"Temos esta Esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus que nos precedeu, entrou em nosso lugar..." (Hebreus 6.19,20a)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ÚLTIMAS PALAVRAS | BM

"Pouca fé é necessária para nos levar ao céu, mas muita fé é necessária para trazer o céu à terra".
Frase creditada a Martinho Lutero

Será possível avaliar a vida de alguém por suas últimas palavras? Por que nos interessamos tanto pelo que as pessoas dizem antes do último suspiro? Meu amigo Antônio Leite imita muito bem um personagem de uma novela dos anos 70 na qual a trama é de um moribundo tentando contar a sua família um segredo, Albertinho é seu neto e sem essa revelação Albertinho não irá participar de sua herança, o segredo é revelado como o último suspiro.

JESUS VEM, PREPARA-TE! A foto acima foi tirada no pé da ponte do Pina, na entrada de Boa viagem. É um verdadeiro Outdoor evangélico e tem muito haver com uma forte teologia dos nossos irmãos assembleianos. Esta frase não está na bíblia mas diz muito. Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu após a Sua ressurreição e antes de sua ascenção que voltaria.

O DIA DO SENHOR é o nome dado na Bíblia quando isto acontecer, neste dia os mortos ressuscitarão e todos verão com seus próprios olhos, a glória e a majestade de Jesus. Neste dia todos os salvos serão transformados, serão como Jesus é, e irão encontrar com Ele nas nuvens. Estes não provarão do juízo de Deus que certamente virá. E os que não reconheceram Jesus como o Cristo de Deus, para onde vão? Bom, segundo a bíblia irão ser julgados e condenados e irão para o lago de fogo e enxofre, PREPARADO (projetado) para o diabo e seus anjos.

Eu pessoalmente creio que isto é uma realidade, nosso Senhor começou seu ministério com o mote do Seu predecessor João Batista, "...O tempo é chegado, o Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas" (Mc 1.15). Ali Jesus deflagra o Reino eterno de nosso Deus, as portas do Reino de Deus estão abertas, a humanidade é convidada as bodas do Cordeiro, mas é só para escapar do Juízo vindouro que nos submetemos ao senhorio de Deus e Seu Cristo? É o medo que nos aproxima do Deus vivo, ou de fato ele nos afasta? O outro João, aquele conhecido como apóstolo do amor, disse: "No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor" (I Jo 4.18).


O Evangelho de Jesus Cristo é muito mais que um passaporte para o céu, com bilhete de ida garantido. Jesus é muito mais que este pensamento; "Não viva sem Cristo, mas principalmente não morra sem Ele". "Jesus é o Verbo de Deus... Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e sem Ele nada do foi feito se fez... A Luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade... E a todos que o receberam, deu-lhes o poder de serem filhos de Deus: aos que creêm no seu nome" (Jo 1.1-18). Não existe vida fora de Jesus! morrer sem Ele é uma triste consequência de quem desperdiçou sua única existência.

Jesus vai voltar em breve, hoje está mais perto do que ontem, Ele realmente falou e profetizou sobre sua segunda vinda, justamente quando estava prestes a realizar o sacrifício que nos redimiu, foram assim por dizer as suas últimas palavras. Ele queria nos avisar dos difíceis dias que viriam e da necessidade de permanecer firme.

Mas após ressurreto Jesus enviou seus discípulos a proclamarem o Reino de Deus, por onde quer que eles fossem, dando a eles poder e capacitando-os a viver como Ele viveu. O mesmo Espírito que esteve sobre Jesus agora estava disponível para que aqueles que oram "Seja feita a Tua vontade na minha vida como é feita em Jesus", para todos que se deixam governar por Ele. "Quem está em Cristo nova criatura é, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo", disse o apóstolo Paulo, um ex-perseguidor de Cristo e de sua Igreja. Em Cristo temos perdão, nova vida, propósito e esperança.

O que você gostaria que fosse dito a respeito de você no dia do seu enterro? Esta foi uma pergunta feita no Seminário Vivendo Com Propósito pelo Pr. Ed René para todos os participantes. Se você pudesse pensar sobre suas últimas palavras, ou o que seria escrito no seu epitáfio, o que você diria? A pergunta choca porque a morte é sempre um agente estranho, mas é algo que vamos ter passar se Cristo não voltar antes, esta é uma pergunta válida porque ela me faz pensar que tipo de vida estou levando e qual legado deixarei. Eu penso que uma reflexão mais importante ainda seria o que Deus pensa sobre mim, o que Deus diz hoje a meu respeito?

Paulo sabendo que seus dias estavam chegando ao fim, disse: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda" (2 Tm 4.6-8). Quando chegar a minha hora gostaria de ter algo parecido para dizer, mas por causa das últimas e mais perfeitas palavras que já houveram: "ESTÁ CONSUMADO" (melhor é o fim das coisas, do que o seu início). Eu sei que se palavras me faltarem minha alma já me contou o que dirá: "Pai em tuas mãos entrego o meu espírito".
BM

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

HÁBITOS QUE TRANSFORMAM por Ricardo Barbosa

"Assim como é necessário revigorarmos o corpo com alimentação freqüente, assim também temos de restaurar a alma por nos alimentarmos do Livro de Deus, por ouvirmos a Palavra pregada e por nutrirmos nossa alma na mesa da adoração e do louvor".
C H Spurgeon

Em 1989, o reverendo John Stott veio ao Brasil para falar num dos congressos da VINDE -- Visão Nacional de Evangelização. Depois de uma de suas palestras, nos reunimos para conversar com ele. Era um grupo pequeno de jovens pastores, sentados em torno de um dos maiores expositores bíblicos da nossa geração, perto de completar 70 anos. A conversa seguiu animada. Ele nos deu liberdade para perguntas pessoais e, entre outras, não faltaram aquelas sobre o porquê de não se casar.


Porém, de todas, guardei apenas a resposta que ele deu quando lhe perguntaram sobre a razão do seu longo ministério tão frutífero. Ele respondeu: “Leio a Bíblia e oro todos os dias, vou à igreja todos os domingos e nunca falto à celebração da Eucaristia”. A resposta foi surpreendente por sua simplicidade.

Sabemos que ler a Bíblia e orar todos os dias, ir aos cultos e participar da Ceia nunca foram, por si só, sinais confiáveis de espiritualidade, muito menos um caminho seguro para a maturidade. Muitas pessoas fazem isso por puro legalismo. Por outro lado, sabemos também que não fazer nada disso é um caminho seguro e certo para o fracasso espiritual.

O doutor James Houston, criticando o abandono da leitura devocional em nossos dias por uma literatura funcional e pragmática, afirma: “Os hábitos de leitura do chiqueiro não podem satisfazer a um filho e aos porcos ao mesmo tempo”. Ao usar a imagem da Parábola do Filho Pródigo, ele nos chama a atenção para o risco de nos acostumarmos com a vida do chiqueiro. Para Houston, as práticas devocionais nos ajudam a perceber que existe algo maior e mais excelente na vida de comunhão com o Pai.

O reverendo A. W. Tozer (1897-1963) escreveu um artigo afirmando que “Deus fala com o homem que mostra interesse”, e que “Deus nada tem a dizer ao indivíduo frívolo”. Mais do que cultivar o hábito de ler a Bíblia, orar e participar do culto, o que na verdade fazemos quando cultivamos estas práticas devocionais é demonstrar o interesse vivo que temos por Deus e por sua Palavra.

Da mesma forma como a vida necessita do básico (ter o suficiente para comer e vestir, onde descansar), a natureza da vida espiritual repousa sobre o que é essencial (Bíblia, oração, comunhão, adoração e missão). São esses hábitos básicos que nos colocam no lugar onde podemos experimentar a graça de Deus e crescer.

Há hoje muita oferta para a vida e para a espiritualidade. A sedução do supérfluo despreza o essencial. Vivemos o grande perigo de negar o básico, achando que podemos experimentar a graça de Deus e provar sua bondade e amor sem nos aquietar e deixar que sua Palavra molde nosso caráter, que a oração fortaleça nosso espírito e que a comunhão nos sustente em nossa identidade como povo de Deus.

As disciplinas espirituais básicas cultivadas pelo reverendo Stott ao longo de sua vida formaram seu caráter como cristão. Nada pode substituir a prática diária da oração nem a leitura devocional das Escrituras. Nada substitui o valor do culto comunitário nem o mistério da Eucaristia. O cultivo destas disciplinas requer de nós não apenas tempo e perseverança, mas também humildade e coragem para sermos transformados pelo poder de Deus.

Deus não nos chamou para a realização pessoal, mas para a comunhão pessoal e íntima com ele e o próximo. Deus não nos chamou para sermos operários agitados do seu reino, mas para amá-lo e amar ao próximo de todo o coração. Os hábitos devocionais libertam-nos da “normalidade” do chiqueiro e nos transportam para uma existência de comunhão com Deus que enobrece a vida. São estes hábitos que preservam nossos olhos voltados para o alto, para que, aqui na terra, nossa existência ganhe a grandeza dos ideais divinos.

As práticas devocionais fazem parte do processo formativo da alma diante de Deus. Precisamos cultivá-las a fim de permanecermos em sintonia com o reino de Deus, que molda o nosso caráter em Cristo. É a palavra de Deus que devolve a vida aos “ossos secos” da agitação moderna.

Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O PAI PRÓDIGO por Hudson Roza

O que é ser pródigo? É ser esbanjador, gastar sem limites o que se tem. Nesse sentido, o pródigo da estória é o Pai, que não limitou a sua capacidade de amar no acolhimento surpreendente ao filho rebelde. A tristeza (de ver o filho partir e a herança pedir), a saudade ( na esperança de esperá-lo diariamente na varanda) e a alegria do Pai ( de ter o filho de volta) são perceptíveis nesse itinerário.

Parábola que busca mostrar a grandeza inesgotável do amor de Deus por cada um de nós que tantas vezes nos afastamos dele, tal e qual os filhos representados na parábola. Seja o filho mais novo que foge, pede a herança (e então a morte do pai), seja o mais velho que sente inveja do irmão e sente-se “esquecido” pelo pai.

É bom sentir-se acolhido, na surpresa do amor. É como aquele filhinho que apronta algo de errado e teme que a mãe (ou pai) descubra. Mas quando percebe que a mãe não o culpa, mas o abraça, brota o arrependimento e um novo desejo de viver sob o impulso vital daquele abraço, daquele amor.

Esta figura acima, o quadro "A volta do Filho Pródigo" de Rembrandt, mostra o pai que acolhe o filho. Teriam muitos detalhes para se comentar, mas um em especial destaco: o detalhe das mãos do pai. Elas tem um aspecto masculino (mão esquerda ) e também feminino (mão direita), para dizer que Deus tem a ternura de uma mãe e não só a severidade de um pai, ou melhor, a severidade paterna é demonstrada através de uma ternura materna em Deus. Deus foge da lógica humana, Ele sempre vai além com aquilo que ele é e tem: AMOR.

Deixemo-nos amar por Deus, deixemo-nos abraçar por Ele, sem pressa, sem raciocinar muito, apenas sentir no coração esse amor. Se quisermos falar alguma coisa pra Ele, que seja através das nossas lágrimas, elas que são a linguagem do coração. Nelas, um coração arrependido e, sobretudo, agradecido por tão grande amor Humano e Divino.

Quando somos amados por Deus aurimos dEle uma capacidade para amá-Lo no afã de também querer amar os que fazem parte da nossa vida e os que ainda precisam fazer, precisam ser acolhidos por nós e também precisamos deixarmo-nos acolher.

Enfim, sabe retornar e voltar aquele que não partiu de vez, aquele que conscientemente lembrou-se do lugar seguro, da "casa do amor". E como rezam os judeus: "a lembrança é o orgão da fé e do amor". Lembrar de Deus e da segurança cordial que Ele proporciona já é uma maneira de retornar e querer ficar.

O amor... a força que dinamiza a vida.



PAI PRÓDIGO

Muito mais pródigo que o filho foi o pai

Porque agiu de forma inesperada.

Agiu de forma errada, nem o próprio filho esperava.


Aquele filho queria ser apenas servo

Porque teve consciência do erro cometido,

Mas logo que à casa retornou

Percebeu que o pai errou porque o acolheu como filho.


-“Esse pai é pródigo, como pode me aceitar?!...

Eu que desejei sua morte pedindo já a herança...

Abraça-me, acolhe-me e não faz nenhuma cobrança”.


Esse pai é pródigo...

Porque não limita o seu amar.

Esse “erro” concertou o erro do filho.

Ele tinha fome e na casa do pai viu uma solução para fome acabar.

Mas quando pelo pai deixou-se abraçar,

Não foi mais a barriga, mas foi o coração a gritar.


Nesse grito um coração arrependido

Surpreendido pelo amor desmedido

do Pai pródigo por amor.

Coração que devolveu o que tinha se perdido

A dignidade de filho, que O encontrou e se reencontrou.


Escrito por Hudson Roza
http://hudsonroza.zip.net/arch2010-03-01_2010-03-31.html

...
No mesmo tom:
http://edrenekivitz.com/blog/2011/01/entre-liberdade-amor/


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A VELHA E A NOVA CRUZ por A W Tozer

Sem fazer-se anunciar e quase despercebida uma nova cruz introduziu-se nos círculos evangélicos dos tempos modernos. Ela se parece com a velha cruz, mas é diferente; as semelhanças são superficiais; as diferenças, fundamentais.

Uma nova filosofia brotou desta nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica — um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Este novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior.

A velha cruz não fazia aliança com o mundo. Para a carne orgulhosa de Adão ela significava o fim da jornada, executando a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana; pelo contrário, é sua amiga íntima e, se compreendemos bem considera-a uma fonte de divertimento e gozo inocente. Ela deixa Adão viver sem qualquer interferência. Sua motivação na vida não se modifica; ele continua vivendo para seu próprio prazer, só que agora se deleita em entoar coros e a assistir filmes religiosos em lugar de cantar canções obscenas e tomar bebidas fortes. A ênfase continua sendo o prazer, embora a diversão se situe agora num plano moral mais elevado, caso não o seja intelectualmente.

A nova cruz encoraja uma abordagem evangelística nova e por completo diferente. O evangelista não exige a renúncia da velha vida antes que a nova possa ser recebida. Ele não prega contrastes mas semelhanças. Busca a chave para o interesse do público, mostrando que o cristianismo não faz exigências desagradáveis; mas, pelo contrário, oferece a mesma coisa que o mundo, somente num plano superior. O que quer que o mundo pecador esteja idolizando no momento e mostrado como sendo exatamente aquilo que o evangelho oferece, sendo que o produto religioso é melhor.

A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. Ela o faz engrenar num modo de vida mais limpo e agradável, resguardando o seu respeito próprio. Para o arrogante ela diz: "Venha e mostre-se arrogante a favor de Cristo"; e declara ao egoísta: "Venha e vanglorie-se no Senhor". Para o que busca emoções, chama: "Venha e goze da emoção da fraternidade cristã". A mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda corrente a fim de torná-la aceitável ao público.

A filosofia por trás disto pode ser sincera, mas sua sinceridade não impede que seja falsa. É falsa por ser cega, interpretando erradamente todo o significado da cruz.

A velha cruz é um símbolo da morte. Ela representa o fim repentino e violento de um ser humano. O homem, na época romana, que tomou a sua cruz e seguiu pela estrada já se despedira de seus amigos. Ele não mais voltaria. Estava indo para o seu fim. A cruz não fazia acordos, não modificava nem poupava nada; ela acabava completamente com o homem, de uma vez por todas. Não tentava manter bons termos com sua vítima. Golpeava-a cruel e duramente e quando terminava seu trabalho o homem já não existia.

A raça de Adão está sob sentença de morte. Não existe comutação de pena nem fuga. Deus não pode aprovar qualquer dos frutos do pecado, por mais inocentes ou belos que pareçam aos olhos humanos. Deus resgata o indivíduo, liquidando-o e depois ressuscitando-o em novidade de vida.

O evangelismo que traça paralelos amigáveis entre os caminhos de Deus e os do homem é falso em relação à Bíblia e cruel para a alma de seus ouvintes. A fé manifestada por Cristo não tem paralelo humano, ela divide o mundo. Ao nos aproximarmos de Cristo não elevamos nossa vida a um plano mais alto; mas a deixamos na cruz. A semente de trigo deve cair no solo e morrer.

Nós, os que pregamos o evangelho, não devemos julgar-nos agentes ou relações públicas enviados para estabelecer boa vontade entre Cristo e o mundo. Não devemos imaginar que fomos comissionados para tornar Cristo aceitável aos homens de negócios, à imprensa, ao mundo dos esportes ou à educação moderna.
Não somos diplomatas mas profetas, e nossa mensagem não é um acordo mas um ultimato.

Deus oferece vida, embora não se trate de um aperfeiçoamento da velha vida. A vida por Ele oferecida é um resultado da morte. Ela permanece sempre do outro lado da cruz. Quem quiser possuí-la deve passar pelo castigo. É preciso que repudie a si mesmo e concorde com a justa sentença de Deus contra ele.

O que isto significa para o indivíduo, o homem condenado que quer encontrar vida em Cristo Jesus? Como esta teologia pode ser traduzida em termos de vida?
É muito simples, ele deve arrepender-se e crer. Deve esquecer-se de seus pecados e depois esquecer-se de si mesmo. Ele não deve encobrir nada, defender nada, nem perdoar nada. Não deve procurar fazer acordos com Deus, mas inclinar a cabeça diante do golpe do desagrado severo de Deus e reconhecer que merece a morte.

Feito isto, ele deve contemplar com sincera confiança o Salvador ressurreto e receber dEle vida, novo nascimento, purificação e poder.
A cruz que terminou a vida terrena de Jesus põe agora um fim no pecador; e o poder que levantou Cristo dentre os mortos agora o levanta para uma nova vida com Cristo.

Para quem quer que deseje fazer objeções a este conceito ou considerá-lo apenas como um aspecto estreito e particular da verdade, quero afirmar que Deus colocou o seu selo de aprovação sobre esta mensagem desde os dias de Paulo até hoje.
Quer declarado ou não nessas exatas palavras, este foi o conteúdo de toda a pregação que trouxe vida e poder ao mundo através dos séculos, os místicos, os reformadores, os revivalistas, colocaram aqui a sua ênfase, e sinais, prodígios e poderosas operações do Espírito Santo deram testemunho da aprovação divina.

Ousaremos nós, os herdeiros de tal legado de poder, manipular a verdade? Ousaremos nós com nossos lápis grossos apagar as linhas do desenho ou alterar o padrão que nos foi mostrado no Monte? Que Deus não permita!
Vamos pregar a velha cruz e conhecermos o velho poder.

A.W. Tozer

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

OS ADULTOS E AS CRIANÇAS NA FÉ por Osmar Ludovico

Vivemos um momento de grande expansão da Igreja 'Evangélica' no Brasil. Um crescimento sem precedentes alcançando todo o Brasil. Caminhamos pelas principais avenidas das grandes cidades e nos deparamos com muitas igrejas, novas e antigas denominações. Nas pequenas cidades também, no campo, na praia, em todo lugar encontramos crentes. Ligamos o rádio e a TV, e são incontáveis os programas que anunciam o Evangelho. Há convertidos desde as camadas mais humildes da população até as mais abastadas. O movimento evangélico é visto como um segmento que movimenta milhões de reais no mercado editorial, fonográfico e de outros bens e serviços religiosos.

Urge, no entanto, um alerta quanto à qualidade, profundidade e alcance social deste movimento. Um deles diz respeito à leitura da Bíblia. Sabemos que crescemos no amor e no conhecimento de Deus através do estudo e aplicação das Sagradas Escrituras. O que vemos é uma oferta extraordinária de cultos, reuniões, seminários, conferências e encontros, em todo lugar, todos os dias da semana. Isto não significa que o povo está sendo instruído adequadamente nas Escrituras. Senão vejamos: a maior parte dos crentes depende de líderes e pastores que lhe expliquem a Palavra. Esta é uma necessidade premente para novos convertidos, mas o que dizer dos crentes com cinco, dez ou mesmo vinte anos de vida cristã?

Existe a idéia de que Deus fala primeiro e através de homens e mulheres que estudaram num Seminário Teológico e receberam alguma ordenação formal. Estes líderes treinados nas línguas originais, na exegese, na hermenêutica e homilética se tornam intérpretes da Palavra de Deus para a maior parte dos crentes. E passam a impressionar muito mais pela sua oratória, retórica e erudição do que pelo conteúdo e pela vida.

De um lado, vemos crentes que se acomodam sem desenvolver uma prática pessoal de estudo bíblico para que Deus fale com eles diretamente. Tornam-se dependentes de líderes para lerem suas Bíblias, só ouvem a voz de Deus de segunda mão, e não mais cultivam uma relação pessoal com Aquele que pode falar diretamente com eles através de sua Palavra. Do outro lado, vemos pastores e líderes que pregam e ensinam seis, sete vezes por semana e se tornam profissionais da Palavra. Depois de dez, vinte anos fazendo isso, já não lêem mais a Bíblia para si mesmos e não precisam sequer orar para preparar um sermão.

Então retornamos àquilo que a Reforma pretendeu reformar, o clericalismo. Apesar de nos acharmos diferentes da Igreja Católica, não somente temos nossos sacerdotes cuja oração e revelação são praticamente inatingíveis para a maior parte dos crentes, como também temos nossa hierarquia com bispos e apóstolos. O mesmo fenômeno ocorre no louvor, onde a figura do dirigente ocupa este lugar de intermediação entre Deus e os homens.

Acontece, então, como nos ensina a Bíblia, que crentes há um certo tempo, que poderiam se nutrir de alimento sólido, permanecem tomando leite. O alimento sólido é para o adulto, que sai de casa, vai para a feira, escolhe os ingredientes, volta, prepara, cozinha e leva a refeição à mesa, considerando uma dieta balanceada de proteínas, carboidratos, sais minerais e vitaminas. O leite, não, é uma mamadeira dada por alguém, fácil de digerir, alimento para crianças. Quando não temos uma vida devocional pessoal, de oração e estudo das Escrituras, transferimos para os líderes a função de nos nutrir.
E assim continuamos tomando mamadeira.

É tempo de a Igreja ensinar que não precisamos de intermediários para ouvir a voz de Deus. Reconhecemos nossos pastores e líderes como aqueles que Deus levanta para orientar e guiar, e cuja função principal é a de amadurecer os crentes, tornando-os adultos na fé. Que não sejamos mais infantis, dependendo da instrução e dos limites de líderes, mas cresçamos como adultos, andando com nossas próprias pernas na fé, na esperança e no amor.

Osmar Ludovico, extraído do livro “MEDITATIO”, de São Paulo, Mundo Cristão – 2007 , Páginas 146-148.

sábado, 29 de janeiro de 2011

A FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS por René Padilla - Parte 2

O mandato de Jesus Cristo é claro: "Fazei discípulos... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mt 28.19,20). Sabemos que o conteúdo do ensino sobre a formação de discípulos não é apenas teórico. Sem negar a importância da da doutrina ou da teologia, a ênfase recai na prática do ensinamento de Jesus Cristo - a prática da verdade. Com o batismo inicia-se um processo de transformação que abarca a totalidade da vida; um processo de aprendizagem do que significa a obediência ao ensinamento de Jesus Cristo, isto é, à vontade de Deus. Sem obediência à vontade de Deus não há discipulado genuíno. sob a perspectiva bíblica, a ortopraxia, a obediência a tudo o que Jesus ordenou as seus discípulos, é no mínimo tão importante quanto a ortodoxia - se não for mais, já que sua meta é que os discípulos vivam em função do amor e assim sejam filhos do Pai que está nos céus, perfeitos, assim como Ele é perfeito (Mt 5.45,48).

Os discípulos de Jesus não se distiguem por serem meros adeptos de uma religião (um culto a Jesus), mas sim por terem um estilo de vida que o reflete o amor e a justiça do reino de Deus. Portanto, a igreja não pode limitar-se a proclamar uma mensagem de 'salvação da alma': sua missão é fazer discípulos que aprendam a obedecer ao Senhor em todas as circunstâncias da vida diária, tanto no privado (em casa) como no público (e na rua), tanto no pessoal como no social, tanto no espiritual quanto no material. O chamado do Evangelho é um chamado a uma transformação integral que reflita o propósito de Deus de redimir a vida humana em todas as suas dimensões. Uma transformação... centrada em Jesus Cristo e orientada para o cumprimento do desejo de Jesus de que seus discípulos sejam "sal da terra" e "luz do mundo".

Assim entendido, o discipulado tem um custo inevitável. E um aspecto deste custo é a renúncia a tudo que interfere na lealdade absoulta a Jesus Cristo como (o) Senhor, Ele mesmo definiu as condições do discipulado...

A formação de discípulos à imagem de Cristo acontece no contexto da comunidade de fé, não fora dela. Jesus diz: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13.35). É claro que para Jesus, a marca do discípulo é o amor. No entanto, ninguém pode aprender a amar estando isolado dos demais. Efetivamente, a experiência do amor de Cristo, que segundo Paulo, Excede todo entendimento" só é possivél com "todos os santos" (Ef 3.18-19). Só é possivél na igreja , ' a família de Deus', onde os discípulos aprendem a amar, mas também a servir, a orar, a resistir o mal, a cultivar o bem. Na igreja, o C0rpo de Cristo, onde os discípulos descobrem e exercem seus dons e crescem para chegar "à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.13).

Para iniciar o caminho do discipulado é preciso arrependimento, ou seja, uma decisão pessoal que envolve a renúncia irrevogável a uma vida dirigida por Deus e a disposição de identificar-se com Jesus em seus sofrimentos. Aqueles que começam a seguir Jesus só podem avançar em sua peregrinação conforme experimentam a graça de Deus na igreja e por meio dela.

C. René Padilla Traduzido por Wagner Guimarães
Revista Ultimato 328

Continuação do Post:
http://ancoradalma.blogspot.com/2011/01/formacao-de-discipulos-por-rene-padilla.html

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Igreja, por que se importar?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A FORMAÇÃO DE DISCÍPULOS por René Padilla - Parte 1

Na essência da missão está a tarefa da evangelização. No entanto, não podemos considerar que todos os cristãos concordam com o significado de tal afirmação. Minha intenção é mostrar que a evangelização genuína está a serviço exclusivo do evangelho por meio do que é, do que faz e do que diz. Consequentemente, não visa apenas ganhar convertidos para aumentar o número de membros da igreja, mas também formar “discípulos que aprendam a obedecer a tudo o que Jesus Cristo ordenou a seus seguidores” (Mt 28.20). Neste artigo, e nos três subsequentes, proponho-me a desenvolver essa afirmação em quatro princípios.

O primeiro é que a compreensão adequada do evangelho é um requisito básico para compreender a evangelização. Evangelizar é comunicar as boas novas, e as boas novas que como cristãos somos chamados a comunicar estão centradas em Jesus Cristo, incluindo sua encarnação, sua vida, sua morte, sua ressurreição, sua exaltação e sua segunda vinda. O evangelho completo inclui todos estes “eventos salvíficos”, como são chamados, e nenhum deles pode ser esquecido sem que nossa compreensão do evangelho seja afetada.

Cresci num lar evangélico e dou graças a Deus por minha herança evangélica. Entretanto, com o passar do tempo, reconheci que minha compreensão do evangelho era inadequada: havia aprendido que a salvação é pela graça, por meio da fé, “é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9), mas não havia aprendido que “somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (v. 10). Em outras palavras, havia recebido um evangelho que enfatizava os benefícios da salvação, mas deixava de lado o propósito que Deus quer realizar por meio de seu povo, no qual eu me incluo. Na prática, havia recebido um evangelho incompleto.

Posteriormente, percebi que minha falta de uma compreensão adequada do evangelho resultava do tipo de evangelização mais ou menos comum nos círculos evangélicos do meu país: uma evangelização que se especializa na “salvação individual”, entendida frequentemente como uma experiência subjetiva de perdão de pecados, mas que tem pouco ou nada a dizer sobre “a vontade de Deus de conduzir a humanidade à comunhão com ele, reconciliar os membros da raça humana entre si e restaurar toda sua criação, conforme seu propósito original”.

Quando entendi minha própria salvação à luz do propósito eterno de Deus, ficou claro que não fui salvo para ser feliz, ou para ter sucesso material, ou para livrar-me do sofrimento, mas com o fim de cooperar com Deus, ainda que modestamente, no cumprimento de seu propósito na história. E percebi a importância de me ver como membro do Corpo de Cristo e, como tal, uma pessoa chamada a participar na missão de transformar o mundo de modo que reflita a glória de Deus, a justiça e a paz do reino que se fez uma realidade presente na pessoa e obra de Cristo Jesus. A evangelização integral só é possível sobre a base do evangelho integral.

Traduzido por Wagner Guimarães

• C. René Padilla é fundador e presidente da Rede Miqueias, e membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Fundação Kairós. É autor de O Que É Missão Integral?.

http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/327/a-formacao-de-discipulos-parte-1

domingo, 16 de janeiro de 2011

VIVENDO SEM MÁSCARAS por Ed René Kivitz

Entre os anos de 1819 e 1880 viveu em San Francisco, um homem que se autodenominava Norton I, Imperador dos Estados Unidos. Vivia e agia como tal e era acatado pela sociedade com todas as honras. Sua companhia era aceitável, sua presença em festas e eventos era disputada e seu apoio sempre desejado para toda e qualquer causa. Imprimia seu próprio dinheiro, que nenhum dono de restaurante ousava rejeitar. Uma legítima nota de cinqüenta centavos de dólar do Norton I hoje é comercializada por mais de 500 dólares. Mais de 10 mil pessoas compareceram ao seu funeral, revelando o quanto valorizavam sua excentricidade.

Desde que a ouvi num documentário do GNT achei a história maravilhosa. Já dediquei horas em devaneios a respeito de Norton I e seu império particular. De vez em quando suscito uma discussão com amigos para saber o que eles aprendem com esta história. O que mais me chamou à atenção foi o fato de que você pode construir uma identidade falsa a seu respeito, e não faltarão pessoas para acreditar, alimentar e até mesmo tirar proveito da sua mentira.

Na verdade, acho que todo mundo cresce construindo uma identidade falsa a respeito de si mesmo. Desde a infância, quando sofremos as projeções dos pais e da família, passando pela adolescência, período quando precisamos encontrar um jeito de sermos aceitos e admirados pela turma, chegando à fase de definição de carreira e casamento, até este mundo fake, cuja moeda mais valorizada é a imagem e onde ninguém vale mais do que seu lay-out. Aos poucos vai deixando de ser importante o que de fato somos, para que entre em cena algo que nos tornamos, ou por escolha própria, ou por pressão de outros. A menina que disputava o amor do pai e o menino que disputava o amor da musa da escola crescem e se tornam a executiva que disputa a admiração do seu homem e o empresário que quer provar pra todo mundo que é melhor do que o irmão dele sim.

A maioria das pessoas funciona como matéria de retro-alimentação dessa loucura coletiva de identidades de mentirinha e infelicidades crônicas. Ninguém se atreve a tirar as máscaras, e muito menos denunciar as máscaras dos outros. Sobrevivemos de tapinhas nas costas e elogios evanescentes. Mal de época. Tempos em que ser celebridade é mais importante do que ser gente. Dias em que para ser celebridade vale tudo, até prostituir a identidade. Mundo de caras e bocas, onde os seduzidos pelos flashes e spots não buscam outra coisa senão a notoriedade, a admiração, o comentário invejoso dos demais boçais. Pessoas esculpidas, gente de plástico, corpos e caras de mentirinha, admirados e exibidos como verdadeiros – bolhas de sabão: perfeitos apenas de relance. Simulacro: sanduíches bonitos apenas na fotografia.

Alguém disse que a máscara, se lhe dermos tempo, torna-se o próprio rosto. Aí acontece o que Orlando Tejo, poeta de cordel, cantou

Eu briguei com um cabra-macho
mas não sei o que se deu
eu entrei pru dentro dele
ele entrou pru dentro deu
e num zuadão daquele
não sei se eu era ele
nem sei se ele era eu.

Isto é, a gente já não sabe quem é quem dentro da gente, desconhece quem mora na nossa cara, quem domina o pedaço que acreditávamos nosso corpo.

Mas tem sempre o dia em que a casa cai. Graças a Deus. O Lulu Santos tem razão, pois tem mesmo

dias que a gente olha pra si
e se pergunta se é mesmo isso ali
que a gente achou que ia ser
quando a gente crescer
e a nossa história de repente ficou
alguma coisa que alguém inventou
e a gente não se reconhece ali
no oposto de um dejavú.

Por estas e outras é que acredito que a maturidade implica necessariamente na descoberta do si mesmo. A questão primária para todo ser humano é responder a pergunta que Adão ouviu de Deus logo após o seu pecado, “Onde estás?”, que não visa a descoberta de uma localização geográfica, mas sim existencial. O significado desta experiência paradigmática para a raça humana é a afirmação de que o ser humano que está alienado de deus está também alienado de si mesmo, e nesse caso, o reencontro com Deus é necessariamente um reencontro com o si mesmo. É mais ou menos com o se Deus estivesse se dirigindo a cada pessoa e perguntando “Onde estás?”, ou em outras palavras, “onde está seu eu verdadeiro, quem é você por trás dessa máscara?”. Nesse sentido, “onde estás?” é uma pergunta muito próxima de “quem é você?” Algo do tipo “Que você não é Norton I, imperador dos Estados Unidos, eu sei. Então, quem é você?”

Meu amigo Alisson, cuja memória honro com saudade, captou isso perfeitamente:

Quando olha bem no íntimo
através do teu sorriso
o que será que Deus vê?
bem além da tua lógica
bem atrás de toda estética
o que será que Deus vê?
um coração aflito, um espírito ferido
e uma alma já cansada de representar
alguém desconfiado, sem um verdadeiro amigo
a quem possa se abrir sem se envergonhar
Quando Deus te investiga
bem no âmago da vida
lá no teu eu verdadeiro
é que ele quer por inteiro
transformar a tua essência
num batismo de alegria
verdadeiramente livre te fazer.

Os verdadeiros amigos não são aqueles que nos dão tapinhas nas costas e vivem alimentando nossos egos falsos. Amigo é aquele que nos ajuda a enxergar a verdade a respeito de nós mesmos. Amigo é quem nos coloca de frente pro espelho. Isso exige honestidade, coragem, aceitação, perdão, encorajamento na direção da transformação, disposição de permanecer ao lado, caminhando junto, depois que cai o pano.

Não sabemos quem se escondia por trás de Norton I. Não sabemos também do que ele se escondia, ou de quem fugia, porque precisou se proteger daquela maneira. Ninguém conseguiu fazer com que ele despisse sua fantasia. Sequer sabemos se houve quem tentasse. Norton I é uma vida desperdiçada no esforço de conseguir as melhores mesas nos restaurantes, viajar sempre de primeira classe, se hospedar nos melhores hotéis, receber convites para eventos badalados, passar dias em ilhas e castelos, assistir os espetáculos nos camarotes vips e acumular mimos de marcas famosas.

O mais triste dessa história é que Norton não é uma personagem, ou um indivíduo desequilibrado. Norton é o nome científico de um tipo de gente. Aquele foi Norton I, depois dele vieram muitos outros. Gente que não entendeu ainda o que ensinou o rei Salomão, esse sim uma celebridade de seu tempo: “maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade”. As ruas estão cheias de Nortons I. A maioria deles não está nem mesmo preocupada em conquistar a cidade. Basta-lhes aparecer numa festa, numa capa de revista, ou numa retina qualquer de outro Norton se consumindo de inveja.


Ed René Kivitz
http://www.edrenekivitz.com/
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Um possível diagnóstico, para quem não tem medo de espelhos:
A LISTA - Oswaldo Montenegro -
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Para quem deseja se livrar das máscaras, em todo um processo há sempre o primeiro passo:
Uma singela oração que nos ajuda a começar viver sem máscaras...
"Tu és o Deus das alvoradas, o Deus das vigílias noturnas, o Deus dos picos das montanhas e o Deus das profundezas dos mares; mas, Deus meu, minha alma tem horizontes mais vastos do que as alvoradas, as trevas mais densas do que as noites da terra, picos mais altos que qualquer montanha, profundezas maiores que qualquer mar. Tu, que és o Deus de tudo isso, sê o meu Deus. Não posso atingir as alturas nem as profundidades; há motivações que não consigo desvendar, sonhos que não posso alcançar — meu Deus, sonda-me".
Oswald Chambers -Salmo 139

Walter McAlister - Máscara