"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

UM DEUS SEM CURA PARA SI MESMO! por Caio Fábio


Se prevalecesse a ideia de que Deus criou e pronto, tendo depois que fazer ajustes à criação, conforme se crê que a Bíblia narre, teríamos que dizer que Deus não somente de fato se arrepende, como também que se arrependeu muitas vezes, e que, hoje, se arrepende todos os dias de haver feito o que fez como Criador.

O critério acima exposto não só é totalmente humano, limitado, linear e finito, como, também, é um atestado da inviabilidade de Deus como Criador e Pai segundo a lógica do homem.

Deus nunca se deu bem e Seus projetos parecem ter falhado!

Adão foi uma tragédia. Seu filho Caim de cara vira homicida. A descendência dele fez ainda pior. Depois veio a tal invasão “anjo-alienígena” descrita por Gênesis seis, quando os “filhos de Deus” tomaram as mulheres mais belas da terra e com ela geraram os Gigantes, os Nephilim. Então veio o Dilúvio. Noé sobrevive, mas de sua descendência logo surge um filho amaldiçoado: Cão, pai dos cananeus.

Outra vez o mundo se danou todo com extrema rapidez.

Então Deus suscitou Abraão, que foi lindo de fé, mas que gerou uma segunda descendência, com Hagar, e que é a descendência dos piores inimigos do povo da linha direta de Abraão: Isaque e seus descendentes: os filhos de Israel.

Israel, outra provisão divina para o mundo, tornou-se o que se tornou: pior dos que os povos antigos que o haviam precedido na terra da peregrinação de Abraão.

Então veio o Rei Davi, homem segundo o coração de Deus, mas que teve também coração para o que não deveria ter tido.

Assim, Israel se corrompe outra vez, só que agora numa sucessão de corrupção através dos Reis de Israel, começando com Salomão, filho direto de Davi.

Profetas são levantados. Utopias são prometidas caso Israel ande com Deus. Mas, dos profetas, ficamos conhecendo não as utopias proféticas [até hoje o leão e o boi não pastam juntos...], mas apenas a verdade dos profetas nos cumprimentos dos juízos vaticinados.

Assim, as profecias continuaram, as tragédias se sucederam, mas os profetas acabaram.

Então, veio o cativeiro para corrigir os idolatras filhos de Abraão.

Enfim, vem Jesus. Veio para o que era Seu, mas os Seus não o receberam. Surge uma outra comunidade: a Igreja.

Ora, a Igreja seria o novo Israel. É verdade que sempre se pode pensar na Igreja Invisível, pois, a Igreja visível apenas dá testemunho do fracasso de Deus como Arquiteto e Edificador.

Então, veio, da Igreja e sua influencia, o mundo Ocidental e tudo o que nele já se fez em nome de Deus e de Jesus.

Agora, mais do que nunca, temos todos os “agentes explícitos” de Deus na História em estado de desgraça: Israel é visto como um usurpador perverso e a Igreja é a comunidade da Promessa Corrompida.

O Pai não teria dado certo com Israel e o Filho e o Espírito teriam fracassado no Projeto Igreja!

Sim! A julgar pelo que os crentes sempre consideram o “caminho histórico e único de Deus”, Israel e a Igreja, temos que dizer que Deus não deu certo como Deus.

No trato com Seus filhos Ele já tentou de tudo.

Adão teve tudo, menos uma coisa, mas essa única coisa que ele não poderia foi justamente a coisa que ele quis contra tudo o que poderia.

Veio Seu Filho, mas foi morto, e os que nele creram, depois de um tempo, tornaram-se discípulos de si mesmos. Sim! Do que chamaram de “nós, a Igreja”; mas já não eram mais discípulos de Jesus.

Ora se os planos de Deus para consertar o mundo se limitam a Israel e à Igreja, então, creia meu amigo: Deus se danou nessa!

Desse modo, não me admira que os “ajudantes” de um Deus tão incompetente — pois, nesse caso, Deus pode ser tudo: Onipotente, Onisciente, Onipresente, mas é também Oni-Incompetente — estejam tentando criar uma teologia do dialogo entre Deus e o homem; e mais: criando certas limitações no softer de Deus, tornando-o mais incapaz, mais lento; e isto a fim de torná-lo menos Deus, e, assim, podermos explicar melhor Sua impossibilidade de fazer o melhor da e para a criação.

Sim! A História de Deus com Sua criação foi difícil até mesmo antes de o homem ser criado.

O tal “Querubim da Guarda”, acerca de quem pouco ou nada se sabe, veio a tornar-se diabo no meio da Assembléia Sublime. Deu tudo errado, segundo o padrão humano de avaliação.

Criou-se o homem. Mas o homem virou um diabo.

E, agora, o diabo do homem com o diabo que o homem nem sabe quem é, juntos, estão acabando o mundo.

Ora, já que não dá para criar um outro homem e nem um outro diabo, pois, tanto o homem quanto o diabo não estão ao dispor do homem para mudar, então, somente se criando um “outro Deus”, para ver se a gente dá uma reviravolta pelo menos filosófica no “Problema Deus” ou no “Problema de Deus”.

O Não-Deus Budista, em um tempo como o nosso, leva imensa vantagem; pois, nunca prometeu nada na Terra; nunca teve uma terra, um povo, uma nação santa; nunca teve relações pessoais; nunca disse nada; nunca dele se disse que soubesse qualquer coisa no futuro; e apenas estimulou a que se sofresse pouco, pela via da desistência das paixões do ego; e que também se fosse compassivo, mas sem passionalidades nos afetos.

Esse ‘Deus’ que não é um Deus por definição Ocidental, não tem problemas. De fato, somente não sugiro que o pessoal cristão angustiado com o ‘Deus dos cristãos’ e da ‘Igreja’ se converta a “Ele”, pois, em razão do acesso logorreico dos viciados nas cerebrações e nas discussões sobre Deus, eles ficariam entediados, pois, tal “Deus” não tem papo, e nem serve a um projeto de Teologia Relacional; do contrario, já seria um Deus “prontinho” para eles. Que pena!

Ora, o que se impõe concluir é que o Deus da Igreja não tem o que dizer ao mundo, a começar do fato que seu ultimo projeto, a ‘Igreja’, não deu certo entre os homens também.

Desse modo, a oração Sacerdotal de Cristo, em João 17, no máximo tem seu cumprimento apenas nos ambientes da subjetividade inverificável, mas não na História verificável.

Assim, a Oração de Jesus ficou frustrada historicamente falando, posto que seja inegável que Jesus desejasse que Seus seguidores, a Igreja, se tornasse uma comunidade humana de amor, verdade, justiça e paz; e, como sabemos, isso nunca aconteceu de modo consistente e continuo na História. Falhou também.

Pedro disse na sua 2ª epistola que seria esse tipo de frustração com Deus, e, também, com a imutabilidade das situações desde o principio, desde Adão, o poder que faria muita gente se cercar de mestres procurando uma saída, um outro Deus; ou, quem sabe: um Deus que mude o paradigma da expectativa em relação a Ele, pois, de acordo com o que se pode medir, Deus teria falhado.

Na realidade Deus não tem nada a ver com tudo o que se diz Dele ou tampouco com o “Retrato Falado” que Dele os homens têm recebido através da “Igreja”.

O desconhecimento da “Igreja” em relação a Deus e a Jesus é tão grande, que se Ele se manifestar mesmo, os crentes vão repreendê-Lo em “nome de Jesus”.

Deus não está com problemas, e, tampouco, nos deu esse “manualzinho divino” que hoje se pretende ou precisa reformar a fim de adequar Deus aos tempos.

Na realidade, dado ao que o mundo apresenta, Deus virou o maior problema do mundo!

É em nome de Deus que os maiores ódios permanecem. É nome de Deus que se pode vir a explodir a Terra. É nome de Deus que se fez tudo o que se fez do progresso que hoje ameaça destruir o mundo. E mais: Deus é culpado por tudo o que não dê certo!

O mais simples para Deus, que deve andar de Saco Divino Cheio de tudo o que a Ele se atribui, discute, sugere, demanda ou Dele se “explica” — seria acabar com o homem; posto que a Natureza não tenha problemas para além de nós, a terrível “jóia da criação”.  

Deus, porém, não tem cura!...

Sofre do amor de Oséias, o corno. Sofre a dor do Pai do Pródigo e a do Pai do irmão que tinha inveja do pecado do outro. Sofre como o Pai que não é reconhecido nem com DNA pelos filhos.

Sofre e segue... Não dá para explicar. Ele mesmo não se explica. Apenas manda não filosofar e crer. Crer que Ele sabe o que está fazendo, embora eu não entenda nada.

Sim! Ele mesmo disse que o que nos aguardaria seria justamente o que chegou. Mas garante que no final veremos o sentido de tudo, se apenas crermos, confiarmos e não nos cansarmos do amor e do bem.

Entretanto, olhando com os olhos dos Teólogos Psicanalistas de Deus, teríamos que dizer:

Deus é um Pai incorrigível, que acostumou mal a Seus filhos, que é co-dependente da humanidade, mas errou muito querendo acertar. Agora, porém, chegou a hora de Deus crescer e dialogar com os teólogos e com a humanidade, pois, sozinho, Deus nada conseguiu; pode ser com uma consultoria humana Ele se saia melhor; posto que até agora, usando critérios humanos de qualquer natureza, teríamos que dizer que Deus não deu certo. Mas isso não seria justo com Ele, que, afinal, se esforçou tanto!

Jesus falou deste dia, quando indagou afirmando:

Porventura, quando vier o Filho do Homem, encontrará fé na Terra?

Deus não está assustado. Mas o homem está morrendo de medo!

Ora, não posso falar pelo mundo, mas por mim eu posso e digo:

Se a única criação de Deus tivesse sido eu, apesar de mim mesmo, eu diria e digo: Deus deu certo em mim!

Nele, que nunca se arrependeu e que nunca teve de remendar nada, embora eu não compreenda coisa alguma,

Caio
19 de janeiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF

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