Já ouvi muita coisa a respeito de Jesus. Jesus é Deus. Jesus é amigo. Jesus é Salvador. Jesus é poderoso. Jesus é amor. Jesus é isso. Jesus é aquilo. Coisas assim a respeito de Jesus eu escuto o tempo todo. Mas apenas uma vez ouvi alguém se referir a Jesus como uma pessoa inteligente. Dallas Willard chamou Jesus de “o lógico”, e criticou aqueles que não conseguem colocar Jesus e a inteligência na mesma frase: como podemos levar Jesus a sério como mestre se, ao entrarmos em nossas áreas de competência técnica ou profissional, precisamos deixá-lo de fora?, pergunta Willard. Mais do que isso, por que temos dificuldades em acreditar que Jesus um pensador que tratou das mesmas questões que Aristóteles, Kant, Heidegger ou Wittgenstein, e o fez com o mesmo rigor metodo-lógico?
Essa é uma questão que sempre me intrigou. Por que colocamos Jesus na prateleira dos temas religiosos e metafísicos e o deixamos de lado quando a discussão é política ou econômica? Por que os terapeutas e psicólogos leem a alma humana a partir de Freud e não a partir de Jesus? De onde veio a ideia que Jesus entendia menos de economia e política do que Karl Marx, Adam Smith, Friedrich Hayek ou John Keynes? Por que os cartazes das universidades estampam Che Guevara como ícone revolucionário enquanto Jesus é tratado como um anglo-europeu afeminado?
Jesus encarou o poder político imperialista, bateu de frente com o poder religioso institucionalizado, confrontou todos os agentes de segregação, preconceito e sectarismo social, incluindo questões de classe, gênero, geração, religião e ideologia, estabeleceu as bases de uma comunidade que atravessou mais de dois mil anos de perseguição e fundamentou toda a cultura do ocidente, inspirou artistas e estadistas, foi e é a força mais poderosa de transformação pessoal e resistência diante das tragédias e da morte. Não obstante tudo isso, parece que tudo quanto se consegue discutir a seu respeito é se era mesmo Deus e Salvador do mundo. Seu lugar é o alto do altar, numa cruz empoeirada para a devoção dominical, ou o colar para levar no pescoço ou pendurar no retrovisor do automóvel a título de amuleto. Sua biografia é classificada ao lado de divindades que nada têm a ver com a periferia das grandes cidades, o exagero do padrão de consumo da sociedade capitalista neoliberal, e os conflitos geopolíticos entre norte desenvolvido e sul emergente, sendo autoridade apenas para questões como vida depois da morte, e nome para ser usado numa carteirada na porta do inferno. Justiça seja feita, nos últimos anos tem sido usado como argumento para abrir porta de emprego e consertar filhos e cônjuges que perderam o juízo. Mas dificilmente a relação Jesus – emprego é estabelecida em termos de reforma fiscal e tributária, taxas de juros, e modelo de desenvolvimento econômico.
O Fórum Cristão de Profissionais quer ser um ambiente para que o microfone nas mãos de Jesus seja usado para tratar de temas próprios da vida antes da morte. Seguros de que a vida depois da morte é prerrogativa do Cristo ressurreto, queremos seguir os passos do Jesus histórico, imitando seu estilo de vida, baseando nossas decisões em seus valores, desenvolvendo relacionamentos marcados por compaixão e solidariedade, promovendo a justiça em todas as instâncias da vida. E não tememos encontrar a cruz ao fim do caminho, pois a cruz já a carregamos enquanto caminhamos.
© Ed René Kivitz
http://forumcristaoprofissionais.com/2010/08/13/jesus-o-pensador/
Jesus encarou o poder político imperialista, bateu de frente com o poder religioso institucionalizado, confrontou todos os agentes de segregação, preconceito e sectarismo social, incluindo questões de classe, gênero, geração, religião e ideologia, estabeleceu as bases de uma comunidade que atravessou mais de dois mil anos de perseguição e fundamentou toda a cultura do ocidente, inspirou artistas e estadistas, foi e é a força mais poderosa de transformação pessoal e resistência diante das tragédias e da morte. Não obstante tudo isso, parece que tudo quanto se consegue discutir a seu respeito é se era mesmo Deus e Salvador do mundo. Seu lugar é o alto do altar, numa cruz empoeirada para a devoção dominical, ou o colar para levar no pescoço ou pendurar no retrovisor do automóvel a título de amuleto. Sua biografia é classificada ao lado de divindades que nada têm a ver com a periferia das grandes cidades, o exagero do padrão de consumo da sociedade capitalista neoliberal, e os conflitos geopolíticos entre norte desenvolvido e sul emergente, sendo autoridade apenas para questões como vida depois da morte, e nome para ser usado numa carteirada na porta do inferno. Justiça seja feita, nos últimos anos tem sido usado como argumento para abrir porta de emprego e consertar filhos e cônjuges que perderam o juízo. Mas dificilmente a relação Jesus – emprego é estabelecida em termos de reforma fiscal e tributária, taxas de juros, e modelo de desenvolvimento econômico.
O Fórum Cristão de Profissionais quer ser um ambiente para que o microfone nas mãos de Jesus seja usado para tratar de temas próprios da vida antes da morte. Seguros de que a vida depois da morte é prerrogativa do Cristo ressurreto, queremos seguir os passos do Jesus histórico, imitando seu estilo de vida, baseando nossas decisões em seus valores, desenvolvendo relacionamentos marcados por compaixão e solidariedade, promovendo a justiça em todas as instâncias da vida. E não tememos encontrar a cruz ao fim do caminho, pois a cruz já a carregamos enquanto caminhamos.
© Ed René Kivitz
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