Esperança não é uma palavra fácil. Para compreendê-la é preciso olhar para a vida de forma inteira, toda a linha do tempo, e não apenas para uma imagem do momento. Para vivê-la, é necessária uma confiança absoluta. Para pregá-la, é preciso abundante graça.
Comecemos pelo início. A esperança existe porque existe o pecado. Não havia esperança nos primórdios do Éden e não haverá esperança no céu. Portanto, a esperança existe no meio da história, quando a quebra aconteceu. Esperança é aquilo que Deus nos dá para, impulsionados pela fé, crermos e nos movermos a partir do que ainda não chegou, mas chegará. A esperança é para os fracos, como você e eu.
Vivemos na terra com a esperança dos céus. Fomos manchados pelo pecado, mas aguardamos vestes brancas. Nossa confiança é imperfeita, mas um dia será plena. Somos movidos pela crença no invisível, mas o veremos face a face. Amamos de forma limitada, agoniada e inquieta, mas aguardamos o Amor perfeito nos encher de perfeito amor. Quebramos, mas seremos restaurados. Sofremos, mas nossa lágrima será enxuta. Adoecemos, mas seremos curados. Caímos, mas seremos eternamente redimidos.
Assim, em primeiro lugar, devemos nos lembrar que a esperança existe porque existe o pecado. Nessa vida terrena, a esperança não é um bônus ou uma escolha, mas uma imperativa necessidade.
Precisamos de esperança porque ainda não vemos de forma perfeita, não conhecemos o que precisamos, não cremos na medida certa, não amamos como fomos ensinados, não adoramos como Ele merece.
A esperança existe porque ainda vivemos em uma terra manchada, quebrada, corrompida e injusta, que clama por redenção todos os dias. A esperança existe porque a intervenção final de Deus ainda não aconteceu.
Mas acontecerá! Um dia nossos olhos serão completamente abertos e veremos Aquele que é! Não haverá dúvida, incerteza, angústia ou dor. Assim, poderemos, finalmente, adora-Lo como Ele merece! Exaltado seja Cristo!
Em segundo lugar, devemos nos lembrar que precisamos de esperança para imaginar o amanhã. Sim, a esperança não é um mero sentimento ou uma simples convicção. A esperança é a imaginação teológica do que Ele tem preparado para aqueles a quem ama. Como nunca vivemos lá – pois não conhecemos a vida sem a quebra do pecado – podemos apenas imaginar e esperar a partir dos lindíssimos quadros apresentados na Palavra. Um deles começa com uma insubstituível frase de Jesus: “Muito bem, servo bom e fiel!” (Mt 25:23).
Naquele dia, finalmente entenderemos a figura majestosa do Pai em seu trono de perfeita justiça e inimaginável santidade; o Filho exaltado e abraçado pelo povo que redimiu; e o Espírito manifestando o verdadeiro e eterno amor.
Esses quadros bíblicos nos falam sobre uma terra sem lágrimas e sem morte; uma vida sem pecado e sem quebra; uma existência comunitária sem egoísmos, movida por um amor eterno. Uma experiência de tirar o fôlego só em pensar!
A esperança existe porque algo mais virá. Algo além de toda compreensão, projeção e especulação.
Sobre o povo da Esperança, é dito que “… se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Apoc 7:15-17).
Ronaldo Lidório
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