Já faz muito tempo que Santo Agostinho escreveu: “Tu nos fizeste para Ti mesmo, ó Senhor, e o nosso coração é inquieto até que encontre em Ti o repouso”. Viemos de Deus e retornamos a Deus, este é o destino humano.
Lá no fundo do nosso coração existe uma sede que só Deus pode verdadeiramente saciar. São muitos os atalhos que nos anestesiam, como, por exemplo, o ativismo e o consumismo. Mas existe no coração humano a saudade de um amor verdadeiro, uma busca por transcendência e eternidade, e o desejo de um mundo justo e pacífico. É um vazio que só Deus pode preencher.
Vivemos um período de crise, um mundo sem valores, invadido pelo materialismo e de incertezas quanto ao futuro. Muitos se voltam para a religião, buscam alguma forma de espiritualidade. São homens e mulheres tateando em busca de Deus, lotando igrejas, consumindo livros religiosos e também buscando respostas em novas e antigas religiões. Surgiu um mercado religioso envolvendo milhões de fiéis, movimentando muito dinheiro.As conseqüências se fazem sentir na igreja evangélica histórica, herdeira da Reforma. Já não sabemos orar como convém. Só sabemos pedir; nossas orações se resumem a petições sem fim. Não nos lembramos de agradecer, muito menos de confessar nossos pecados.
Começamos perguntando qual o sentido da oração. Para muitos, é um ato religioso praticado comunitariamente. Para outros, um meio de fazer Deus promover nosso conforto. Para outros, ainda, uma catarse emocional. Para nós, cristãos, a oração é uma elevação de nossa alma em direção a Deus.
“O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, diz o primeiro artigo do Catecismo Reformado. Madame Guyon, mística francesa, escreve que a experiência da oração possibilita estar com Deus para sempre em divina união. Tereza D’Ávila ora: “Que nada te perturbe, que nada te apavore, tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem Deus, nada lhe falta, só Deus basta”.
Sim, é verdade. Quanto mais amamos a Deus, menos necessidades urgentes e circunstanciais teremos.
O que significa para nós buscar a Deus na oração? Um Deus vivo e pessoal, que se relaciona, mas que ao mesmo tempo é infinito e eterno? Como superar essa distância entre o Criador e o ser criado, entre o eterno e o temporal, entre o infinito e o finito? Como entrar em contato com Ele, que não é um igual, mas o Deus vivo, Criador dos céus e da terra? Aquele que não pode ser aprisionado por uma definição racional, Aquele que as palavras todas não conseguiriam descrever. Como orar para aquele que sabe tudo de nós? “Adonai, tu me sondas e me penetras. Penetras meu repouso, meu despertar e discernes de longe meu desígnio. Avalias meu caminho e meu emparelhamento, freqüentas todas as minhas estradas. Não, a palavra não está na minha língua e tu já penetras toda, Adonai” Sl 139.1-4 (tradução de André Chouraqui em Louvores II, Imago Editora).
Aprendemos a orar com Salmos. Nesse livro, Davi, Core, Moisés, nos conduzem ao centro da oração: o temor, o desejo, os afetos, a realidade humana.
Temor não é medo que afasta, mas uma profunda reverência e respeito diante dAquele que não compreendemos completamente, dAquele que se revela, mas que continua envolto no mistério, pois não suportaríamos sua presença plena. É o inefável, o inominável, o inescrutável.
O desejo porque fazemos contato com aquela saudade infinita escondida no nosso coração e lançamos sobre Deus toda a nossa busca existencial e espiritual como o náufrago se agarra à bóia.
O afeto porque Deus é amor, é Trindade Santa – Pai, Filho e Espírito Santo intimamente ligados e interpenetrados. Deus que subsiste em si mesmo amando entre os três, e desejando que o amemos e que vivamos amorosamente entre nós.
E finalmente porque tudo isso se situa além do racional e do cognitivo. A oração é poesia, é cântico. É feita de metáforas como alguém que, tendo visitado um país estranho e desconhecido, só pode contar aquilo que viu através de comparações.
Assim, somos convidados por Deus a orar e, assim fazendo, nos unir a Ele. Um convite para nos acercar dEle com temor, com desejo, com afeto, com poesia, com a realidade de nossa vida. Sem esperar nada em troca, apenas para celebrar a Sua existência e o privilégio de sermos amados apesar de nossas iniqüidades.
Lá no fundo do nosso coração existe uma sede que só Deus pode verdadeiramente saciar. São muitos os atalhos que nos anestesiam, como, por exemplo, o ativismo e o consumismo. Mas existe no coração humano a saudade de um amor verdadeiro, uma busca por transcendência e eternidade, e o desejo de um mundo justo e pacífico. É um vazio que só Deus pode preencher.
Vivemos um período de crise, um mundo sem valores, invadido pelo materialismo e de incertezas quanto ao futuro. Muitos se voltam para a religião, buscam alguma forma de espiritualidade. São homens e mulheres tateando em busca de Deus, lotando igrejas, consumindo livros religiosos e também buscando respostas em novas e antigas religiões. Surgiu um mercado religioso envolvendo milhões de fiéis, movimentando muito dinheiro.As conseqüências se fazem sentir na igreja evangélica histórica, herdeira da Reforma. Já não sabemos orar como convém. Só sabemos pedir; nossas orações se resumem a petições sem fim. Não nos lembramos de agradecer, muito menos de confessar nossos pecados.
Começamos perguntando qual o sentido da oração. Para muitos, é um ato religioso praticado comunitariamente. Para outros, um meio de fazer Deus promover nosso conforto. Para outros, ainda, uma catarse emocional. Para nós, cristãos, a oração é uma elevação de nossa alma em direção a Deus.
“O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, diz o primeiro artigo do Catecismo Reformado. Madame Guyon, mística francesa, escreve que a experiência da oração possibilita estar com Deus para sempre em divina união. Tereza D’Ávila ora: “Que nada te perturbe, que nada te apavore, tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem Deus, nada lhe falta, só Deus basta”.
Sim, é verdade. Quanto mais amamos a Deus, menos necessidades urgentes e circunstanciais teremos.
O que significa para nós buscar a Deus na oração? Um Deus vivo e pessoal, que se relaciona, mas que ao mesmo tempo é infinito e eterno? Como superar essa distância entre o Criador e o ser criado, entre o eterno e o temporal, entre o infinito e o finito? Como entrar em contato com Ele, que não é um igual, mas o Deus vivo, Criador dos céus e da terra? Aquele que não pode ser aprisionado por uma definição racional, Aquele que as palavras todas não conseguiriam descrever. Como orar para aquele que sabe tudo de nós? “Adonai, tu me sondas e me penetras. Penetras meu repouso, meu despertar e discernes de longe meu desígnio. Avalias meu caminho e meu emparelhamento, freqüentas todas as minhas estradas. Não, a palavra não está na minha língua e tu já penetras toda, Adonai” Sl 139.1-4 (tradução de André Chouraqui em Louvores II, Imago Editora).
Aprendemos a orar com Salmos. Nesse livro, Davi, Core, Moisés, nos conduzem ao centro da oração: o temor, o desejo, os afetos, a realidade humana.
Temor não é medo que afasta, mas uma profunda reverência e respeito diante dAquele que não compreendemos completamente, dAquele que se revela, mas que continua envolto no mistério, pois não suportaríamos sua presença plena. É o inefável, o inominável, o inescrutável.
O desejo porque fazemos contato com aquela saudade infinita escondida no nosso coração e lançamos sobre Deus toda a nossa busca existencial e espiritual como o náufrago se agarra à bóia.
O afeto porque Deus é amor, é Trindade Santa – Pai, Filho e Espírito Santo intimamente ligados e interpenetrados. Deus que subsiste em si mesmo amando entre os três, e desejando que o amemos e que vivamos amorosamente entre nós.
E finalmente porque tudo isso se situa além do racional e do cognitivo. A oração é poesia, é cântico. É feita de metáforas como alguém que, tendo visitado um país estranho e desconhecido, só pode contar aquilo que viu através de comparações.
Assim, somos convidados por Deus a orar e, assim fazendo, nos unir a Ele. Um convite para nos acercar dEle com temor, com desejo, com afeto, com poesia, com a realidade de nossa vida. Sem esperar nada em troca, apenas para celebrar a Sua existência e o privilégio de sermos amados apesar de nossas iniqüidades.
Osmar Ludovico
http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=78&materia=968
http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=78&materia=968
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"Guarda-me, ó Deus, pois em ti me refugio. Ao Senhor declaro: Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti...”
Grande será o sofrimento dos que correm atrás de outros deuses. Não participarei dos seus sacrifícios de sangue, e os meus lábios nem mencionarão os seus nomes...
Senhor, tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes o meu futuro. Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!
Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranqüilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro nem permitirás que o teu santo veja corrupção.
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita".
Salmo 16Grande será o sofrimento dos que correm atrás de outros deuses. Não participarei dos seus sacrifícios de sangue, e os meus lábios nem mencionarão os seus nomes...
Senhor, tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes o meu futuro. Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!
Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranqüilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro nem permitirás que o teu santo veja corrupção.
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita".
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