

Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte, e num plano muito superior. O homem que conhece a bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele sem qualquer influência por parte de quaisquer obras meritórias deles.

Tal coisa é verdadeira e sabida, mas a morte e ressurreição de Cristo evidentemente não salvam todos de maneira automática. Como um indivíduo entra numa relação salvadora com Cristo? Sabemos que alguns fazem isso, mas é óbvio que outros não alcançam esse plano. Como é coberto o abismo entre a redenção provida objetivamente e a salvação recebida subjetivamente? Como o que cristo fez por mim opera em meu interior? Para a pergunta: “O que devo fazer para ser salvo?” devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir o exílio eterno da face de Deus. É aqui que devemos estar certos ou perder-nos para sempre.
Os cristãos “evangelicais” fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: “Creia no Senhor Jesus Cristo”, “Receba Cristo como seu Salvador pessoal” e “Aceite Cristo”. Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; Jo 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.

Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmo quanto para os outros; assim sendo, a fórmula “aceite Cristo” tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda instrução de que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a terra prometida, apenas para descobrir que ela o levou em vez disso a “uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva”.

A dificuldade está em que a atitude “Aceite Cristo” está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso o veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos a Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.

Para esta maneira eficaz de tratar um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse “aceito” no Egito o sangue da páscoa , mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo “aceitasse” o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo, é preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude?

Ao permitir que a expressão “Aceite Cristo” represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.

Aceitar Cristo e dar ensejo a uma ligeira ligação com a pessoa de nosso Senhor Jesus absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual,volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de sua companhia.

Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é. Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como salvador hoje e aguardando até amanhã para decidir quanto à sua soberania. O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em Todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.

Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida,luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.

O fato de aceitarmos a Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na sua obra de, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo que opera neles e através deles.

Aceitar Cristo é conhecer os significado das palavras: “pois, segundo ele é, nós somos neste mundo” (1 joão 4:17). Nós aceitamos os amigos dele como nossos, seus inimigos com inimigos nossos, seus caminhos como os nossos, sua rejeição como a nossa rejeição, sua cruz como a nossa cruz, sua vida como a nossa vida e seu futuro como o nosso.

Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.

sábado, 24 de julho de 2010

A ZUMBIFICAÇÃO DA FAMÍLIA E A MORTE DO MUNDO! - Caio

Um mundo sem famílias será um mundo sem amor!

Mas e não há mais famílias no mundo?...

Claro que há; mas está acabando...

Ainda há pai e mãe, apesar de que muitos são apenas progenitores, e, dia a dia, menos pais e mães de fato...

Daqui a tempos [não muitos tempos] haverá uma grande quantidade de filhos de proveta e sem pais de fato.

Hoje se vê a falta de família determinando os grandes problemas sociais nas grandes cidades do mundo...

São meninos e meninas cheios de ódio e de rancor; tomados de vontade violenta; irreverentes; prontos para qualquer coisa suicida...

Prova disso, além da proliferação das drogas químicas que matam, há ainda os crimes contra pai, mãe, avós e parentes...

O que poderá fazer o Estado em favor de uma sociedade sem famílias?...

Não basta haver progenitores ou agentes legais de paternidade e maternidade...

O que falta mesmo é a velha e saudável noção de família, de casamento, de educação, de respeito, de reverencia pelos mais velhos; e, sobretudo, falta a certeza de que pai e mãe são para sempre...

Ora, este último aspecto é o mais fundamental...

Entretanto, tal conceito está moribundo pelo fato não apenas de os pais se separarem com extrema facilidade, mas, também, em razão de que tais pais, uma vez separados, trabalham contra a antiga família...

São homens, pais, que se vão e não mais voltam...

São mulheres, mães, que uma vez separadas trabalham contra o ex-marido em relação aos filhos...

No fim o que fica são esses meninos zumbis...

Sim! Zumbis sem vida e amor; apenas prontos para os espasmos da vontade suicida e descomprometida com o sentido da vida...

Um mundo assim será uma assombração...

De fato a Terra está se tornando um lugar mal-assombrado...

É do Haiti que hoje me vem a maior inspiração para crer no poder do amor...

É a terra do Vodu?...

É o que dizem...

Todavia, apesar de tudo, na atual catástrofe se viu a poder do amor de pais por seus filhos e de filhos pelos seus pais...

Houve quem, debaixo da terra, cavasse 50 horas, sozinho, a fim de salvar um filho igualmente sob os escombros; tendo o mesmo acontecido também com filhos que viraram tatus em busca de suas mães...

Em New York tal catástrofe talvez não tivesse as histórias pessoais de amor e compromisso com pai, mãe e filhos que se viu e se vê no Haiti...

Aqui, e dizem que o Haiti não é AQUI, o que se vê é um terremoto sem abalos sísmicos, mas que faz a alma tremer de desesperança e desamor...

No processo de glacialização do amor no mundo, a morte do sentido e significado de família é o agente mais devastador...

A Grande Bomba do mundo é a existência sem família e sem amor!...

Quem acha isso “careta” haverá de ver a careta dos filhos contra os pais e dos pais contra os filhos...

Eu creio na essencialidade da família porque eu creio no Pai, no Filho e Espírito Santo!

Quem crê que Deus é amor e que Ele é Pai, Filho e Espírito Santo — esse tem que ver na família o arquétipo de tal verdade eterna, sem a qual os homens, feitos à imagem e semelhança de Deus, se tornam deuses dês-relacionados e perversos...

Quem diz que tem medo de Macumba deve saber que a maior Macumba da Terra é essa que é feita de Despachos de Filhos e de Pais...

É no desamor de tais “despachos” que o diabo cresce no mundo!...

Quanto menos amor nas famílias [...], mais diabo no mundo!

Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!

Nele, que disse “Eu e o Pai somos um”,

Caio

http://www.caiofabio.net/2009/conteudonews.asp?codigo=4

quinta-feira, 15 de julho de 2010

GRAÇA por Ricardo Gondim

Ainda há pouco, ao reler o admirável Sermão do Monte, percebi como a graça esteve presente nos princípios expostos por Jesus. Mesmo reconhecendo que a graça foi exaustivamente estudada e definida pela teologia, é preciso redescobri-la nos lábios do Nazareno. Os favores imerecidos de Deus não podem ficar circunscritos às codificações teológicas. Naquele relvado, na encosta de um morro qualquer, Cristo falou de assuntos diversos, mas não se esqueceu de explicitar que Deus se relaciona com seus filhos diferente de todas as divindades conhecidas. Após séculos de argumentação sobre os significados da graça, os cristãos precisam despertar para ao fato de que ela é o chão da espiritualidade cristã.

Um neopaganismo levedou a fé de tal forma que muitos transformaram a oração em uma simples fórmula para canalizar e receber os favores divinos. Para obter resposta às petições, implora-se, pena-se, insiste-se, no aguardo de que Deus escute. Quando não se recebe, justifica-se assumindo culpas irreais, como falta de disciplina. Acha-se que é necessário continuar implorando para Deus se sensibilizar. Mede-se a espiritualidade pelo número de respostas aos seus pedidos e, quando malsucedidos, castiga-se por não merecer. A própria linguagem denuncia romeiros católicos evangélicos, que lotam os espaços religiosos: é preciso “alcançar uma graça”.

Graça liberta do imperativo de dar certo. O Sermão da Montanha começa felicitando pobres em espírito, chorosos, mansos e perseguidos. Os triunfantes não podem se gloriar de serem mais privilegiados do que os malogrados. Graça revela um Deus teimosamente insistindo em permanecer do lado de quem não conseguiu triunfar; até porque a companhia de Deus não significa automática reversão das adversidades.

Graça permite o autoexame, a análise das motivações mais secretas da alma, sem medo. Na série de afirmações sobre ódio, adultério, divórcio e vingança, Cristo deixou claro que ninguém pode se vangloriar quando desce às profundezas do coração. No nível das intenções, todos são carentes. O olhar sutil indica adultério. O ódio despistado revela homicidas em potencial. A vingança disfarçada contamina as ações superficiais. Lá onde brotam as fontes das decisões, tudo é confuso; vícios e virtudes se confundem. Somente com a certeza de que não haverá rejeição é possível confrontar os intentos do coração para ser íntegro.

Graça convida a amar. Jesus afirmou que Deus “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”. Para revelar sua bondade, Deus não precisou ser convencido a querer bem. Deus não faz acepção de pessoas; o seu amor não está condicionado a méritos. Quando as pessoas são inspiradas por gratidão, reconhecimento e admiração por tão grande amor, se sentem impulsionadas a imitá-lo. Deus surpreende por dispensar bondade sem contrapartida de virtude. Assim, na improbabilidade de os seres humanos se mostrarem graciosos, os discípulos devem almejar a única virtude que pode torná-los perfeitos como Deus -- o amor.

Graça é convicção de que o acesso a Deus não depende de competência. Quem acredita que será aceito pelo tom de voz piedoso ou pela insistência em repetir preces nega a paternidade divina. Antes de pedirmos qualquer coisa, Deus já estava voltado para nós. Os exercícios espirituais não precisam ser dominados como uma técnica, mas desenvolvidos como uma intimidade. O secreto do quarto fechado representa um convite à solitude, à tranquilidade que não acontece com sofreguidão.

Graça libera energia espiritual que pode ser dirigida ao próximo. Buscar o reino de Deus e sua justiça só é possível porque não é preciso preocupar-se com o que comer e vestir e por jamais ter de bater na porta do sagrado para conquistar benefícios particulares. Basta atentar para os lírios do campo e pardais para perceber que as ambições devem escapar à mesquinhez de passar a vida administrando o dia-a-dia.

Graça devolve leveza para que os filhos de Deus sintam-se à vontade em sua presença, como meninos na casa dos avós. Graça libera as pessoas para se tornarem amigas de Deus, em vez de vê-lo como um adestrador inclemente. Graça não permite delírios narcisistas. Nenhuma soberba se sustenta diante da percepção de que Deus aposta na humanidade e ainda se convida a cear entre amigos.

Graça distensiona o culto porque avisa: tudo o que precisava acontecer para reconciliar a humanidade com Deus foi concluído: “Consumatum est”. Portanto, enquanto a graça não for redescoberta de fato como a mais preciosa verdade da fé, as pessoas podem até afirmar que foram livres, mas continuarão presas à lógica religiosa das compensações. Devedores, jamais entenderão que o reino de Deus é alegria.
A graça liquida com pendências legais. Não restam alegações a serem lançadas em rosto -- “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?”.

A religiosidade legalista insiste que é perigoso falar excessivamente sobre a graça. Anteparos seriam então necessários para proteger as pessoas da liberdade que a graça gera.
Mas o amor que tudo crê, tudo espera e tudo suporta não aceita outro tipo de relacionamento senão abrindo espaço para que haja amadurecimento. Deus ama assim, e o Sermão da Montanha não deixa dúvidas de que todo discurso sobre o reino de Deus deve começar com graça.

“Soli Deo Gloria”.

• Ricardo Gondim é pastor da Assembleia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros

http://www.ultimato.com.br/?pg=revista&num_edicao=324

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Jesus Cristo, Senhor de tudo e de todos - René Padilla

"Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você."
Agostinho de Hipona

A autoridade que Jesus Cristo recebeu do Pai ao ressuscitar, segundo sua própria declaração em Mateus 28.18, é uma autoridade universal: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. Em outras palavras, sua autoridade se estende sobre a totalidade da criação e sobre todos os aspectos da vida humana. Não há nada nem ninguém que esteja fora da órbita da autoridade de Jesus Cristo. Ele tem autoridade não apenas sobre a igreja, mas também sobre o mundo. Não apenas sobre o domingo, mas também sobre o restante da semana. Não apenas sobre o que está relacionado com as práticas religiosas, mas também sobre o que concerne à família e ao trabalho, à arte e à ciência, à economia e à política.

Isto não significa, porém, que todos reconheçam essa autoridade de Cristo, mas sim que todos deveriam reconhecê-la. Com efeito, o que distingue os cristãos dos não-cristãos é o fato de que aqueles reconhecem e, portanto, confessam, a autoridade universal de Jesus Cristo e vivem à luz desse reconhecimento, enquanto estes não a reconhecem nem a confessam. Como afirma o apóstolo Paulo: “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm 10.12). Como veremos mais adiante, isto é o que torna necessária a missão da igreja, cuja essência é a proclamação de Jesus Cristo como Senhor. “Isto é, a palavra da fé que pregamos. Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Rm 10.8b-9).

Infelizmente, com muita frequência nós cristãos nos deixamos levar pela dicotomia entre a esfera do sagrado e a esfera do secular. Fazemos separação entre a ética e a religião, entre o público e o privado, entre o mundo e a igreja. Como consequência, estamos marcados pela incoerência entre nossa confissão de Jesus Cristo como Senhor de tudo e de todos, por um lado, e nosso estilo de vida, por outro.

Esta incoerência se faz visível hoje em dia, por exemplo, na maneira como permitimos que a sociedade de consumo defina nosso estilo de vida, impondo-nos valores alheios aos do reino de Deus. A sociedade de consumo transformou o aforismo do filósofo francês Rene Descartes “cogino, ergo sum” (“penso, logo existo”) em “consumo, logo existo”. Como resultado, a maioria das pessoas na sociedade moderna, especialmente no mundo dominado pelo capitalismo, não consome para viver, mas vive para consumir. Pressupõe que, se uma pessoa quer chegar a ser “alguém” entre seus contemporâneos, deve ter capacidade para adquirir os símbolos de “status” que a sociedade de consumo oferece. E, para alcançar este objetivo, muitas pessoas estão dispostas a pagar um alto preço: a saúde, as boas relações conjugais e familiares, a satisfação fruto do exercício de uma vocação escolhida livremente.

Em contraste com o estilo de vida que reflete os valores da sociedade de consumo, o estilo de vida coerente com a confissão de Jesus Cristo como Senhor de tudo e de todos renuncia a estes valores e se compromete com a realização do propósito de Deus para a vida humana exemplificado por seu Filho. É um estilo de vida em que prevalecem os valores do reino de Deus que se resumem em “shalom”: harmonia com Deus, harmonia com o próximo, harmonia com a criação de Deus. E é nesta direção que aponta a missão integral.

Traduzido por Wagner Guimarães

C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral? (Editora Ultimato).

http://www.ultimato.com.br/?pg=show_artigos&artigo=2641&secMestre=2641&sec=2663&num_edicao=324

sábado, 3 de julho de 2010

TUDO PARA ELE - Oswald Chambers

Impaciência...Um dos Grandes “Nãos” de Deus“Não te impacientes; certamente isso acabará mal”.(Salmo 37.8)
Impacientar-se significa tornar-se maltrapilho, mental ou espiritualmente. Uma coisa é dizer: "Não te impacientes"; mas ter uma disposição que o capacite a ser naturalmente paciente é outra coisa. Parece muito fácil falar e dizer "descansa no Senhor e espera nele", Salmo 37.7, enquanto o ninho não for revirado e quando não estamos vivendo, como tantos estão, em tumulto e angústia; mas em tais condições de tumulto será possível descansar no Senhor? Se esse "não" em "não te impacientes" não funcionar ali, não funcionará em lugar nenhum. Esse "não", deve funcionar tanto nos dias tumultuosos quanto nos dias de paz e calmaria, senão nunca funcionará de jeito nenhum. E se não funcionar no seu caso particular, não funcionará no caso ninguém mais. Descansar no Senhor não depende, em absoluto, das circunstâncias externas, mas, do nosso relacionamento com o próprio Deus.
A inquietação sempre termina em pecado. Pensamos que um pouco de ansiedade e preocupação é indício de que somos de fato sensatos; pois é muito mais indício de que somos de fato pecadores. A impaciência brota da determinação de fazermos aquilo que queremos. O Senhor Jesus nunca se preocupava e nunca se mostrava ansioso, porque não estava aqui para concretizar suas próprias idéias; estava aqui para pôr em prática a vontade de Deus-Pai. Se você é filho de Deus, a impaciência é pecado.

Será que você tem estado alimentando sua alma com a idéia de que sua situação é grave demais para esperar em Deus?
Ponha de lado todas as "suposições" e "habite na sombra do Onipotente", Salmo 91.1.

Diga firmemente a Deus que você não mais se impacientará com qualquer situação. Toda a nossa impaciência e preocupação são conseqüência de fazermos planos sem levar Deus em conta (leia Romanos 12.1,2).
TUDO PARA ELE - 4 De Julho - Oswald Chambers