"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

sábado, 1 de agosto de 2020

Casamento em Resistência e Submissão | Por Maurício Avoletta Júnior

Stat Crux Dum Volvitur Orbis
(A Cruz permanece intacta enquanto o mundo dá voltas)

Há uma coletânea de cartas e sermões de Dietrich Bonhoeffer, o teólogo alemão que morreu em um campo de concentração nazista, chamada Resistência e Submissão. Nela, somos apresentados a escritos de um Bonhoeffer que, mais do que uma figura de resistência ao nazismo, tornou-se um exemplo de resistência à sociedade secularizada. Ele vivenciou o pior do ser humano e sentiu na pele os males do secularismo, mas, ainda assim, se posicionou como parte da resistência.

Da Igreja primitiva à Igreja Confessante da segunda grande guerra, sempre fomos resistência a algum aspecto da cultura vigente. Fomos, por diversas vezes, resistência ao Estado, às culturas pagãs, às perseguições e, mais recentemente, ao secularismo. Contudo, embora nossa resistência seja dinâmica, nossa submissão não é; ela sempre foi e sempre será ao senhorio de Cristo. Resistimos ao tempo e nos submetemos à vontade de Deus.

Hoje em dia, um dos modos de resistência e subversão sistêmica é o casamento. Em uma cultura hedonista e egocêntrica, escolher, deliberadamente, viver em função de uma outra pessoa é a maior ofensa ao sistema e ao Zeitgeist. Desejar, como casal, conformar-se à imagem de Cristo, mais do que um ato de resistência, é incitar uma revolução nas bases de uma sociedade moribunda.

O casamento é a figura sacramental do relacionamento de Jesus Cristo com sua noiva, a Igreja. É nele que somos moldados e transformados segundo a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. É nele que somos guiados por Nosso Senhor à santidade. Mais do que um relacionamento baseado em sentimentos, paixões e desejos sexuais, o casamento é um relacionamento baseado na caridade, no amor. Não o amor cor de rosa e hollywoodiano, mas o verdadeiro amor que se doa e busca o bem do outro em primeiro lugar.

Em uma época onde adultos agem como adolescentes e adolescentes agem como crianças, escolher amadurecer e viver os planos de Deus é optar pela subversão. Desejar uma vida ordinária e comum em detrimento de uma extraordinária, cheia de aventuras e de situações propícias para a divulgação em redes sociais, é nadar contra a correnteza de um mundo secularizado e sem esperanças.

A subversão de Bonhoeffer foi submeter-se ao senhorio de Cristo, num mundo onde todos estavam se submetendo às ideologias. A subversão de nossa época é mostrar que existem valores eternos e inegociáveis. É mostrar que nossa existência é submissa à vontade de Deus e não às tendências do momento. De fato, a vida do cristão sempre foi e sempre será, até a volta de Nosso Senhor, marcada de resistências ao espírito de nossas respectivas épocas e submissão ao senhorio de Cristo.

Maurício Avoletta Junior, 25 anos. Congrega na Igreja Batista Fonte de Sicar (SP). Formado em Teologia pela Mackenzie, estudante de filosofia e literatura (por conta própria); apaixonado por livros, cinema e música; escravo de Cristo, um pessimista em potencial e um futuro “seja o que Deus quiser”.