"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

JESUS, O DEUS MENINO por Ed René Kivitz

"Todo menino quer ser homem.

Todo homem quer ser rei.


Todo rei quer ser Deus.

Só Deus quis ser menino".


Essas palavras de Leonardo Boff ganharam meu coração nesse Natal. Imediatamente lembrei o que a Bíblia diz sobre Jesus menino:

"Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz". Isaías 9.6

"O lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se deitará com o bode, o bezerro, o leão e o novilho gordo pastarão juntos; e uma criança os guiará". Isaías 11.6

"Mas quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: "Hosana ao Filho de Davi", ficaram indignados, e lhe perguntaram: "Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo? " Respondeu Jesus: "Sim, vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor'?" Mateus 21.15,16, citando o Salmo 8.2

"Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: "Quem é o maior no Reino dos céus? " Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus". Mateus 18.1-4

"O povo também estava trazendo criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Ao verem isto, os discípulos repreendiam os que as tinham trazido. Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele". Lucas 18.15-17

Ouvi  Jesus  convidando: “Torne-se menino. Eu fui menino”.

Perguntei: Por que a criança é o paradigma daquele que enxerga, discerne, experimenta e participa do reino de Deus?

Os estudiosos da Bíblia sugerem duas possibilidades. A primeira é que as crianças representam as virtudes que Deus espera ver nos adultos, como pureza, simplicidade, ingenuidade. Mas não é menos verdadeiro que essas são mais propriamente características que devem ser deixadas para trás do que virtudes que devem ser desenvolvidas. Paulo, apóstolo, diz que “não devemos ser como meninos imaturos” (Efésios 4.11-16), e que a vida adulta exige o desapego das coisas de menino (I Coríntios 13.11). Jesus também ensinou que ingênuos não sobrevivem no meio de lobos, e por isso devemos ser “simples como a pomba e prudentes como a serpente” (Mateus 10.16). Quanto à pureza das crianças, convenhamos, todas elas sabem ser egocêntricas e são naturalmente manipuladoras e agressivas quando se trata de fazer valer suas vontades. Você pode dizer que aprendem com os adultos, mas aprendem rápido, de modo que atribuir grandeza moral às crianças é sim ingenuidade. Virtude exige maturidade, disciplina, esforço, sofrimento – crescemos porque padecemos.

Outra possibilidade de interpretação para o fato de ser a criança o modelo para quem deseja viver no reino de Deus é que ela simboliza os pequeninos. “Deixai vir a mim os pequeninos” significaria “não impeçam que os que sofrem se acheguem a mim”. Jesus ensinou que os que têm fome, sede, estão doentes e injustamente encarcerados são os pequeninos a quem servimos sem saber que agimos em favor do próprio Cristo (Mateus 25.40). Mas também é verdade que Jesus não foi menino no sentido de ser vítima das circunstâncias e das contingências. Jesus padeceu voluntariamente, com lucidez, ciente do propósito de seu sofrimento, que enfrentou com singular coragem e grandeza de espírito.

O contraste entre homem, rei, Deus e menino perdurou no meu coração e minhas perguntas não foram respondidas pelos estudiosos da Bíblia. Mergulhei no silêncio e esperei que a Palavra viva encontrasse o caminho do meu coração e respondesse minhas perguntas: Por que devo ser menino? o que significa se fazer menino? de que maneira Deus foi menino?

Duas verdades explodiram dentro de mim. A primeira, a respeito da condição da criança. A segunda, a respeito da qualidade de relação própria da criança.

Imaginei uma conversa entre as Pessoas da Santíssima Trindade ocorrida na eternidade. Jesus olha para o Pai e diz: “Eu me esvazio, abro mão das minhas prerrogativas divinas, e mergulho na mais vulnerável condição humana. Vou ao ventre de uma mulher. Vou ao colo e ao seio de Maria. Aceito me fazer menino”.

O ato voluntário de Jesus implica a disposição de colocar-se sob o cuidado alheio. Uma criança, ou recebe cuidado, ou morre. Dos recém nascidos, o ser humano é o que exige maiores e complexos cuidados, e por mais tempo. Ser criança é ser vulnerável. Ser menino é ser dependente do pai, da mãe e tantos outros cuidadores. O ato de Jesus implica dizer ao Pai: “Eu me entrego absolutamente aos teus cuidados. Abandono-me em tuas mãos. Fico à tua disposição. Inteiramente dependente do teu amor. Completamente à mercê do teu caráter justo e bom”.

Lembrei de quantas vezes ao longo desse ano me percebi como criança encolhida em posição fetal, acolhida na palma da mão de Deus, minha manjedoura. Não me acovardei, não fugi da vida, não abri mão das minhas responsabilidades, não deixei de encarar o ônus que o sagrado direito de viver impõe. Apenas admiti minha finitude, minha impotência, minha incapacidade e meus limites diante das cruéis e sublimes dimensões da existência. As injustiças das sociedades humanas marcadas pela destruição e ganância, e a maravilha do universo em expansão me mostraram meu real tamanho, e me fizeram orar suplicante. O peso da maldade contra mim, a vergonha do mal que me habita, a inconstância dos meus pensamentos e sentimentos, a perplexidade em momentos de confusão e conflitos, a impotência diante dos paradoxos da vida, as demandas dos que me buscam clamando por socorro, me fizeram muitas e muitas vezes correr para as mãos de Deus e me entregar em absoluta dependência, como um menino que se derrama no colo do pai, despido de qualquer vergonha por ser ainda menino.

Sei que sou homem. Sei que sou rei. Sei que o Espírito de Deus habita em mim. Mas sei que sou menino. Não me ofendo quando ouço meu Pai dizer que não sou capaz de sustentar a existência com minhas próprias forças, encarar o mundo com minha própria sabedoria, resolver a vida com minha pretensa onipotência. O estado de criatura, e o sentimento de dependência não me causam revolta. A consciência de ser “homem insuficiente” me coloca de joelhos. Na verdade, me faz correr repetidas vezes para o refúgio seguro dos cuidados do meu Pai Celestial.

Essas imagens trouxeram para mim a lembrança de que assim Jesus nos ensinou a orar: Abba, Abba Pai. Oração é palavra do afeto. Abba é o balbuciar da criança que ainda não aprendeu a falar. Abba é a expressão da criança que sabe quem é seu pai, mas não sabe nada a respeito dele. Abba é a palavra da intimidade supra racional e anterior a qualquer elaboração de raciocínio e valoração. Abba é o impulso da criança que, diante de tantos braços estendidos e faces convidativas, sabe exatamente o colo ao qual deve se entregar. Esse é o meu pai, aqui estou seguro, aqui é o meu lugar, diz a criança que sabe do seu Abba.

Carrego comigo mais perguntas do que respostas, sou como Riobaldo, “quase de nada não sei, mas desconfio de muita coisa”. Mas nada me impede de crer. Sei dos argumentos contra a fé, enxergo as mazelas da religião, conheço cada canto do labirinto da dúvida. Mas nada disso me impede de crer. Minha relação com o Abba prescinde da lógica, pois repousa no afeto. Há muita que desconheço. Mas sei que tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada não me separam do afeto do Abba. Sei que "nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação é capaz de me separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, meu Senhor".

Ouvi Jesus convidando: “Seja menino. Eu fui menino”. E então compreendi o que ele me dizia: “Entregue-se completamente aos cuidados do Abba, e nunca, nunca, nunca, em tempo algum, e por qualquer razão, duvide enquanto Ele sussurra ao seu ouvido: Você é meu filho amado, em quem eu tenho prazer”.

Então respondi em oração.

Eis-me aqui, Abba, disposto a crescer e ser homem à imagem de teu filho Jesus.
Eis-me aqui, Abba, disposto a ser rei, para que tua vontade seja feita na terra como no céu.
Eis-me aqui, Abba, ansioso para participar de tua natureza divina.
Mas, verdadeiramente, eis-me aqui, Abba, menino, completamente entregue ao teu cuidado, vivendo no teu amor.
Eis-me aqui, Abba, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim. Acalmei e tranqüilizei a minha alma. Sou como menino recém-amamentado por sua mãe. A minha alma é como essa criança. Somente em Ti está a minha esperança, desde agora e para sempre!

Ed René Kivitz


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NATAL


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O QUE VEM DEPOIS DA GRAÇA? por Ricardo Barbosa

Cresci ouvindo amigos de formação dispensacionalista afirmando que o tempo da lei passou e que agora vivemos o tempo da graça. Eles diziam que o Antigo Testamento, com suas leis e mandamentos, dera lugar ao Novo Testamento, em quetudo se resume no amor de Deus, um amor sem exigências, que nos aceita como somos; que o Deus justo e temível da antiga dispensação dera lugar ao Jesus manso e misericordioso da nova dispensação. Um tipo de evolucionismo divino.

O dispensacionalismo foi muito criticado e combatido. No entanto, o que vemos hoje é o seu reconhecimento, não apenas pelos que creem nas diferentes dispensações na história da salvação, mas, sobretudo, pelos cristãos pós-modernos, que rejeitam mandamentos, leis ou qualquer chamado à obediência. O que importa é o amor. É preciso sentir-se amado para então amar. É preciso sentir-se aceito para então obedecer. O problema é que nunca se sentem suficientemente amados ou aceitos.

No livro “Uma Força Medonha”, C. S. Lewis descreve um diálogo entre Ranson e Jane sobre casamento. Ela achava difícil confiar no marido porque sentia que já não o amava mais. Ranson então lhe diz: “A senhora não deixou de obedecer por falta de amor, mas perdeu o amor porque nunca tentou obedecer”. A relação entre o amor e a obediência é intensa e vital. Jesus também afirmou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14.21).

A ruptura que muitos cristãos fazem entre o Antigo e o Novo Testamento, entre lei e graça, entre mandamento e amor, compromete tragicamente a formação do caráter cristão. O processo que envolve o crescimento e o amadurecimento cristão requer obediência consciente e diligente. Uma passagem bíblica que expressa bem isto está em 2 Pedro 1.4-7: “[...] ele nos deu as suas grandes e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo [...]. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude, à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio [...]”.

As promessas foram cumpridas em Cristo. O propósito de Deus para o ser humano foi revelado. O caminho do crescimento espiritual foi escancarado com a vida, morte e ressurreição de Cristo. Maturidade cristã é tornar-se participante da natureza divina, revelada em Cristo. É por causa disso que devemos abandonar a corrupção que existe no mundo e nos entregar, deliberadamente, às virtudes, ao domínio próprio, à perseverança e a tudo o que nos leva a ser semelhantes a Cristo.

É possível fazer isto sozinho? Não. Jesus afirmou: “[...] sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Somente a graça de Deus pode realizar isto em nós. Porém, se eu nada fizer, nada será feito. É aqui que a obediência e o amor se encontram na experiência da fé. Os mandamentos de Deus não são uma negação de sua graça e amor, são sua afirmação. É a obediência aos mandamentos que nos leva a experimentar o amor divino.

Pedro afirma que precisamos nos empenhar para acrescentar à nossa fé a virtude, o domínio próprio, a perseverança, a piedade, a fraternidade e o amor. Sou eu que tenho de me empenhar. A responsabilidade é minha. Ninguém fará isto por mim. Consigo fazer isto por conta própria? Não. Preciso da graça de Deus. Contudo, se eu não me esforçar para fazer, nada será feito.

A formação do caráter cristão requer uma experiência intensa e poderosa com a graça de Deus. Deus, em Cristo, nos revelou seu amor, cumprindo por meio dele todas as promessas. Fomos salvos, regenerados e transportados do império das trevas para o seu reino de amor, justiça e paz. O caminho foi trilhado por ele, ele é o primogênito da nova criação. Sua vida consistiu em fazer a vontade do Pai e realizar a sua obra.

A formação do caráter cristão requer a mesma obediência aos mandamentos de Deus. Um cristão passivo e apático jamais experimentará o real significado da graça divina e, mais cedo do que imagina, perceberá a fragilidade de seu amor por Deus. Não deixamos de obedecer a Deus por falta de amor, deixamos de amá-lo por não obedecer-lhe.

• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

domingo, 17 de novembro de 2013

VIDA LONGA, VIDA ALONGADA E VIDA ETERNA - Revista Ultimato nov/dez

Em vez de pedir a Deus vida longa, riqueza ou a morte de seus inimigos, o recém-empossado rei de Israel pediu sabedoria para governar o povo com Justiça. Na escala de valores do jovem Salomão, pelo menos para aquele momento, capacidade para servir a Deus e aos homens era mais importante do que vida longa (I Rs 3.4-15).

Afinal o que é vida longa? Vida longa é aquela que, a cada dia, consegue empurrar a morte para frente. Mas, no fundo, o que se quer mesmo é a morte da morte, "aquele monstro cujo lábio inferior toca a terra e o superior toca o céu, de modo a engolir tudo". A morte é uma intrusa, não foi programada, é a sósia do pecado e, segundo Paulo, é o último - e o pior - inimigo do ser humano e da criação de Deus a ser derrotado (I Co 15.26).

Na realidade, enquanto não chegarmos à plenitude da salvação, é mais correto falar em vida alongada do que em vida longa. Há uma pequena diferença entre uma e outra.

A vida alongada tem um preço muito alto. Depende de uma infinidade de médicos e enfermeiras, de produtos farmacêuticos - quase todos de uso contínuo - de aparelhos cada vez mais sofisticados, de exames de laboratório, de planos de saúde, de cirurgias e de permanências na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Hoje em dia, o alongamento da vida está sendo questionado tanto pela ciência como pela sociedade, incluindo o próprio paciente e sua família. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 90% das mortes - quase 60 milhões por ano - "resultam de doenças agudas incapacitantes e enfermidades crônico-degenerativas que podem evoluir com lento e longo processo de morte, dependendo da doença e das comorbidades envolvidas". O cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida - SP, e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diz que "a morte não é uma doença para a qual devemos achar cura" e "é necessário que o homem reconheça a aceite a própria realidade e os próprios limites".

Precisamos tirar o foco da esperança da vida longa e da vida alongada e colocá-la na vida eterna, à qual Jesus se referiu diversas vezes. Vida eterna não é vida terrestre, nem vida física, nem vida comum. Vida eterna é mais do que vida depois da morte e da ressurreição. Ela pode começar aqui e continuar, sem interrupção, para todo o sempre. O Evangelho de João garante que quem crê no Filho de Deus como Salvador "tem a vida eterna". O verbo "ter" está no presente e não no futuro (Jo 3.36). O ex-professor do seminário teológico de Dallas J. Walvoord explica que vida eterna "é mais o resultado do que a causa da Salvação, mas relaciona-se com a conversão ou a manifestação da vida nova em Cristo". É aquela vida "que antegoza e garante a comunhão com Deus na eternidade".

Jesus explicou a Nicodemos que Ele seria pregado numa cruz para que todos os que cressem nEle tivessem a vida eterna (Jo 3.15). A continuação desta palavras é o versículo mais traduzido e recitado de toda a Bíblia: "Deus amou o mundo tanto, que deu o Seu único Filho, para que todo aquele que nEle crer não morra, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).

Jesus não veio remendar coisa alguma - Ele veio para construir coisas novas e maiores. A vida eterna para quem deseja ter vida longa ou alongada - e não consegue - é uma delas.

A morte daquele monstro cujo lábio inferior encosta no mais baixo abismo e o superior encosta no mais alto céu, de modo a devorar bebês, recém-nascidos, crianças, adolescentes, adultos e idosos de ambos os gêneros, faz parte da escatologia cristã. O sumiço da morte está em processo!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

OFICINA DE VIDAS - Uma reflexão sobre discipulado por Carlos Moreira

"Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os ema nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos". Mateus 28.16-20

Excelente reflexão sobre (para mim) a principal omissão e pecado da Igreja de Cristo, O DISCIPULADO.

Aproveitando e a reflexão, eu gostaria de obter algumas respostas acerca deste tema, é uma especie de pesquisa que me serviria para corroborar uma futura reflexão minha:

1- Você já foi discipulado por alguém, isto é acompanhado dia-a-dia por um mentor espiritual, em algum período da sua vida? (alguém que não somente lhe "evangelizou", mas levou com você a sua carga, lhe mostrou com sua vida, a Vida de Jesus).

2- Se foi, "quanto" da sua "herança espirtual" você credita a este relacionamento? Se não, você acha que isto lhe faz falta?

Eu, por exemplo, me lembro que aos meus treze anos de idade fui discipulado (somente por uma semana) no acampamento Palavra da Vida, pelo "conselheiro" Maninho. Vejo hoje, mais do que nunca, quanto aqueles dias foram importantes para minha formação espiritual.

Aos 14 e 15 anos de idade tive um professor de adolescentes na igreja que participava chamado Paulo "broa" (por causa de suas faces, um pouco redondas) que foi referência para mim, mas não foi um discipulador mas sim professor.

Aos 28, tive no meu dirigente de Decúria do Cursilho uma espécie de discipulador, mas muito mais pela sua boa vontade e dedicação. Éramos muito mais irmãos que compartilhavam, do que mentor e mentoreado.

Hoje, sabendo a importância deste tipo de relacionamento, procuro desenvolver amizades onde o discipulado ocorra; ora recebendo, ora sendo canal da Graça.

Infelizmente o discipulado é uma temática que não é levada a sério, penso ser esta a maior realização que uma pessoa pode fazer; primeiro ser discípulo de Cristo, depois, formar discípulos dEle.
BM
...
Oficina de Vidas - Uma Reflexão sobre Discipulado

INTRODUÇÃO
Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de carro. Oficina, então, nem se fala! Vá entender... Gosto de quase tudo que tem quatro rodas, mas o Jipe sempre foi o meu "xodó". Quando comprei o primeiro, passava horas com ele no mecânico. A coisa chegou a um estado tal, que Fabiana uma vez me disse que eu estava ficando mais tempo na oficina do que com ela em casa.

Sempre gostei de cuidar de carros e acabei desenvolvendo outra paixão na vida: cuidar de gente, mas é fato que se trata de coisas totalmente antagônicas. Carro se machuca, arranha, amassa, quebra uma peça, mas sempre tem jeito! Com grana e uma boa oficina pode-se até, num curto espaço de tempo, transformar uma velharia num hot rodes. Mas com gente é diferente. Gente quando "arranha", "amassa", ou "quebra" dá um trabalho enorme para "recuperar" e, não raras vezes, o problema é tão grave que a "perda é total".

Você já pensou numa oficina que cuidasse de vidas? Imagine o cliente chegando e sendo recebido pelo "mecânico" da alma que diria: "é patrão, vamos ter de arriar todo esse egoísmo, que já rodou bastante, e colocar no lugar dele dois litros de generosidade. Também vou ter de substituir essa mentira aqui, que como se pode ver já está bastante gasta, por aquela verdade ali, novinha em folha".

Que bom seria se fosse assim! Mas não é. Gente dá trabalho. Gente tem insegurança, insensatez, implicância, intemperança, intolerância, indolência, e tanta coisa ruim que agente só acredita que gente tem jeito porque agente é gente. E dá trabalho cuidar de gente; e como dá... Mas não há, nessa terra, tarefa que seja mais inspiradora e, no meu entender, que seja tão prioritária.

UMA "PAIXÃO" DENTRO DA PAIXÃO

Quando olho para Jesus, vejo essa verdade expressa em cada gesto e em cada palavra, pois, de fato, o Mestre gostava de gente. Gente doída, gente perdida, gente caída, gente excluída, gente que não se achava gente, gente que perdeu a referência do que era ser gente, gente que ignorava outra gente, gente de todo tipo e gente de toda gente.

Jesus vivia rodeado de pessoas. Com elas celebrou a vida e, por causa delas, a própria vida doou. Mas também experimentou nas suas relações a tristeza, a decepção e a dor. Para mim, a encarnação nada mais é do que Deus se deixando traduzir. Deus, agora, não é mais somente Deus, mas também é homem, bem próximo a nós. Podemos vê-Lo na esquina, entre uns e outros. Ele vai à casa do publicano e senta-se na roda dos pecadores. Conversa com a prostituta e come na mesa do coletor de impostos. Num momento está numa festa e, no outro, partilhando da dor solitária de um aleijado esquecido. Alegra-se no casamento, e chora no enterro do amigo, acolhe carinhosamente as crianças e expulsa o demônio que atormenta o endemoninhado. Verdadeiramente, a paixão daquele Galileu, era gente...

A vida de Jesus foi "gasta" com pessoas, sobretudo, os três últimos anos. Ele investiu todo o tempo de que dispunha na tarefa de fazer discípulos e, mesmo não tendo inventado o discipulado, discerniu-O como algo eficaz e aplicou-O como estratégia no ministério. No fundo, Ele criou uma oficina de vidas, pois, no que diz respeito à "consertar" gente, nunca houve ou haverá alguém melhor do que Jesus.

QUEBRANDO PARADIGMAS

Mais o que é mesmo discipulado? Ora, para tentar refletir um pouco sobre o tema, vou primeiro lhe dizer, o que eu acho que não é.

- Discipulado não é uma reunião de pessoas, mas a união de pessoas que se reúnem;
- Discipulado não é apenas abrir a casa para uma reunião, mas abrir a vida para a comunhão;
- Discipulado não é algo que acontece num dia da semana, mas, numa semana, todos os dias;
- Discipulado não termina quando a reunião acaba, pelo contrário, começa;
- Discipular não é passar a vida ensinando a bíblia, mas, no ensino da bíblia, passar a vida;
- Discipular não é apenas ensinar o que se aprende, mas viver o que se ensina;
- Discípulo não é alguém que quer apenas fazer discípulos, mas, antes de tudo, ser discípulo;
- Discípulo não é alguém que freqüenta a sua casa, mas aquele que partilha com você a sua vida;
- Discipulador não é aquele que apenas aceita o chamado do pastor, mas que compreende a comissão do Senhor;
- Discipulador não é um cargo que se assume na Igreja, mas um encargo que se assume na vida.

Tenho trabalhado com discipulado há mais de 20 anos. Neste período, no nosso país, observei, pelo menos, 4 "tipos" dele sendo implementados nas Igrejas.

1- DISCIPULADO COMO UM SISTEMA DE MANIPULAÇÃO
É um tipo de discipulado onde o discipulador exerce forte influência na vida de "seus" discípulos sendo que, em muitos casos, a relação torna-se, perigosamente, passional. O que à primeira vista poderia ser um fator positivo acaba tornando-se, num curto espaço de tempo, em algo extremamente nocivo. É que a dita "influência" vai muito além do que deveria ir, revelando-se, assim, uma invasão de privacidade. As pessoas têm de fazer a vontade do líder, sempre sob o suposto respaldo das Escrituras que, não raras vezes, são utilizadas totalmente fora de contexto.

Outra característica deste tipo de discipulado é ser um "sistema" fechado em si mesmo, com regras e rigores a respeito da vida e da conduta. O produto gerado a partir deste "caldo existencial" são vidas que existem sob o signo do medo, uma vez que, num ambiente como esse, torna-se quase impossível desenvolver de forma sadia a consciência na graça.

Conteúdos e verdades podem e devem ser repassados, primordialmente, através da vida, com respeito e amor, sempre olhando de forma reverente os "espaços" do outro, nunca perdendo a referência de que cada pessoa fará o seu próprio caminho na terra com Deus, pois será a partir dele que colherá a paz e o bem de cada dia.

2- DISCIPULADO COMO UMA ESTRATÉGIA DE MASSIFICAÇÃO
Muito do que acontece hoje, no mundo corporativo, achará guarida, em alguns anos, no mundo eclesiástico. Foi isto o que aconteceu na última década, com vários conceitos e processos empresariais sendo adicionados ao dia a dia das Igrejas.

Dentro desta perspectiva, os métodos voltados para o crescimento da membresia, mais especificamente através da estratégia de pequenos grupos, são os mais utilizados. A "visão" inicial, que chegou ao Brasil em meados dos anos 90, tinha como modelo a Igreja em Células da Colômbia que, num curto espaço de tempo, experimentou, através do discipulado, um crescimento numérico de milhares de pessoas.

Na versão tupiniquim, entretanto, o método sofreu o aditamento de programas e estratégias de planejamento e marketing com vistas a gerar melhores "resultados". O saldo, todavia, na maioria dos casos, tem sido desastroso, e não há como ser diferente, pois algo tão frio e impessoal, que visa apenas metas quantitativas, só pode gerar um adoecimento emocional e espiritual nas pessoas. Muitos são os casos dos que se queixam de estarem sendo submetidos a forte pressão para que metas de "multiplicação de membros" sejam alcançadas, como se a Igreja agora fosse uma empresa.

Jesus não nos mandou oprimir as pessoas, mas instou-nos a servi-las e amá-las. Nossa tarefa é encher o céu, e não a Igreja. Encher Igreja, sobretudo com gente vazia, é algo fácil. Com meia dúzia de "teologias da terra" o objetivo será alcançado. Mas, povoar o céu, com gente transformada, que compreende a graça e que viva de forma pacificada com Deus e com seus semelhantes, é tarefa apenas para quem quer ver o Reino de Deus crescer, e não o seu reino pessoal.


3- DISCIPULADO COMO UM PROGRAMA DE MANUTENÇÃO

Toda rotina gera fadiga, até mesmo nas coisas boas. Tenho observado que muitas comunidades se encantam com a possibilidade de começar um "programa" de discipulado. Analisam livros, escolhem métodos, criam uma "estrutura" e comissionam pessoas para a "execução da tarefa". Todavia, cedo-cedo, e, inevitavelmente, acabam se deparando com questões prementes tais como: o que é ser discípulo? O que se deve ensinar a eles? De que forma eles serão influenciados? Qual o objetivo deles estarem nas reuniões? A maneira de lidar com estas e outras questões, ao longo do tempo, definirá se a "coisa", como um todo, irá ou não rumar na direção de um "programa de manutenção".

O que é isto? É quando o discipulado, após alguns anos de funcionamento, torna-se apenas mais um "programa" da Igreja e, por isto, tem de ser mantido em funcionamento. Chega-se facilmente a esta situação quando a rotina se estabelece e o método se torna mais importante que a vida. Mesmo algo bom, como uma reunião caseira, com cânticos, orações, estudo e compartilhar, pode tornar-se algo extremamente "viciante", sem desdobramentos maiores, sem que as pessoas sejam de fato transformadas nos valores, conteúdos e caráter. Numa perspectiva mais ampla, o "programa" ou tenderá a se acabar, ou virará algo sem conseqüências práticas para a vida. Existirá sim, porém, cada vez mais, menos pessoas se interessarão por ele.

Jesus fez justamente o contrário, ou seja, transformou o método em algo prático e aplicável à vida. Jesus não chamou os discípulos para uma reunião na sua casa, nem para participarem de um estudo bíblico na sinagoga, nem mesmo para um grupo de comunhão aos sábados, dia reservado ao "sagrado". O convite foi para que pudessem experimentar o hoje, com todas as cores e intensidade de cada momento, na singularidade incomparável que há em cada dia. O chamado dizia respeito a se "provar" as dinâmicas da existência e, a partir delas, experimentar a verdadeira vida que deve ser sempre vivida em abundância.

4- DISCIPULADO COMO UM TEMA PARA MEDITAÇÃO
Quem já passou por um curso de pós-graduação sabe que um dos itens mais importantes para a formulação de uma tese é o arcabouço teórico, ou seja, o acréscimo ao texto principal do pensamento de diversos autores. Mas, uma boa tese, dificilmente se sustentará sem um "trabalho de campo", ou seja, sem as observações práticas que respaldem a teoria proposta. Pois bem, a mesma coisa pode ocorrer com o discipulado quando ele se transforma num tema para meditação, quase sempre contido nos objetivos de ensino da Igreja.

Com data de início e fim já demarcados - em alguns casos estabelece-se o tempo de três anos - o grupo passa a reunir-se com o objetivo de estudar um vasto cabedal de temas bíblicos e de autores diversos. Assim, o que deveria ser um estilo de vida a ser adotado, com pressupostos mais excelentes, acaba se transformando, apenas, num conjunto de conteúdos a ser "dissecado". Ao final do período proposto, cumpridas as "exigências", o membro do grupo torna-se um "discípulo graduado", ou seja, alguém que cumpriu uma espécie de jornada acadêmica, mas que, talvez, não tenha incorporado nenhuma prática à vida. Tiago nos adverte sobre o risco que há nesse proceder, quando nos diz: "tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos".Tg. 1:22.

Jesus não iniciou com seus discípulos um programa acadêmico fechado, mas, pelo contrário, criou uma grande escola da vida, aberta às pessoas, com sala de aula móvel, variando entre um lugar e outro, com conteúdos ensinados a partir das manifestações próprias da existência humana, sempre buscando harmonizar as pessoas ao mundo que as cercava e a Deus o Pai e Criador.

Mais afinal, então, o que é discipulado?

DISCIPULADO É A ESSÊNCIA DA MISSÃO.

Não há como entender algo sobre discipulado cristão se não olharmos para Jesus. Ele é a chave hermenêutica para todas as coisas e, a partir dEle, tudo pode ser discernido, até o próprio coração do Pai. É certo que as Escrituras Sagradas nos revelam alguns modelos de discipulado - Moisés e Josué, Elias e Eliseu, Paulo e Timóteo - mas a referência maior está no discipulado de Cristo.

Discipulado não é apenas um programa, apesar de ter etapas, nem um método, apesar de ter estratégias, nem mesmo um sistema, apesar de ter processos, mas é, antes de tudo, um estilo de viver para ser incorporado à vida. O ponto focal de tudo está no relacionamento. Jesus não chamou pessoas para manipular, nem criou estratégias para alcançar as massas e multiplicar "o bolo". Ele não estabeleceu uma rotina reciclável de entretenimento e nem fundou uma classe de estudos sistematizados. Tudo que aconteceu, aconteceu a partir da vida, nas relações travadas no dia a dia e nas oportunidades que foram surgindo a partir dos encontros humanos. Foi algo simples, mas extremamente poderoso.

Os vínculos e laços gerados, durante aqueles três anos de convivência com Cristo, foram tão profundos e marcantes que a vida daqueles que com Ele estavam nunca mais foi a mesma. Jesus ressuscitou, subiu aos céus, mas antes de sentar-se, definitivamente, à direita do Pai, esteve com Seus discípulos uma última vez, às margens do mar da Galileia. Na derradeira palavra do Senhor aos seus amigos, disse: "ide e fazei discípulos". E, de fato, eles foram...

Quando penso em tudo isto e olho para a grande comissão meu coração se enche de esperança e alegria. Sim, porque mesmo sem cursos, apostilas ou livros, mesmo sem recursos de fita K7, CD ou DVD, sem elaboração de estratégias, programas ou campanhas, os discípulos saíram pelo mundo anunciando as boas novas da salvação. De nada se fizeram acompanhar que não fosse vida. Sim, tudo se resumiu apenas a vida vivida com o Galileu, naqueles dias empoeirados na Palestina, onde a luz resplandeceu nas trevas de seus corações.


CONCLUSÃO

Discipulado é uma oficina de vidas! É uma tarefa árdua e que exige persistência. Muitas pessoas estão à nossa volta, todos os dias, precisando ser discipuladas. Algumas estão em nossa casa, outras no trabalho, ou na faculdade, e outras estão dentro da Igreja. Muitas delas acham que não precisam se submeter a isso, e outras, até que precisam, mas poucas serão as que tomarão uma decisão de ir além. Existe uma grande diferença entre precisar e querer e, isto, você verá por si mesmo...


O discipulador é um escultor do caráter de Cristo no caráter das pessoas. Ele é
alguém que entendeu que precisa ser uma referência na vida de outros a partir da vida que pulsa na sua própria vida. E isto leva tempo... E dá trabalho... Por isso, não espere moleza se quiser ser e fazer discípulos.

Jesus discipulou, de forma mais próxima, 12 pessoas. A Bíblia também fala dos 70, dos 120 e Paulo menciona os 500. Não sei quantos dá para formar numa vida, mas tenho a impressão de que, talvez, não sejam muitos. Se, todavia, nos empenharmos nesta tarefa, poderemos ver, ainda nessa geração, uma Igreja formada, em sua maioria, por discípulos do Senhor. Isso, posso lhe garantir, fará muita diferença...

Sola Gratia!

Carlos Moreira - www.carlosmoreira.com

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O SOFRIMENTO por Ariovaldo Ramos

Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades, de acordo com a informação que havia obtido dos magos. Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias:
"Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação; é Raquel que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não existem".
Mateus 2:16-18

Mais uma vez Deus se adianta à história humana: Ele sabe o que vai acontecer!

Mas, desta vez, a onisciência, que comunicou a forma, para evitar que o mal impedisse o avanço da história da salvação, agora, comunica o absurdo e a dor.

No texto, a nação de Israel, representada pela alusão à Raquel, esposa amada por Jacó, como a mãe da nação, é avisada do choro inconsolável.

Por que o Todo-poderoso nos informa da angústia, em vez de, simplesmente, impedi-la?

Por que tantos não culpados são abatidos pela maldade? O que acontece?

Antes da humanidade romper com a Trindade, viver, se o fruto da árvore da Vida fosse digerido, era para ser um fim em si mesmo. Viver viria a ser manifestar a imagem de Deus, para a glória de Deus. Nasceríamos para expressar Deus, e, portanto, para viver todo o crescimento e aventura que o conceito encerrava.

Depois da queda, viver passou a ser um meio; não é mais um fim em si mesmo. 

Depois da queda, nasceríamos para morrer, e sem nenhuma garantia ou previsão, sobre quanto tempo viveríamos. A morte estaria, desde o nascimento, em nós e fora de nós. A morte, que é sempre uma tragédia, é a inimiga que passaríamos a enfrentar diariamente.

A vida, após a queda, é um ambiente de sofrimento!

A vida, após a queda, é, de fato, o meio no qual Deus alcança os seres humanos, é o ambiente onde a salvação, em relação ao que a queda provocou, é oferecida; e, se recebida, a salvação inocula, no salvo, a vida que é um fim em si, cuja plenitude se dará na ressurreição do corpo.

Portanto, no que chamamos de nossa história de vida, enfrentamos e sofremos a maldade que, graças à nossa ruptura com o Deus do Universo, passou a fazer parte de nossa realidade, porque a maldade se tornou o princípio ativo da natureza humana.

Enfrentamos a maldade em nós, na realidade manipulada pelas mãos humanas, e naqueles que não enfrentaram a maldade em si.

A Trindade foi a primeira a ser atingida pela realidade da maldade, porque a Bíblia diz, que o sangue do Filho é conhecido, e efetivo, desde antes da fundação do mundo (1Pe 1.19-20).

Antes de tudo, e para que tudo pudesse existir, o Filho assumiu a cruz para enfrentar e vencer a maldade, que viria a ser a tônica da humanidade. E, graças a esse sacrifício, manifesto, na história, no Calvário, a Trindade pôde criar, manter e resgatar a sua criação. E, por isso, pôde, nesse ambiente, emprestar parte de sua bondade, para que a maldade não fosse o único tom da nossa vivência (At 14.17).

Esse sacrifício da Trindade, por meio do Filho, é uma ação do Deus, por sua graça. Esse ato divino, por sua graça, garante que a vida voltará a ser um fim em si mesma, isto é, voltará a ser o exercício da expressão da imagem do Deus.

Entretanto, enquanto o final não chega, sofreremos e enfrentaremos a maldade, que, por nossa queda, trouxemos à realidade.

A maldade não conseguiu, nem conseguirá interromper a história da salvação, o que era o seu objetivo; mas, sempre cobrará vítimas. Isto se tornou parte da condição humana. Muito inocente tombou até que o Cristo viesse, e muito inocente ainda tombará até que o Cristo volte.

Certo é, que, nenhum, dos que tombaram ou tombarão, viveu ou viverá em vão; ainda que tenha morrido, ou venha a morrer precocemente.

E o que foi e será vitimado pela maldade, de alguma forma, faz parte de todo o gemido da criação pela salvação da humanidade, pela redenção cósmica do Cristo (Rm 8.22).

Não quer dizer que a morte do inocente tenha sido necessária; ou que a vítima tenha sido salva por perecer de tal morte, pois, só o sacrifício do Cristo salva o ser humano. Quer dizer que o desfecho, de sua vida, teve a ver com tudo o que aconteceu na história da busca divina pelo que se havia perdido; porque fez parte do enfrentamento da maldade, capitaneado pelo Cristo.

A maldade, em nós, é, portanto, fruto do mau uso do arbítrio humano. A maldade é o ônus da humanidade em estado de queda.

O ato mau é consequência do livre curso da maldade.

Em cada um de nós, a maldade deve ser detida pela bondade que Deus, por sua graça, para garantir sobrevida à humanidade, nos emprestou; enquanto Deus faz avançar a historia da salvação, que culminará em novos céus e nova terra, onde habita a justiça.

Na sociedade, os homens bons devem enfrentar os homens maus. O efeito da maldade, a partir do ato humano, é proporcional ao poder permitido a este ser humano.

A Trindade não veio a nós para deter os homens maus, mas, para erradicar a maldade no ser humano, por meio do novo nascimento.

Enquanto a maldade não for erradicada da humanidade, homens bons e homens maus se defrontarão, quando os homens maus vencem, a injustiça prospera, quando os homens bons vencem, o que prospera é a justiça.

Homens bons não são pessoas destituídas da maldade, nem gente que não precise nascer de novo, mas, seres humanos que, por causa da deferência de Deus, por sua graça, procuram dar lugar à bondade emprestada por Deus.

Ao mencionar a profecia sobre o choro de Raquel, Deus não estava falando da inexorabilidade do mal, mas, do descaso para com os avisos de Deus.

Deus enviara os magos para despertar Israel, e toda a Jerusalém o soube, e se alvoroçou (Mt 2.3), mas, nada fez, e deixou o Cristo e os demais infantes à deriva da maldade, pondo em risco a história da redenção. Ecoou a fala de Deus à Isaías (Is 53.1): “Quem creu em nossa pregação?”

Provavelmente, a Jerusalém, alvoroçada, tenha sido dissuadida pelos líderes vaidosos, que não admitiam que Deus falasse, senão por eles. E os homens bons deram ouvidos aos homens maus.

Deus, então, salvou o Cristo e a história da salvação.
http://ariovaldoramosblog.blogspot.com.br/

terça-feira, 1 de outubro de 2013

NEM DENTRO NEM FORA por Ricardo Barbosa

Blaise Pascal (1623–1662), o grande físico, matemático e teólogo francês, em seus “Pensamentos”, falando sobre a grandeza do homem, afirma o seguinte: “Os estoicos dizem: Tornai a entrar dentro de vós mesmos; é aí que encontrareis o vosso repouso: e isso não é verdadeiro. Outros dizem: Saí e buscai a felicidade divertindo-vos: e isso não é verdadeiro. […] a felicidade não está nem em nós, nem fora de nós; está em Deus, tanto fora como dentro de nós”.

Tenho a impressão de que as tentações mais sutis nos são apresentadas aos pares: ou isto ou aquilo, ou dentro ou fora. Todas as vezes em que optamos por uma, somos levados a negar, ou a minimizar, a outra. Exemplo: Amamos a Deus para então obedecer-lhe ou obedecemos-lhe para então amá-lo? Servimos ao próximo porque esse é o nosso chamado ou precisamos primeiro sentir o chamado para então servir? O que é mais importante: A razão ou a emoção? A convicção ou o sentimento? 

A escolha entre um e outro, ou mesmo a tentativa de valorizar um em detrimento do outro, tem tornado a fé de muitos cristãos morta, levado inúmeros casamentos ao fim, comprometido a ética e a moral e contribuído com uma espiritualidade frágil e confusa. 

Quando Pascal afirma que “a felicidade não está nem em nós, nem fora de nós; está em Deus, tanto fora como dentro de nós”, ele não propõe um equilíbrio entre uma coisa e outra, mas uma compreensão completamente diferente. Ao afirmar que a felicidade está em Deus, ele muda não só o foco da discussão -- dentro ou fora --, mas também o eixo da discussão, afasta o “nós” e coloca “Deus”. 

Quando o apóstolo Paulo afirma que Deus fez convergir todas as coisas em Cristo (Ef 1.10), ele reconhece que em Cristo encontramos a síntese, a unidade, de todas as coisas. A felicidade não está nem dentro, nem fora de nós, mas nele. A verdade não é isso ou aquilo, mas ele. Em Cristo, o amor e a obediência são uma coisa só, a fé e as obras nunca estão dissociadas. As convicções e os sentimentos estão alinhados e a mente e as emoções não são realidades distintas e, muitas vezes, paradoxais. 

A fé que temos em Cristo nos revela um novo jeito de ser e de perceber as coisas. Em Cristo, Paulo considerava-se livre, mesmo estando acorrentado numa masmorra qualquer do Império Romano. A liberdade não era definida por viver desta ou daquela forma. Ele era tão livre a ponto de escolher ser escravo por amor à Igreja. A fé em Cristo nos confere uma nova identidade que não depende mais de nós, mas dele. Como disse Paulo, “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Quanto mais estou nele, mais me reconheço pleno e real. 

A vida do Filho estava no Pai. O Pai era a fonte integradora de todas as coisas. A violência do mundo não fazia sentido, mas a confiança e a entrega do Filho ao Pai fizeram com que seu amor pelo ser humano não fosse abalado pela violência que sofreu. Sua segurança ou alegria não eram internas ou externas, mas o próprio Pai. É somente por causa dessa compreensão que Jesus pode dizer, no momento mais crítico de sua existência: “Eu venci o mundo”. Aos olhos de todos, era um derrotado, mas não era assim que ele se via. Quanto mais eu me encontro em Cristo, mais livre e verdadeiro me torno. 

Quanto mais eu vivo nele e por ele, mais seguro me encontro. Minha alegria, confiança, felicidade, dignidade e meu reconhecimento não estão numa coisa ou noutra, nem dentro, nem fora, mas nele, que tudo me proporciona para minha plena realização. 

• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de, entre outros, “A Espiritualidade, O Evangelho e a Igreja”.
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/344/nem-dentro-nem-fora

sábado, 28 de setembro de 2013

PEQUENOS GRUPOS (CÉLULAS) - JUNTOS COMPARTILHANDO A VIDA, A FÉ E O AMOR

Tive o privilégio de ouvir durante a semana estas duas mensagens de Deus. Achei que as duas se completam e tem tudo haver com a proposta de Deus para o pequeno ajuntamento, a igreja de casa em casa - Se puderem assistam do começo ao fim!

Ed René Kivitz - O EVANGELHO TODO PARA O HOMEM TODO


Alcimou Barbosa - ENCONTROS QUE FACILITAM



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A GRAÇA DE DEUS | Ed René Kivitz

Contam que C.S. Lewis chegou ao auditório de um congresso religioso e observou acalorado debate. Perguntou ao sujeito ao lado qual a razão de tanta discussão. Estão discutindo qual é a distinção do Cristianismo em relação às outras religiões, esclareceu o homem. Simples, comentou Lewis, sem hesitar, a graça de Deus. 

De fato, todas as religiões estão baseadas no esforço pessoal e no princípio da justiça retributiva. Somente o Cristianismo apresenta a possibilidade de um relacionamento entre Deus e os homens além das fronteiras do mérito e demérito. Infelizmente as palavras de Lewis, dos pais do protestantismo, e, pior, uma das afirmações mais categóricas e fundamentais do Novo Testamento se perderam na poeira do fenômeno religião de consumo, onde os deuses disputam melhores lugares nas prateleiras do mercado religioso. Poucos cristãos, ou que se dizem cristãos, compreendem o que seja a graça de Deus. Arrisco, portanto, algumas sugestões.

A graça de Deus é o favor imerecido de Deus para com a humanidade. [Mateus 5.45; Efésios 2.8-10; Tiago 1.17,18; 2Pedro 1.3]

A graça de Deus é a disposição de Deus em tratar bem aqueles que o rejeitam e dar coisas boas a quem não lhe quer bem ou mesmo sequer reconhece sua existência. [Mateus 5.41-48]

A graça de Deus é a boa vontade de Deus, a pré-disposição positiva de Deus, o desejo de abençoar, a intenção constante de fazer o bem e agir com bondade em relação ao universo criado e toda a humanidade. [Êxodo 33.19; Salmo 100.5; 2Crônicas 16.9; Jeremias 29:11; 33:3; Hebreus 4:16] 

A graça de Deus é a interpelação, o apelo, o chamamento, o convite, a insistente convocação de Deus para que a humanidade se renda à sua bondade. [Hebreus 1.1,2; 3.7; 3.15; 4.7; Atos 14.16,17; 26.14]

A graça de Deus é o fluxo constante de amor e vida divinos que sustentam o universo e toda a humanidade. [Isaías 18.4; Atos 17.28; Romanos 11.33-36; Hebreus 1.3] 

A graça de Deus é a energia ativa, o poder abençoador, a força, o empurrão que Deus imprime no universo e na humanidade para que o bem e o bom possam existir. [1Coríntios 15.10; Filipenses 2.13,14; Colossenses 1.29]

A graça de Deus é a ação e o trabalho de Deus em favor do universo e de toda a humanidade. [Salmo 37.5; Isaías 64.4; Mateus 6.25-34; Filipenses 4.19; 1Pedro 5.7]

A graça de Deus é a oportunidade, chance, concessão, permissão, autorização que Deus concede à humanidade para que experimente sua bondade e participe de seus atos bondosos. [Isaías 55.6; 2Coríntios 8.1]

A vida não se explica sem a graça de Deus: Deus tudo criou, tudo sustenta e a todos concede vida e fôlego para que existam, inclusive em rebeldia e de maneira contrária ao seu caráter três vezes Santo. O Deus cristão é o Deus de toda a graça [Isaías 6.1-5; Atos 17.24,25; 1Pedro 5.10], e o seu evangelho não é outro senão o evangelho da graça de Deus [Atos 20.24].

A graça de Deus está presente inclusive onde a igreja ainda não está e aonde o evangelho ainda não chegou. [Atos 10.31; 14.16,17]

O mundo, a humanidade e o futuro são viáveis pelo fato de estarem sob a graça de Deus. Vale a pena fazer o bem, vale a pena semear para a justiça e a paz, pois a mão de Deus está promovendo e agindo em cooperação para trazer à existência o que é bom. [Romanos 8.28-30]

Toda e qualquer experiência humana do amor; todos os atos de justiça, compaixão, e solidariedade; todas as expressões da ética e da estética; a arte e a cultura; a ciência, a tecnologia e o trabalho; as filosofias e sabedorias; a ordem, a estrutura inteligente e a coerência lógica da realidade física, orgânica e social; o prazer, a alegria e o contentamento; a superação, a possibilidade de começar de novo, e a inovação; a rebeldia contra a morte e tudo quanto a promove, sustenta ou representa; as possibilidades utópicas em relação ao futuro; a fé, a esperança e a paz, se explicam pela graça de Deus.

A expressão máxima da graça de Deus é a presença de Jesus Cristo no mundo, e tudo quanto, como fruto de sua vida, morte e ressurreição, irrompe como possibilidade para a natureza criada e toda a humanidade. Como bem disse o apóstolo João [1.14], Jesus é a verdade cheia de graça.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

QUE PAÍS É ESSE? O Novo Jeito promove 03 reflexões sobre as manifestações

"Rico no reino de Deus é quem está comprometido com o pobre no reino dos homens". 
Ed René Kivitz


QUE PAÍS É ESSE? QUE PAÍS É ISSO? 
Vídeo com a primeira REFLEXÃO sobre as manifestações que estão ocorrendo no Brasil.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

QUE PAÍS É ESSE? NOVO JEITO promove em Recife Ed René Kivitz


NOVO JEITO promove em Recife (PRESENCIAL) palestra/debate com Ed René Kivitz a respeito das manifestações do povo brasileiro - Que país queremos?!? 

Legião Urbana - QUE PAÍS É ESSE?

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

No Amazonas, no Araguaia iá, iá,
Na baixada fluminense
Mato grosso, Minas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte o meu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papeis e documentos fieis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

Terceiro mundo, se foi
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos indios num leilão
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?

sábado, 10 de agosto de 2013

OS CURA D'ALMAS por Ed René Kivitz


Lou Marinof escreveu dois livros interessantíssimos: Mais Platão, Menos Prozac, e Pergunte a Platão, ambos publicados pela Editora Record. Seu objetivo é questionar a banalização dos processos de saúde da mente: a busca frenética de psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras, bem como a falsa crença de que existe um comprimido adequado para cada angústia da alma. Diz ele que “se você está chateado porque tem uma pedra no seu sapato, você não precisa de aconselhamento – precisa tirar a pedra do sapato. Falar sobre a pedra não fará seu pé parar de doer, por mais enfático que seja aquele que o escuta e qualquer que seja a escola terapêutica a que ele ou ela pertença. As pessoas que têm um problema físico devem buscar a ajuda de um clínico ou um psiquiatra. Algumas pessoas talvez não obtenham ajuda de Platão, assim como outras não obtém ajuda do Prozac. Algumas podem precisar antes de Prozac, depois de Platão, ou de Prozac e Platão juntos”.

Em outras palavras, tem gente que precisa de remédio, tem gente que precisa de conversa e terapia, e tem gente que precisa das duas coisas. Os remédios da vovó são excelentes, mas não curam tudo (na verdade, quase nada, mas pelo menos a gente sofre menos). Da mesma maneira, as conversas com os amigos são imprescindíveis, mas nem sempre suficientes. As enfermidades da mente exigem cuidado profissional, a atuação dos psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras. Mas tem muita gente confundindo angústia, tristeza e melancolia com depressão. Também é verdade que tem muita gente marcando consulta por razões banais, que poderiam ser bem resolvidas pela vovó ou um bom papo com um amigo. Certamente, os consultórios estão cheios de gente fazendo terapia e tomando remédio em detrimento de relações de afeto que seriam tão terapêuticas quanto o divã ou o Prozac.

Dito isto, que ninguém me acuse de ser contra fazer terapia, procurar um analista ou tomar um remédio contra a depressão ou qualquer outra síndrome que extrapola nossa competência leiga. Chego ao ponto: o aspecto espiritual. Eis algumas questões: qual o lugar da leitura disciplinada da Bíblia? em que momento se deve optar pelo quarto onde as portas se fecham para a oração em vez do consultório médico? qual a importância das amizades espirituais? em que medida deve-se buscar o Espírito Santo e seu fruto no espírito humano no lugar de um psicólogo ou um psicoterapeuta? o que querem dizer expressões como domínio próprio, perseverança, paciência na tribulação, fé e confiança na bondade e amor de Deus? quão verdadeiras (e em quais dimensões) são as promessas de Jesus a respeito de alegria completa e paz que excede o entendimento? enfim, será mesmo que devemos lidar com as sombras da alma, as feridas emocionais, os traumas psíquicos, e as enfermidades do espírito, como se não soubessemos o significado de “o Senhor é o meu Pastor e nada me faltará”?

O psiquiatra, o psicoterapeuta, o filósofo, os amigos, e o colo da vovó são todos, cada um a seu tempo e do seu modo, igualmente imprescindíveis à saúde psico-emocional-espiritual. Uma boa conversa com um pastor ou um padre pode fazer toda a diferença. Mas nenhum deles substitui a experiência profunda com o amor de Deus, o Pai, a graça maravilhosa de Deus, o Filho, e a comunhão e consolação de Deus, o Espírito.

© Ed René Kivitz

terça-feira, 25 de junho de 2013

EM NOME DA JUSTIÇA por João Alexandre

Enquanto a violência acabar com o povão da baixada
E quem sabe tudo disser que não sabe de nada
Enquanto os salários morrerem de velho nas filas
E os homens banirem as leis ao invés de cumpri-las
Enquanto a doença tomar o lugar da saúde
E quem prometeu ser do povo mudar de atitude
Enquanto os bilhetes correrem debaixo da mesa
E a honra dos nobres ceder seu lugar à esperteza.
Não tem jeito não.

Só com muito amor a gente muda esse país
Só o amor de Deus pra nossa gente ser feliz
Nós os filhos Seus temos que unir as nossas mãos
Em nome da justiça, por obras de justiça
Quem conhece a Deus não pode ouvir e se calar
Tem que ser profeta e sua bandeira levantar
Transformar o mundo é uma questão de compromisso
É muito mais e tudo isso.

Enquanto o domingo ainda for nosso dia sagrado
E em Nome de Deus se deixar os feridos de lado
Enquanto o pecado ainda for tão somente um pecado
Vivido, sentido, embutido, espremido e pensado
Enquanto se canta e se dança de olhos fechados
Tem gente morrendo de fome por todos os lados
O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive, não
Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive
Não tem jeito não, não tem jeito não. ( Bis )

sábado, 18 de maio de 2013

5 (cinco) ORAÇÕES PERIGOSAS por Bill Hybels

“É preciso coragem para fazê-las, mas a recompensa é grande”




“Senhor, ajuda-me a viver este dia!” Diariamente dirigimos a Deus diversos tipos de oração, desde as mais cautelosas e as que visam aos nossos interesses, até as mais arriscadas e perigosas. Qual foi a última vez que fizemos uma oração “perigosa”, dessas em que colocamos nossa fé à prova e abrimos o coração para Deus de uma forma jamais vivenciada?

Deus gosta de ouvir tais petições, pois promovem nosso crescimento espiritual. A Bíblia contém inúmeros exemplos de orações feitas por fiéis que desejavam amadurecer na vida cristã. Se você, meu amigo, vem mantendo certa distância de Deus em suas orações, experimente um dos seguintes tipos de oração “perigosa” que se seguem. E Deus irá atendê-la com muita sabedoria.

1. Sonda-me!

Karen bateu o fone com força no gancho e, muito irritada, pensou: Como é que Patty pode fazer unia coisa dessas! Ela sabe muito bem que não deve envolver-se com um homem casado!

Como Karen, nós também podemos nos sentir indignados diante de certas atitudes de pessoas que parecem não dar a mínima atenção para as determinações divinas. Ficamos aborrecidos pelo fato de elas não revelarem a menor consideração por suas leis morais. O rei Davi expressa exatamente esse tipo de sentimento no Salmo 139. Inicialmente, ele expressa intenso louvor a Deus, em atitude de adoração e gratidão; mas na seqüência, de repente, começa a demonstrar indignação, dizendo: “Tomara, ó Deus, desses cabo do perverso… Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? E não abomino os que contra ti se levantam? Aborreço-os com ódio consumado; para mim são inimigos de fato:” (Vv. 19a,22.)

Contudo, nem bem ele acabou de pronunciar essas palavras, caiu em si e disse: “Sonda-me, Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (SI 139.23,24)

Parece muito certo abrigarmos uma ira justa contra aqueles que se rebelam contra Deus. Todavia, como é fácil nos esquecermos de perguntar ao Senhor se nós também não estamos agasalhando alguma atitude de rebelião. Esse tipo de oração é perigosa porque, quando pedimos ao Senhor que sonde nosso coração, ele sonda mesmo. O Espírito Santo revela as áreas de nossa vida que “resguardamos” com tanto cuidado, e que necessitam ser modificadas. O crente que tem um compromisso sério com Deus dirige-lhe esse tipo de petição no objetivo de eliminar o pecado de sua vida, visando ao seu crescimento espiritual.

A Bíblia contém inúmeros exemplos de orações feitas por fiéis que desejavam amadurecer na vida cristã.

Qual foi a última vez que fizemos uma oração perigosa?

2. “Derruba as barreiras que há em mim!”

Certa senhora confessou:

“Tenho forte tendência de sempre querer causar boa impressão nos outros. Acho que me preocupo demais com o que eles irão pensar de mim. Sinto medo de sofrer rejeição. Vivo constantemente num círculo vicioso de preocupação e medo!”

Em Eclesiastes 3.3, lemos que há “tempo de derribar e tempo de edificar”. Se quisermos crescer espiritualmente, temos de fazer a petição: “Derruba as barreiras, Senhor!” Por mais que já tenhamos avançado na vida cristã, sempre há alguma área de nossa vida em que se faz necessária uma intervenção divina.

Quando iniciei meu ministério pastoral, era muito inseguro. Parecia que o medo pairava sobre minha vida como uma nuvem escura. Então comecei a orar a Deus nos seguintes termos: “Senhor, liberta-me desse espírito de temor. Isso não glorifica teu nome e prejudica minha atuação como líder e pregador.”

O problema não se resolveu da noite para o dia, mas continuei a orar nesse sentido e, pouco a pouco, fui experimentando mais do poder de Deus e, ao mesmo tempo, o medo foi desaparecendo.

Sempre há em nossa vida algum mal que precisa ser derrubado como, por exemplo, o desânimo, o orgulho, a insensibilidade, etc.. E não podemos derrotá-lo sozinhos. Só Deus tem poder para ajudar-nos a superá-lo. Se alguém deseja ver-se livre de algum problema dessa natureza para seguir a Cristo de todo o coração, tem de fazer uma oração do tipo: “Derruba as barreiras, Senhor!”

3. “Quero crescer!”

Cindy enfrenta problemas em seu casamento. O marido não adota os valores cristãos que ela assumiu e não atende a muitas de suas necessidades emocionais. E ela relata:

“A princípio eu vivia orando a Deus, pedindo que modificasse meu marido, mudasse as circunstâncias e deixasse tudo perfeito, do jeito que eu queria. Mas agora entendo que o Senhor quer que eu passe por esses problemas para crescer, e não que fique livre deles. Quer fortalecer minha fé.”

Os cristãos primitivos fizeram esse tipo de oração. Eles não pediram:

“Senhor, remove a perseguição.”

Eles oraram assim: “Senhor, aumenta nossa coragem; aumenta nossa ousadia.”

Em conseqüência disso, a igreja primitiva cresceu muito, tanto espiritual como numericamente, apesar de enfrentar terrível oposição.

Talvez você se sinta espiritualmente emperrado, triste por não ver avanços em sua vida espiritual nem em seus relacionamentos. Enfrenta problemas no casamento, como Cindy? Seus filhos estão atravessando um período difícil, e você não sabe o que fazer? Peça a Deus que faça crescer seu casamento, a criação dos filhos, seu entendimento espiritual e até sua coragem de inovar na comunhão com ele. Se alguém quer amadurecer espiritualmente, é essencial que faça esta oração: “Quero crescer!”

4. “Dirige-me!”

Assim que me converti, um amigo me incentivou a entregar toda a minha vida a Deus, passando a ele o controle de tudo. Então fiz a seguinte oração:

“Senhor, toma minha vida e faz dela o que o Senhor quiser!”

A primeira providência dele foi tirar-me da firma onde eu trabalhava. Tratava-se de uma empresa altamente lucrativa, pertencente à nossa família, que meu pai pretendia passar aos filhos mais tarde. Em seguida, conduziu-me a uma organização cristã que trabalha com jovens. Depois levou-me a aceitar o cargo de pastor da mocidade numa igreja. Minha impressão era de que ele estava-me guiando na direção errada. Contudo, nesse período de três anos, fui-me convencendo de que Deus sabia exatamente o que estava fazendo – embora, em determinados momentos, eu próprio não o soubesse.

Hoje cada novo passo que ele me leva a dar é mais maravilhoso que o anterior. E cada um me revela para que foi que Deus me criou, e é sempre algo muito gratificante para mim. E continuo fazendo esse tipo de oração: “Dirige-me, Senhor!”, pois Deus já se provou merecedor de toda a minha confiança.

As vezes somos tentados a evitar orações que talvez venham a “desarrumar” nossa vida. Temos medo de nos colocar totalmente sob o controle de Deus. Contudo é daí que vem nossa fé. Precisamos crer que o Senhor deseja conduzir nossa vida para um caminho melhor.

5. “Usa-me!”

Certa vez eu me dirigia a um lugar onde deveria pregar, e fiz essa oração: “Usa-me, Senhor!”

Quando lá cheguei, descobri que me esquecera de pôr uma gravata na mala. Então fui a certa loja do outro lado da ma para comprar uma. Quando voltava, notei um senhor de aparência tristonha, parado ao lado de um engraxate. 0 Espírito de Deus inspirou-me a travar conversa com ele. Quinze minutos depois já ficara sabendo que ele tinha um problema financeiro justo, e que eu poderia resolver. Como eu dissera a Deus: “Usa-me!”; ele me conduzira àquele homem.

Ao fazer essa oração, estamos dizendo ao Senhor:

“Senhor, se quiseres realizar algum feito grandioso por meu intermédio, se quiseres abençoar alguém através de mim, estou à tua disposição.”

Essa oração é muito poderosa. Ela nos conduz a muitas aventuras. Nunca sabemos o que poderá acontecer quando fazemos essa petição.

Quem faz essas cinco orações “perigosas” demonstra que deseja um compromisso sério com Deus. Se nós, em espírito de oração e com coragem, decidirmos abandonar nosso conforto pessoal, nossa vida espiritual nunca mais será a mesma.

“Sonda-me. Quebra barreiras em mim. Quero crescer. Dirige-me. Usa-me.”

Meu irmão, faça essas orações e fique esperando para ver o que Deus fará.

Bill Hybels