Eu não sei quem me despertou do sono, e me alertou do grande perigo, eu não consigo me lembrar onde ouvi o galo cantar ou qual cantou primeiro, o que eu sei é que este assunto é pouco discutido hoje em dia. Quando ouço algum pregador fazendo um "apelo" nesses termos (aceite a Jesus, Ele quer morar no seu coração - Jesus morreu por você e Ele só quer o seu coração - não viva sem Cristo, mas principalmente não morra sem Ele), me preocupo bastante sobre que tipo de Evangelho é este que está sendo anunciado, me dá até um arrepio.
Para alguns pode ser somente questão de terminologia, mas para mim é, como diz os autores, "aceitar a Cristo" é algo que não faz parte do 'espírito evangélico' contido nas Escrituras. Nem Cristo nem os Apóstolos falaram nestes termos, isso parece uma 'açucarização' do Evangelho, algo bastante perigoso. Você já ouviu falar de remédio eficiente sem ser amargo?
Os apelos neotestamentarios eram do tipo:
"arrenpendei-vos pois é chegado o Reino dos céus." (Mt 3.2);
"...Mas se não se arrenpenderem, todos vocês pereceram." (Lc 13.5);
"Depois Jesus foi pelas cidades e povoados e ensinava, prosseguindo em direção a Jerusalém. Alguém lhe perguntou: Senhor, serão poucos os salvos? Ele lhes disse: Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, responderá:‘Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Então vocês dirão: Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas ruas. Mas ele responderá: Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal!" (Lc 13.22-27);
"Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo". (Lc 14.26,27);
"Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o Espírito Santo". (At 2.38)
É disso que os dois, Tozer e Chambers, vão falar. Para mim é mais uma questão de vida ou morte. Um remédio pode ser inócuo ou se tornar um veneno dependendo da dose, no caso do Evangelho de Jesus Cristo não existe perigo de superdosagem...
BM
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O Ministério dos Despercebidos por Oswald Chambers
"Bem-aventurados os humildes de espírito." - Mateus 5.3
O Novo Testamento destaca virtudes que, pelos nossos padrões, não são lá muito importantes. "Bem-aventurados os humildes de espírito", literalmente - "bem-aventurados os indigentes" - algo excessivamente comum para ser levado em conta! As pregações que se ouvem hoje procuram enfatizar a força de vontade, a beleza do caráter da pessoa - coisas que são facilmente notadas por todos. A frase que tantas vezes ouvimos - "Aceitar a Jesus" - dá ênfase a uma postura que o Senhor nunca propôs e na qual nunca confiaria. Ele nunca nos pede para aceitá-lo, mas para nos rendermos a Ele - o que é muito diferente. O reino de Jesus Cristo tem como base a beleza natural daquelas coisas simples. Sou bem-aventurado é na minha pobreza. Se sei que não tenho força de vontade, nem nobreza de disposição, então Jesus diz: "Bem-aventurado és tu", porque é através dessa pobreza que entro no Reino dEle. Não posso entrar nele como pessoa boa, só posso entrar como um indigente.
A verdadeira natureza da beleza interior que testifica de Deus é aquela que se torna sempre um fator inconsciente. Uma influência consciente é pedante e anticristã. Se eu disser: "Será que sirvo para alguma coisa", perco imediatamente toda a beleza que vem do toque proveniente do Senhor. "Quem crer em mim... do seu interior fluirão rios de água viva", João 7:38. Se eu fico a analisar esses rios são, perco o toque do Senhor.
Quais são as pessoas que mais nos têm influenciado? Não são as que pensavam fazê-lo, mas as que não tinham a mínima noção de que estavam nos influenciando. Na vida cristã, a realidade implícita nunca é consciente; se é consciente, deixa de ter aquela beleza simples que é característica do toque de Jesus. Sabemos quando é Jesus que está operando, porque Ele produz nas coisas comuns algo que é inspirador.
Oswald Chambers (do devocional TUDO PARA ELE dia 21 de agosto).
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O Que Significa Aceitar Cristo por A W Tozer
Poucas coisas, felizmente poucas, são assuntos de vida e morte, tal como uma bússola para uma viagem marítima ou um guia para uma viagem através do deserto. Ignorar coisas assim vitais não é só lançar sortes ou correr um risco, mas puro suicídio; ou seja, estar certo ou morto.
Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte, e num plano muito superior. O homem que conhece a bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele sem qualquer influência por parte de quaisquer obras meritórias deles.
Tal coisa é verdadeira e sabida, mas a morte e ressurreição de Cristo evidentemente não salvam todos de maneira automática. Como um indivíduo entra numa relação salvadora com Cristo? Sabemos que alguns fazem isso, mas é óbvio que outros não alcançam esse plano. Como é coberto o abismo entre a redenção provida objetivamente e a salvação recebida subjetivamente? Como o que cristo fez por mim opera em meu interior? Para a pergunta: “O que devo fazer para ser salvo?” devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir o exílio eterno da face de Deus. É aqui que devemos estar certos ou perder-nos para sempre.
Os cristãos “evangelicais” fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: “Creia no Senhor Jesus Cristo”, “Receba Cristo como seu Salvador pessoal” e “Aceite Cristo”. Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; Jo 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.
Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmo quanto para os outros; assim sendo, a fórmula “aceite Cristo” tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda instrução de que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a terra prometida, apenas para descobrir que ela o levou em vez disso a “uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva”.
A dificuldade está em que a atitude “Aceite Cristo” está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso o veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos a Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.
Para esta maneira eficaz de tratar um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse “aceito” no Egito o sangue da páscoa , mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo “aceitasse” o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo, é preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude?
Ao permitir que a expressão “Aceite Cristo” represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.
Aceitar Cristo e dar ensejo a uma ligeira ligação com a pessoa de nosso Senhor Jesus absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual,volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de sua companhia.
Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é. Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como salvador hoje e aguardando até amanhã para decidir quanto à sua soberania. O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em Todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.
Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida,luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.
O fato de aceitarmos a Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na sua obra de, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo que opera neles e através deles.
Aceitar Cristo é conhecer os significado das palavras: “pois, segundo ele é, nós somos neste mundo” (1 joão 4:17). Nós aceitamos os amigos dele como nossos, seus inimigos com inimigos nossos, seus caminhos como os nossos, sua rejeição como a nossa rejeição, sua cruz como a nossa cruz, sua vida como a nossa vida e seu futuro como o nosso.
Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.
"O que significa aceitar a Cristo" de Tozer também tá muito boa. Sempre refleti um bocado sobre esse modelo simplista que temos nas igrejas de "levantar a mão para aceitar a Jesus". Realmente, isso coloca Jesus numa posição de suplicante, "com o chapéu na mão", esperando por uma decisão, como ele bem coloca, quando deveria ser uma atitude de entrega pessoal e total.
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